quinta-feira, 27 de abril de 2017

Jesus Cristo o primeiro feminista da terra - O Papel da Mulher junto ao mestre


Mediunidade e Médium

A mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como a de ver, de ouvir, de falar.[...] A mediunidade é conferida sem distinçãom a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. [...] A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas ua aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. O Bom médium, pois, não é aquele que se comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência."
(Allan Kardec: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24, item 12.)


"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é interente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva."
(Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 24, item 159.)
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homeme, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número de mudos do que os dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deuxa de punir o que delas abusa.
Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como aos ricos; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de um modo mais vivo do que se os recebesse indiretamente. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir buscá-la longe, nas mãos lhe coloca a luz. Não será ele bem amis culpado, se não a quiser ver? Poderá desculpar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo haja escrito com as suas mãos, visto com os seus próprios olhos, ouvido com seus próprios ouvidos, e pronunciado com a própria boca a sua condenação? Se não aproveitar, será então punido pela perda ou pela perversão da faculdade que lhe fora outorgada e da qual, nesse caso, se aproveitam os maus Espíritos para o obsidiarem e enganrem, sem prejuízo das aflições reais com que Deus castiga os servidores indignos e os corações que o orgulho e o egoísmo endureceram.
A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos Superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral.
Segundo Emmanuel, a mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda a carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, em curso atualmente na Terra. Sendo Luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios cristãos na sua trajetória pela face do mundo.
Mediunidade é talento do céu, para o serviço de renovação do mundo. Lâmpada que nos cabe acender, aproveitando o óleo da humildade, é indispensável nutrir com ela a sublie luz do amor, a irradiar-se em caridade e compreensão para todos os que nos cercam.
Por outro lado, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é interente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
O médium, assim, é o ser, o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja.
Nota-se, entretanto, que o bom médium, pois, não é aquele que se comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.
A missão mediúnica, se tem seus percalços e suas lutas dolorozas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.
Assim é que os grandes Instrutores da Espiritualidade utilizam-se dos médiuns para a transmissão de mensagens edificantes, enriquecendo o Mundo com novas revelações, conselhos e exortações que favorecem a definitiva integração a programas emancipadores. Tudo isso pode o mediunismo conseguir se o pensamento do Nosso Senhor, repleto de fraternidade e sabedoria, for a bússola de todas as realizações.

Provas da existência de Deus

Conta-se que certa vez um famoso sábio da academia, aborrecido e decepcionado com a vida agitada dos grandes centros urbanos, que muito embora proporcione enorme felicidades em razão dos velozes meios de transportes, dos eficientes equipamentos de comunicação, das modernas conquistas cientificas e de outros aparatos tecnológicos cada vez mais precisos e sofisticados, paradoxalmente está deixando o homem isolado, estressado e diante de Deus, resolveu fazer uma excursão ao campo, em busca da alegada sabedoria cabocla, a qual seria o resultado de uma vida rural mais amena e saudável.




Não demorou muito e logo ele vislumbrou um camponês vestido à caráter, com roupas rústicas, chapéu de abas largas e sugando o indefectível cigarro de palha. Era um dia claro de verão e céu azul, Sol a pino e o caboclo estava lavrando a terra pacientemente, desferindo certeiros golpes com a sua enxada de cabo longo. Certamente ele já percebera a aproximação do estranho, que caminhava desajeitadamente na sua direção, tropeçando nos tocos de árvores e assim denunciando a sua condição de homem da cidade, mas fingia que nada vira.
Quando chegou mais perto, o sábio da academia cumprimentou o roceiro , que, depois de uma demora proposital de alguns segundos, resmungou um monossílabo à guisa de resposta e continuou capinando. O grande sábio perguntou, de chofre: “Será que o senhor poderia me dizer onde está Deus?”
O Caboclo paro de capinar, levantou a aba do chapéu, passeou vagarosamente o olhar em todas as direções, e finalmente respondeu: “Olha eu senhor, onde está Deus eu não sei, não senhor. Mas será que o Senhor poderia me dizer aonde é que Deus não está?!?”
Cada religião explica Deus à sua maneira; cada teoria o descreve a seu modo. E de tudo isso resulta uma confusão, um caos inextricável. Dessa confusão, os ateus têm tirado argumentos para negar a existência de Deus; os positivistas, para o declarar incognoscível. Como escapar a essas contradições? Da mais simples maneira. Basta elevarmo-nos acima das teorias e dos sistemas, bastante alto para as ligar em seu conjunto e pelo que têm de comum. Basta elevarmo-nos até à grande Causa, na qual tudo se resume e tudo se explica.
Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e declarar que o nada pode fazer alguma coisa. A prova da existência de Deus, como dizem os Espíritos Superiores, para ser encontrada em um axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e a vossa razão responderá.
Vemos constantemente uma imensidade de efeitos, cuja causa não está na humanidade, pois que a humanidade é impotante para produzi-los, ou sequer, para os explicar. Tais efeitos absolutamente não se produzem ao acaso, fortuitamente e em desordem. Desde a organização do mais pequenino inseto e da mais insignificante semente, até a lei que rege os mundos que circulam, no Espaço, tudo atesta uma ideia diretora, ma combinação, uma previdência, uma solicitude, que ultrapassam todas as combinações humanas. A causa é, pois, soberanamente inteligente.
Constitui princípio elementar que pelos seus efeitos é que se julga uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta. Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido por mortífero grão de chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que este ultimo não seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma coisa, para sabermos que ela existe. Em tudo observamos os efeitos é que se chega ao conhecimento das causas.
Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma, é o que de todo efeito inteligente tem que se decorrer de uma causa inteligente. Se perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Quando se contempla uma obra prima da arte ou da indústria, diz-se que há de tê-la produzido por um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um homem, por se verificar que não está acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a ideia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, menos ainda que é trabalho de um animal ou produto do acaso.
Não podendo nenhum ser humano criar o que a natureza produz, a causa primeira é, conseguintemente, uma inteligência superior à humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe deem.
Pois bem! Lançando o olhar em torno de si, sobre as obras da natureza, notando a providencia, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à humanidade a menos que se sustente que há efeito sem causa.
A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primaria ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria mais acaso.
Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras.
A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidencia material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, Creem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provem de um ente superior à humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?

Provas da existência e da sobrevivência do Espírito

"A alma do homem sobrevive ao corpo e conserva a sua individualidade após a morte deste."
(Allan Kardec: Obras póstumas. Primeira parte, item 7)




"Provam a existência da alma os atos inteligentes do homem, por isso eles hão de ter uma causa inteligente e não uma causa inerte. Que ela independe da matéria esta demonstrado de modo patente pelos fenômenos espiritas que a mostram agindo por si mesma (...)"
(Allan Kardec: Obras Póstumas. Primeira parte, item 6)
"A sobrevivência da alma à morte do corpo está provada de maneira irrecusável e até certo ponto palpável, pelas comunicações espíritas. Sua individualidade é demonstrada pelo caráter e pelas qualidades peculiares a cada um. Essas qualidades, que distinguem umas das outras as almas, lhes constituem a personalidade (...) Alem dessas provas inteligentes, há também a prova material das manifestações visuais ou aparições, tão frequentes e autênticas, que não é lícito pô-las em dúvida."
(Obras póstumas. Primeira parte, item 7)
À pergunta - existe a alma? - a ciência responde talvez, os fenômenos do magnetismo, do hipnotismo e da anestesia dizem que sim, e nisso confirmam todas as deduções da filosofia e as afirmações da consciência.
Constrangidos, pelas evidências dos fatos, a admitir uma força diretriz no homem, grande número de materialistas se refugiam em uma última negativa, sustentando que essa energia se extingue com o corpo, de que ela não era senão uma emanação. Como todas as forças físicas e químicas, dizem eles, a alma, essa resultante vital, cessa com a causa que a produz; morto o homem, está aniquilada a alma.
Será possível? Não seremos mais que um simples conglomerado vulgar de moléculas sem solidariedade umas com as outras? Deve desaparecer para sempre nossa individualidade cheia de amor e, do que foi um homem, não restará verdadeiramente senão um cadáver destinado a desagregar-se, lentamente, na fria noite do túmulo?
A primeira refutação a esse pensamento de que o Espírito se origina da matéria vem do raciocínio lógico de Descartes: cogito, ergo sum (penso, logo existo), que poderia ser entendido assim: a matéria por si mesma não pensa, logo existe em mim, além da matéria, algo que é o agente do meu pensamento. Poder-se-ia admitir que é o cérebro que segrega esse pensamento, como o fígado segrega a bílis? Seria isso ilógico considerarmos que, sendo o pensamento um efeito inteligente, não reclamaria a existência de uma causa também inteligente.
Allan Kardec assinala que a dúvida, no que concerne à existência dos Espíritos, tem como causa primária a ignorância acerca da verdadeira natureza deles. Geralmente, são figurados como seres à parte da criação e de cuja existência não está demonstrada a necessidade. Seja qual for a ideia que dos Espíritos se faça, a crença neles necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio.
Se a crença nos Espíritos e nas suas manifestações - afirma ainda Kardec - representasse uma concepção singular, fosse produto de um sistema, poderia, com visos de razão, merecer a suspeita de ilusória. Digam-nos, porém, por que com ela deparamos tão vivaz entre os povos, antigos e modernos, e nos livros santos de todas as religiões conhecidas? É, respondem os críticos, porque, desde todos os tempos, o homem teve gosto do maravilhoso. - Mas, que entendeis por maravilhoso? - O que é sobrenatural. - Que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário às leis da Natureza. - Conheceis, porventura, tão bem essas leis, que possais marcar um limite ao poder de Deus? Pois bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que não é, nem pode ser uma destas leis. Acompanhai a Doutrina dos Espíritos e vede se todos os elos, ligados uniformemente à cadeia, não apresentam todos os caracteres de uma lei admirável, que resolve tudo que as filosofias até agora não puderam resolver.
Os fenômenos que evidenciam a existência e a sobrevivência do Espírito vêm sendo pesquisado, sobretudo a partir do século XIX, por pessoas sérias e conceituadas em vários países. A pesquisa existente a respeito desse assunto é muito rica. Citaremos aqui apenas algumas modalidades desse trabalho investigativo.
Fenômenos de exteriorização da alma
Durante o sono quando o corpo descansa e os sentidos estão inativos, podemos verificar que um ser vela e age em nós, vê e ouve através dos obstáculos materiais, paredes ou portas, e a qualquer distância. O ser fluídico se desloca, viaja, paira sobre a Natureza, assiste a uma multidão de cenas, e tudo isso se realiza sem a intervenção dos sentidos materiais, estando fechados os olhos, e os ouvidos nada percebendo.
Kardec denomina este fenômeno, de clarividência sonambúlica. Assim se expressa o Codificador do Espiritismo:
Sendo de natureza diversa das que ocorrem no estado de vigília, as percepções que se verificam no estado sonambúlico não podem ser transmitidas pelos mesmos órgãos. É sabido que neste caso a visão não se efetua por meio dos olhos que, aliás se conservam, em geral, fechados. Ao demais, a visão à distância e através dos corpos opacos exclui a possibilidade do uso dos órgãos ordinários da vista. E a alma que confere ao sonâmbulo as maravilhosas faculdades de que ele goza.
Casas mal-assombradas e transporte de objetos
O Fenômeno das casas mal-assombradas e um dos mais conhecidos e frequentes. Encontramo-lo um pouco por toda a parte. Numerosíssimos são os lugares mal-assombrados, as casas, em cujas paredes e em cujos soalhos e móveis se ouvem ruídos e pancadas. Em certas habitações, os objetos se deslocam sem contato; caem pedras lançadas do exterior por uma força desconhecida; ouvem-se estrépidos de louça a quebrar-se, gritos, rumores diversos, que incomodam e atemorizam as pessoas impressionáveis.
A história do moderno Espiritualismo começou por um caso de natureza mal-assombrada. As manifestações da casa de Hydesville, assim visitada em 1848, e as tribulações da familia Fox, que nela residia e são bem conhecidas.
Fenômeno das mesas girantes
Mesas girantes são o nome dado às comunicações dos Espíritos por meio do movimento circular que eles imprimem a uma mesa. Este efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas sendo a mesa o movem com que, pela sua comodidade, mais se tem procedido a tais experiências, a designação de mesas girantes prevaleceu, para indicar esta espécie de fenômenos.
Manifestação dos Espíritos pela escrita
Variadas são as formas de comunicação dos Espíritos pela escrita, a saber:
a) Psicografia indireta: obtida por meio de pranchas, cestas e mesinhas às quais se adapta um lápis.
b) Psicografia direta ou manual: Obtida pelo próprio médium sob a influência dos Espíritos, podendo aquele ter, ou não consciência do que escreve.
c) Escrita direta ou Pneumatografia: produzida espontaneamente, sem o concurso, nem da mão do médium, nem do lápis. Basta tomar-se de uma folha de papel branco, dobrá-la e depositá-la em qualquer parte, numa gaveta, ou simplesmente sobre um móvel. Feito isso, se a pessoa estiver nas devidas condições, ao cabo de mais ou menos longo tempo, encontrar-se-ão, traçados no papel, letras, sinais diversos, palavras, frases e até dissertações, as mais das vezes com uma substância acinzentada, análoga à plumbagina, doutras vezes com lápis vermelho, tinta comum e, mesmo, tinta de imprimir.
Manifestação dos Espíritos pela audição e pela palavra
Os Espíritos podem-se comunicar pelo aparelho auditivo do médium, o que possibilita a este manter com eles conversação regular. Podem, de igual modo, atuar sobre os seus órgãos da palavra. Nesse caso, o médium transmite as idéias dos Espiritos muitas vezes sem ter consciência do que está falando e, frequentemente, diz coisas completamente estranhas à suas ideias habituais, aos seus conhecimentos e, ate, fora do alcance de sua inteligência.
Aparições e materializações dos Espíritos
Dão-se as aparições dos Espíritos quando o vidente se acha em estado de vigília e no gozo pleno e inteira liberdade das suas faculdades. Apresentam-se, em geral sob uma forma vaporosa e diáfana, às vezes vaga e imprecisa. Doutras vezes, as formas se mostram nitidamente acentuadas, distinguindo-se os menores traços da fisionomia, a ponto de se tornar possível fazer-se da aparição uma descrição completa.
Por vezes, o Espírito se apresenta sob uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que tê, adiante de si um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com rapidez de um relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo sentido tátil. Dado se possa atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la , quando ela própria segura o observador e o abraça, circunstâncias em que nenhuma dúvida é mais lícita. Os fatos de aparições tangíveis (materializações) são os mais raros; porém, os que se têm dado pela influência de alguns médiuns de grande poder e absolutamente autenticados por testemunhos irrecusáveis, provam e explicam o que a história refere acerca de pessoas que, depois de mortas, se mostram com todas as aparências da realidade.
Xenoglossia
Por fenômenos de xenoglossia entendem-se os casos em que o médium não só fala ou escreve em línguas que ignora, mas fala ou escreve nessas línguas, formulando observações originais, ou conversando com os presentes.
Transcomunicação instrumental
Esse fenômeno abrange a manifestação dos Espíritos através dos meios técnicos, tais como, gravador, rádio, secretária eletrônica, computador, fax, televisão, telefone.
Experiência de quase morte
É o estado de morte clínica que uma pessoas experimenta durante alguns instantes, após o que retorna à vida física. Os relatos feitos pelas pessoas que passaram por essa experiência coincidem com os ensinamentos do Espiritismo e das religiões que aceitam a reencarnação.
Visão no leito de morte
No momento da morte, são comuns percepções do mundo espiritual e dos Espíritos, podendo, inclusive, aquele que está em processo de desencarnação visitar parentes e amigos, a fim de despedir-se deles. Investigações criteriosas têm demonstrado que esses fenômenos não são mera alucinação.
As modalidades de fenômenos que referimos, são, como dissemos, apenas ilustrativas do grande acervo de fatos que têm sido observados ao longo do tempo por eminentes pesquisadores de diversas nacionalidades. Essa gama de fenômenos, apenas explicados integralmente pelo Espiritismo, leva-nos a dize com Léon Denis que a sobrevivência está amplamente demonstrada. Nenhuma outra teoria, a não ser a da intervenção dos sobrevivos, seria capaz de explicar o conjunto dos fenômenos em suas variadas formas. Alf. Russel Wallace o disse: "O Espiritismo está tão bem demonstrado como a lei de gravitação". E W. Crookes repetia: "O Espiritismo está cientificamente demonstrado."
Em resumo, podemos dizer que são copiosas as provas da sobrevivência para aqueles que as procuram de ânimo sincero, com inteligência e perseverança. Assim a noção de imortalidade se destaca pouco a pouco das sombras acumuladas pelos sofismas e negações, e a alma humana se afirma em sua imperecedoura realidade.

Rede Globo e o Espiritismo

É preciso reconhecer que o poder de influência da Rede Globo representa uma divulgação inestimável para o Espiritismo.




Não há, no Brasil, maior poder de influência do que a Rede Globo. Isso não é de hoje, faz muito tempo. A Globo, por seu alcance nacional, foi decisiva em muitos acontecimentos importantes na História Contemporânea do Brasil. Foi a emissora que uniu os brasileiros em torno de uma ideia de Brasil.
Faz dois anos que não assisto televisão.
Espiritismo e televisão
Cansei da programação estereotipada e carente de criatividade. As vinte e quatro horas do dia não são suficientes para se fazer tudo o que gostaríamos, então precisamos aproveitar o tempo da maneira mais útil possível. Não perderia horas tão preciosas da minha atual reencarnação dando audiência a Big Brother e às lutinhas de marmanjos.
Esse poder de influência da Globo, no entanto, representa uma divulgação inestimável para o Espiritismo.
O Brasil é o maior país espírita do mundo. Pouco mais de dois milhões de pessoas se declaram espíritas. Mas há pesquisas demonstrando que em torno de trinta milhões de brasileiros são simpatizantes do Espiritismo ou seguem o Espiritismo lado a lado com sua religião de origem. Outras pesquisas já afirmaram que em torno de oitenta por cento dos brasileiros acreditam em reencarnação. Um exagero, pois é verdade que muitos não compreendem como funcionam os mecanismos da reencarnação.
Não sei quantas novelas espíritas ou abordando temas espíritas a Globo já produziu. Mas são muitas. A Globo também tem divulgado a imagem de Chico Xavier, em filmes e reportagens. Lembro de um Linha Direta e de mais de um Globo Repórter.
Há os puristas dentro do Espiritismo, como em qualquer parte. Aprecio os puristas. São os responsáveis por manter as bases, são os conservadores, zelam pelas orientações iniciais. Mas os puristas não são muito bons na divulgação do que defendem. Atacam Zíbia Gasparetto e as novelas da Globo. Mas enquanto a Zíbia e as novelas da Globo difundem as principais ideias defendidas pelo Espiritismo, os puristas… reclamam.
É fato conhecido que Lily Marinho, esposa de Roberto Marinho, era espírita. Não sei se ela tinha alguma influência sobre a programação novelística. Acho que não. Acredito que a Globo invista nos temas espíritas por pragmatismo, mesmo. Espiritismo dá ibope. Os puristas criticam, os demais adeptos acompanham com interesse, os curiosos se espantam e os simpatizantes aprendem.
É claro que quem quiser aprender sobre Espiritismo não vai encontrar grandes recursos de aprendizado nas novelas da Globo. Vai ter que ler muito, estudar Allan Kardec e André Luiz, só pra começar (Os puristas não aceitam nem André Luiz).
Mas muitas informações válidas do Espiritismo chegam assim ao grande público. O interesse pelo Espiritismo é despertado, o respeito pela seriedade é conquistado. A Globo presta um grande serviço ao Espiritismo ao não misturar práticas espíritas com outras manifestações religiosas; me corrijam se eu estiver errado.
Só não enxerga o crescimento do Espiritismo quem não quer. Cresce o número de adeptos, cresce o número de centros espíritas. É lógico que grande parte dos simpatizantes conquistados pelas novelas não conhece o Espiritismo razoavelmente. Nem todos têm o hábito do estudo, e o Espiritismo requer, para o seu bom entendimento, um mínimo de dedicação intelectual.
Mas também é verdade que muitas pessoas vão se preparando, intelectual e moralmente, para ideias mais avançadas, para conhecimentos mais aprofundados do tema. Muitas pessoas se questionam mais, se analisam mais, pensam duas vezes antes de cometer erros que antes nem sequer percebiam. Eu acho que o Espiritismo só tem a ganhar com a sua divulgação. Você concorda?

Morel Felipe Wilkon

MENSAGEIROS DA PAZ: ANDRÉ LUIZ

"Quero trabalhar e conhecer a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procurarei a prodigiosa luz da fraternidade através do serviço às criaturas, olvidando o próprio nome que deixo para trás por amor a Deus e a elas. Revisto-me transitoriamente de outra personagem para melhor ensinar e amparar. Sou André Luiz."




André Luiz é o pseudônimo adotado por um dos autores espirituais que trouxeram boas novas do mundo extra físico através da mediunidade de Chico Xavier.
Sua verdadeira identidade nunca fora revelada, pois quando começou a desenvolver seu trabalho em 1944, ainda vivia no plano físico a maioria de seus familiares:
"[...] por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão."
(Nota de Emmanuel contida no prefácio do livro “Nosso Lar”)
Existem várias especulações sobre a identidade de André Luiz, algumas teorias são reforçadas por integrantes do movimento espírita e por pessoas ligadas ao médium Chico Xavier (uma das poucas pessoas que sabiam a verdade sobre André), entretanto a confirmação pública pelo médium ou pelo próprio espírito jamais existiu.
O Espírito André Luiz
Em meados de 1943, André Luiz apresenta-se a Chico Xavier através da orientação de Emmanuel para dar início a uma sequência de obras espirituais que revolucionariam a visão espírita de vida além túmulo existente até então. Através do Best Seller “Nosso Lar” (O livro mais vendido de Chico Xavier), o autor revela a existência de cidades espirituais paralelas ao plano físico e apresenta detalhes da organização da Colônia Espiritual Nosso Lar, narrando sua própria saga após seu desencarne ocorrido em 1930.
Na obra, André Luiz conta que viveu na cidade do Rio de Janeiro e fora um renomado médico sanitarista, filho de pais generosos que sempre lhe proporcionaram conforto. Casara-se com Zélia (nome fictício de sua esposa contido no livro “Nosso Lar”) e com ela tivera três filhos. André destaca que fora um homem orgulhoso, não exercendo sua missão de médico de forma caridosa. Boêmio, contraiu sífilis em suas noitadas e em conseqüência desenvolveu uma obstrução intestinal que tirou seu espírito da vida terrena.
Cena do Filme "Nosso Lar"
No plano espiritual vagou por cerca de oito anos nas zonas umbralinas e fora acusado de ter cometido suicídio pelos espíritos que o obsediavam nas esferas inferiores, acusação que no momento não era compreendida por ele.
Cansado de sofrer as torturas da própria consciência, lembrou de fazer uma prece pedindo perdão a Deus sobre seus atos, foi então que o orgulhoso médico fora resgatado e conduzido às esferas superiores para tratamento espiritual em um hospital na colônia Nosso Lar.
André Luiz em "Nosso Lar"
A partir daí, o espírito toma consciência de seus excessos enquanto homem encarnado e entende que praticara suicídio inconsciente por não preservar o corpo físico que lhe servira de instrumento para evolução espiritual.
Passa a viver então em Nosso Lar como aprendiz, e movido pela vontade de rever a família que ficara na terra, começa a trabalhar pelo semelhante e a se despojar das paixões inferiores que o acompanhavam em vida, a fim de acumular méritos e obter o direito de visitar a esposa e os filhos em seu antigo lar.
Quando ganha a permissão para rever os seus, sofre um choque ao encontrar sua esposa casada com outro homem e então passa a entender que nunca fizera por merecer o carinho da família. Retornando a Nosso Lar, André Luiz inicia o trabalho de divulgação do plano espiritual através da psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira.
Livro Nosso Lar
Como dissemos anteriormente, “Nosso Lar” fora a obra mais conhecida, produzida através da mediunidade de Chico Xavier. Somando todas as edições do livro, os registros de venda até o ano de 2003 ultrapassaram 1,5 milhões de exemplares.
As novidades do plano espiritual anunciadas por André Luiz em “Nosso Lar” causou um impacto significativo no movimento espírita. Até então não se tinha notícias de como os espíritos se organizavam no plano espiritual. A revelação da existência de cidades espirituais dividiu opiniões, entretanto fora confirmada em outras obras, através de outros espíritos utilizando-se de outros médiuns, o que dá credibilidade a André Luiz, pois a mesma revelação declarada por espíritos distintos e obtida por médiuns diferentes está em consonância com os fundamentos Kardequianos:
“A REVELAÇÃO tem por característica a VERDADE. Se for desmentida por fatos, deixa de ter origem Divina, pois Deus não se engana nem mente.”
(Allan Kardec em “A Gênese”)
Capa do Filme "Nosso Lar"
Nosso lar serviu de inspiração para outros tipos de obras, como novelas (“A Viagem” – TV Globo, 1994) e o filme de Wagner de Assis que leva o mesmo nome do livro, lançado nos cinemas em 2010 e assistido por cerca de 2 milhões de pessoas, além de diversas peças teatrais que percorrem o Brasil.
O livro, entretanto, foi apenas a primeira obra de uma série de dezesseis livros que compõem o conjunto denominado a “Série Nosso Lar”, as quais destacam as experiências deste espírito no plano extra-físico:
Os Mensageiros (1944)
Missionários da Luz (1945)
Obreiros da Vida Eterna (1946)
No Mundo Maior (1947)
Agenda Cristã (1947)
Libertação (1949)
Entre o Céu e a Terra (1954)
Nos Domínios da Mediunidade (1954)
Ação e Reação (1957)
Evolução em dois Mundos (1958)
Mecanismos da Mediunidade (1959)
Conduta Espírita (1960)
Sexo e Destino (1963)
Desobsessão (1964)
E a Vida Continua (1968)
Respostas da Vida (1975)
Além da Série Nosso Lar, André Luiz assina outras nove obras em conjunto com outros espíritos, a maioria delas com Emmanuel.
Teorias sobre a Identidade de André Luiz
Os espíritas mais curiosos, fascinados com os livros de André Luiz passaram a investigar a possível identidade do espírito, autor de “Nosso Lar” e então, surgiram algumas especulações que apresentaremos a seguir:
Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz: Uma das personalidades atribuídas a André Luiz é a do médico sanitarista Oswaldo Cruz. O cientista brasileiro foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente. Entretanto, as informações fornecidas pelo espírito de André Luiz no livro “Nosso Lar”, não batem com a biografia de Oswaldo Cruz, a começar pela data de falecimento de Oswaldo que ocorrera em 1917, sendo que André Luiz teria desencarnado por volta de 1930, além de outras incompatibilidades históricas.
Carlos Chagas
Carlos Chagas: Outra hipótese levantada acerca da identidade de André Luiz é a de que ele teria sido Carlos Chagas, médico atuante na saúde pública do Brasil, iniciou sua carreira no combate à malária e descobriu a doença de chagas, a qual levou seu sobrenome. Foi diversas vezes laureado com prêmios de instituições do mundo inteiro, sendo as principais como membro honorário da Academia Brasileira de Medicina e doutor honoris causa da Universidade de Harvard e Universidade de Paris. Também trabalhou no combate à leptospirose e às doenças venéreas, além de ter sido o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz.
Waldo Vieira
Essa hipótese é reforçada por Waldo Vieira, médium desertor do espiritismo que psicografou em conjunto com Chico Xavier algumas obras de André Luiz. Waldo afirma que não fora revelada a identidade do autor espiritual na época, pois o filho de Chagas, Carlos Chagas Junior, ocupava um cargo no departamento de ciências do Vaticano, fato que causaria grande repercussão.
Comparando a biografia de Chagas com a de André Luiz, constata-se que também há divergências entre eles. Carlos Chagas contribui enormemente com a sociedade brasileira no que diz respeito à saúde pública, André Luiz relata em suas obras que falhou gravemente em sua missão na terra. Chagas teve dois filhos e desencarnou de ataque cardíaco, André deixou três herdeiros e partiu para o plano espiritual em decorrência de uma obstrução intestinal em conseqüência de um possível câncer. Como podemos ver, há uma incompatibilidade entre as personalidades.
Faustino Esposel
Faustino Esposel: Atualmente é uma das teorias mais aceitas no universo espírita. Faustino nasceu no Rio de Janeiro e fora professor substituto da seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico, catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual foi continuamente encarregado de cursos complementares. Era um desportista apaixonado, chegando a ser presidente do time do Flamengo.
Faustino Esposel desencarnou em setembro de 1931, com 43 anos vítima de câncer, mais ou menos na mesma data em que desencarna André Luiz. Tivera também três filhos, um primogênito e duas meninas, como descreve André Luiz em Nosso Lar.
Vale ressaltar que André Luiz fez algumas modificações em sua narrativa para despistar possíveis investigações sobre sua verdadeira identidade.
O fato é que não há nada concreto com relação a quem foi André Luiz em vida terrena, apenas hipóteses. O autor espiritual de “Nosso Lar” permanece no anonimato. O mais importante é sua valiosa contribuição para com o movimento espírita, que indubitavelmente trouxe novas perspectivas para a doutrina.
Ao que tudo indica André Luiz não mais se manifestou após a partida de Chico Xavier e a deserção de Waldo Vieira. Acredita-se que esse bravo espírito permanece em Nosso Lar trabalhando em benefício de seus semelhantes. A ele, fica nossa gratidão por ter apresentado valiosos ensinamentos.
Mensagem de André Luiz
A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo
escuro das ilusões.
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.
Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos
variados e etapas diversas, também recebe afluentes de
conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se
em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente
simples.
Permutar a roupagem física não decide o problema
fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem
que ver com as soluções profundas do destino e do ser.
Oh! caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração!
É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da
Vida Eterna! É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos
detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento
espiritual!...
Seria extremamente infantil a crença de que o simples
"baixar do pano" resolvesse transcendentes questões do Infinito.
Uma existência é um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia.
Um serviço - uma experiência.
Um triunfo - uma aquisição.
Uma morte - um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos,
quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos
ainda?
E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais
e posições definitivas!
Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do
espírito!
É preciso muito esforço do homem para ingressar na
academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase
sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre,
efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis
e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.
Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa.
Nosso esforço pobre quer traduzir apenas uma idéia dessa
verdade fundamental.
Grato, pois, meus amigos!
Manifestamo-nos, junto vós outros, no anonimato que
obedece à caridade fraternal. A existência humana apresenta
grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda
toda a verdade. Aliás, não nos interessaria, agora, senão a
experiência profunda, com os seus valores coletivos. Não
atormentaremos alguém com a idéia da eternidade. Que os vasos
se fortaleçam, em primeiro lugar. Forneceremos, somente,
algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na senda de realização espiritual, e que compreendem conosco que
"o espírito sopra onde quer".
E, agora, amigos, que meus agradecimentos se calem no
papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da
gratidão. Atração e reconhecimento, amor e júbilo moram na
alma. Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso
respeito, no santuário do coração.
Que o Senhor nos abençoe.
(Trecho do Livro "Nosso Lar")

Obras Básicas do Espiritismo

1 – A Codificação Espírita



Verdadeira enciclopédia de ensinamentos transcendentais, a Codificação foi o fruto, sazonado e bendito, de um plano arquitetado na Espiritualidade, havendo um de seus elaboradores concretizado a parte que lhe cabia desempenhar, já encarnado na Terra: Allan Kardec.
A Codificação Espírita compreende as seguintes obras obedecendo à ordem de publicação : O Livro dos Espíritos (abril/1857); O Livro dos Médiuns (janeiro/1861); O Evangelho Segundo o Espiritismo (abril/1864); O Céu e o Inferno (agosto/1865); A Gênese (janeiro/1868). Cada obra contem a matéria exatamente necessária ao seu entendimento à época, mas, como a Doutrina é progressiva, embora os ensinamentos básicos perdurem, estes são complementados por estudos posteriores, sem que nada se modifique nos alicerces doutrinários expostos pelos Espíritos e por Kardec.
2 – As Obras básicas

2.1 - O Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos, a primeira obra da codificação, encerra as bases fundamentais do Espiritismo. De acordo com a folha de rosto, aí estão exarados os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo os ensinos dados por Espíritos Superiores com o concurso de diversos médiuns – recebidos e coordenados por Allan Kardec. A 1ª Edição, com 501 questões, contém o ensino dado pelos Espíritos, liderados pelo Espírito de Verdade. Receberam as mensagens as jovens médiuns Caroline e Julie Baudin, assim como a senhorita Japhet e outros médiuns.
Na segunda edição, que Kardec considerava a definitiva, outros médiuns são ultilizados. A obra bem mais desenvolvida, se compõe nesta edição, de 1018 questões, notas aditivas e comentários. Este livro em sua estrutura geral apresenta:
- Introdução : Composta de 17 itens, contém uma síntese da Doutrina Espírita. É aí que aparecem os termos espírita, espiritista e Espiritismo, criados por Kardec para indicar a crença na existência dos Espíritos e em suas comunicações com o mundo corporal.
- Prolegômenos : Encimados pela cepa desenhada pelos próprios espíritos, dão a conhecer a maneira como foi revelada a Doutrina;a autoria e finalidade do livro; os Espíritos que concorreram para a execução da obra, e trechos das mensagens transmitidas a Kardec sobre a sua missão de escrever “O Livro dos Espíritos”.
- Corpo da Obra : Dividido em quatro partes, de acordo com a tábua das matérias a saber:
Ø Parte Primeira: Causas primárias: Deus. Elementos Gerais do Universo. Criação. Princípio Vital.
Ø Parte Segunda: Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos: Os Espíritos. A encarnação dos Espíritos. A volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual. A pluralidade das existências. A vida Espírita. A volta do Espírito à vida corporal. A emancipação da alma. A intervenção dos Espíritos no mundo corporal. As ocupações e missões dos Espíritos.
Ø Parte Terceira: Leis Morais. Lei divina ou Natural. Leis de Adoração; trabalho; reprodução; conservação; destruição; sociedade; progresso; igualdade; liberdade; justiça, amor e caridade. A perfeição moral.
Ø Parte Quarta : Esperanças e consolações: Penas e gozos terrenos. Penas e gozos futuros.
- Conclusão : Composta de nove itens, na qual o Codificador mostra as consequências futuras dos atos da nossa vida presente e, retomando os conceitos básicos da Doutrina Espírita, dá harmonioso arremate à obra.
Quanto à autoria de O Livro dos Espíritos, Kardec a atribui aos Espíritos.
Eis o que nos afirma nos Prolegômenos: “Este livro contém os seus ensinamentos, foi escrito por ordem e sob o ditado dos Espíritos Superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos sistemáticos; não contém nada que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido submetido ao seu controle. Somente a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação, são obra daquele que recebeu a missão de publicá-lo.
Por outro lado, afirma Hermínio Miranda, não é intenção dos mensageiros espirituais – ao que parece – ditar um trabalho pronto e acabado, como um flash divino, de cima para baixo. Deixam a Kardec (naturalmente inspirado por eles) a iniciativa de elaborar perguntas e conceber não a essência do trabalho, mas o plano geral da sua apresentação aos homens. A obra é um diálogo no qual o homem encarnado busca aprender com irmãos mais experimentados novas dimensões da verdade. É preciso pois, que as questões e as duvidas sejam levantadas do ponto de vista humano, para que o mundo espiritual as esclareça na linguagem simples da palestra.
Em suma, O Livro dos Espíritos é um repositório de princípios fundamentais de onde emergem inúmeras tomadas para outras tantas especulações, conquistas e realizações. Nele estão os germes de todas as grandes ideias que a humanidade sonhou pelos tempos afora, mas os Espíritos não realizam por nós o nosso trabalho.
Em nenhum outro cometimento humano vê-se tão claramente os sinais de uma inteligente, consciente e preestabelecida coordenação de esforços entre as duas faces da vida - a encarnada e a desencarnada.

2.2 – O Livro dos Médiuns

Segunda obra da Codificação, O Livro dos Médiuns, ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, veio a lume em janeiro de 1861 para fazer sequencia a O Livro dos Espiritos. Tendo englobado a Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas, obra publicada em 1858, O Livro dos Médiuns, muito mais completo, contém, de acordo com a sua folha de rosto, o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo. As matérias aí estão organizadas em duas partes, constituindo-se a primeira das noções preliminares, em quatro capítulos, enquanto que a segunda enfeixa, em trinta e dois capítulos as manifestações espíritas.
Terminado o trabalho de construção da coluna central da Codificação Espírita – O Livro dos Espíritos – era chegado o momento de estudar e expor aos homens os aspectos experimentais implícitos na Doutrina dos Espíritos, sobretudo no que diz respeito à prática da mediunidade, o mais importante desses aspectos, por ser o instrumento de comunicação entre os dois mundos. A propósito de que nos diz Pedro Barbosa: A mediunidade é a fonte primordial dos ensinamentos da Doutrina, e suas tarefas constituem, hoje, sem dúvida, importante contribuição dos espíritas, que a elas se dedicam, à consolidação da fé raciocinada e ao retorno, à normalidade, das condições psíquicas alteradas daqueles que, enlameados nas tramas da obsessão disfarçada e tenaz, procuram, agoniados, os centros espíritas, ou a eles são encaminhados. A comunicação entre os dois mundos, o corporal e o incorpóreo, é uma premissa básica do Espiritismo, que seria apenas um espiritualismo irreal e duvidoso, se negasse ou a repudiasse. Essa comunicação, disciplinada e orientada para suas verdadeiras finalidades, pode ser conseguida e mantida, desde que apliquemos à técnica de sua realização aos ensinamentos de Allan Kardec, contidos em O Livro dos Médiuns.
Esses ensinamentos de Kardec são verdadeiramente preciosos, porque vão muito alem do ensino da técnica de comunicação com os Espíritos. É que ao tratar o assunto prática mediúnica, ele chama a atenção do que com esta se ocupam, mostrando-lhes que: “A experiência nos confirma todos os dias que as dificuldades e as decepções que encontramos na prática do Espiritismo têm sua origem na ignorância dos princípios dessa ciência, e estamos felizes por constatar que o trabalho que temos feito para precaver os seus seguidores sobre as dificuldades desse aprendizado produziu seus frutos, e muitos devem à leitura desta obra tê-las evitado. Um desejo bastante natural dos espíritas é entrar em comunicação com os Espíritos; é para lhes aplainar o caminho que se destina esta obra, ao fazer com que aproveitem o fruto de nossos longos e trabalhosos estudos, porque faríamos uma idéia muito errônea se pensássemos que, para ser um especialista nessa matéria, bastaria saber colocar os dedos sobre uma mesa para fazê-la girar ou ter um lápis para escrever.
Estaríamos igualmente enganados se acreditássemos encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Ainda que em cada um haja o germe das qualidades necessárias para tornar-se médium, essas qualidades existem em estágios muito diferentes, e seu desenvolvimento possui causas que não dependem de ninguém fazê-las desabrochar.”
Muitos estudiosos do Espiritismo – encarnados ou desencarnados – têm se manifestado quanto à importância e atualidade desta obra. Eis as impressões de um deles: “Mais de cem anos depois de ser publicado, O Livro dos Médiuns é ainda o roteiro seguro para médiuns e dirigentes de sessões práticas, e os doutrinadores encontram em suas páginas abundantes ensinamentos, preciosos e seguros, que a todos habilitam à nobre tarefa de comunicação com os Espíritos, sem o perigo da improvisação, das crendices e do empirismo rotineiro, fruto do comodismo e da fuga ao estudo.”

2.3 – O Evangelho Segundo o Espiritismo

Este livro – com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida - Foi publicado em abril de 1864, com o título “Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo.”
A partir da segunda edição, em 1865, surge com novo nome – O Evangelho segundo o Espiritismo. Contém ele um índice de referencias bíblicas; o prefácio, que se constitui de uma mensagem assinada pelo Espírito da Verdade e que, de acordo com a nota de rodapé colocada pela editora FEB, resume a um tempo o caráter do Espiritismo e a finalidade desta obra. A introdução contém quatro itens, e o corpo da obra vinte e oito capítulos.
Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstancias da vida privada e da vida pública, o principio básico de todas, as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra.
Em continuidade à tarefa, as máximas são agrupadas e classificadas metodicamente, de acordo com a sua natureza – e não mais em ordem cronológica – de modo que decorram umas das outras. Com essa material didaticamente organizado, e utilizando-se da chave que o Espiritismo oferece - a realidade do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal – Kardec parte para a explicação das passagens obscuras e o desdobramento de todas as consequências, tendo em vista a aplicação dos ensinos a todas as condições de vida.
E essa chave, facultando compreensão do verdadeiro sentido dos pontos initeligiveis dos evangelhos, da bíblia e dos autores sacros, permite se rasguem novos horizontes para o futuro, ao mesmo tempo que faculta a projeção de luz não menos viva sobre os mistérios do passado.

2.4 – O Céu e o Inferno

Pode-se ler na folha de rosto desse livro o seguinte: Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte.
Foi publicado 1º de agosto de 1865, com o titulo O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. É constituído de duas partes, tendo a primeira – intitulada Doutrina – onze capítulos e a segunda – denominada Exemplos – oito capítulos.
Em artigo publicado na Revista Espirita de Setembro de 1865, Kardec, ao fazer a apresentação de O Céu e o Inferno, informa, principalmente o objetivo do livro, as matérias e a forma como aí foram organizadas. São suas palavras: O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Aí reunimos todos os elementos próprios para esclarecer o homem sobre o seu destino.
A primeira parte desta obra, intitulada “Doutrina”, contém o exame comparado das diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e as recompensas futuras; o dogma das penas eternas aí é encarado de maneira especial e refutado por argumentos tirados das próprias leis da natureza, e que demonstram não só o seu lado ilógico, já assinalado centenas de vezes mas a sua impossibilidade material. Com as penas eternas caem, naturalmente as consequências que se acreditava delas poder tirar.
A segunda parte encerra numerosos exemplos em apoio da teoria, ou melhor, que serviram para estabelecer a teoria. Haurem sua autoridade na diversidade dos tempos e dos lugares onde foram obtidos, porque emanam de uma única fonte, poder-se-ia considerá-los como produto de uma mesma influência; haurem-na, além disso, em sua concordância com o que se obtém todos os dias por toda a parte onde se ocupam das manifestações espíritas a um ponto de vista sério e filosófico. Esses exemplos teriam podido ser multiplicados ao infinito, porque não há centro espírita que não possa deles fornecer um notável contingente. Para evitar repetições fastidiosas, tivemos que fazer uma escolha entre as mais instrutivas. Cada um desses exemplos é um estudo onde todas as palavras têm a sua importância para quem meditá-las com atenção, porque de cada ponto jorra uma luz sobre a situação da alma depois de sua morte, e a passagem, até então tão obscura e tão temida, da vida corpórea à vida espiritual. É o guia do viajor antes de entrar num país novo. A vida de além-túmulo ali se desenrola sob todos os seus aspectos como um vasto panorama; cada um nele haurirá novos motivos de esperança e de consolação, e novos sustentáculos para afirmar a sua fé no futuro e na justiça de Deus.

2.5 – A Gênese

Publicado em janeiro de 1868, com o nome de “A Gênese – os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, este livro fecha o ciclo das obras da Codificação Espírita. Em sua folha de rosto está escrito: “A Doutrina há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir A Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.” O Objeto desta obra é, conforme o titulo indica, o estudo de três pontos, a saber: a gênese propriamente dita, do I ao XII capítulo; os milagres, do XIII ao XV capítulo, e as predições, do XVI ao XVIII capítulo.
Em mensagem datada de dezembro de 1867, o Espírito São Luis, referindo-se ao livro que estava prestes a surgir, assim se expressa:
“Esta obra vem a propósito, no sentido de que a Doutrina está hoje bem firmada do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que tome doravante, tem raízes muito profundas no coração dos adeptos, para que ninguém possa temer se desvie ela de sua rota. O Espiritismo atualmente entra numa nova fase. Ao atributo de consolador alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e filosofia, como em moralidade.
A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas eternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes.
A questão de origem que se liga à Gênese é para todos apaixonante. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em consequência, interessar a todos os espíritos sérios. Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde.”
É que, com o seu livro A Gênese, o Codificador abria uma brecha seriíssima em vastos domínios da Ciência sem deixar por isso de penetrar nos ínvios terrenos antes reservados à Teologia ou à Filosofia.
No que se refere à importância e oportunidade da obra, duas mensagens – endereçadas a Kardec pelos Espíritos que o secundaram na sua elaboração – merecem destaque. A primeira datada de setembro de 1867, diz o seguinte:
“Pessoalmente, estou satisfeito com o trabalho, mas a minha opinião pouco vale, a par da satisfação daqueles a quem ela transformará. O que, sobretudo, me alegra são as consequências que produzirá sobre as massas, tanto no espaço quanto na Terra.”
A segunda, com data de julho de 1868 afirma:
“Está apenas em começo a impulsão que A Gênese produziu e muitos elementos, abalados por ela, se colocarão, dentro em pouco, sob a tua bandeira. Outras obras sérias também aparecerão, para acabar de esclarecer o juízo humano sobre a nova doutrina.”
Conforme foi previsto nessas mensagens, muitos ficaram realmente abalados pelos novos estudos e, como consequência, surgiram importantes pesquisas, livros, tratados, marcas da fase nova na qual entrara o Espiritismo, de acordo com a afirmativa do Espírito São Luís:
“O Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde (...) cada coisa deve vir ao seu tempo.”
3 – Concordância de princípios nas Obras da Codificação – Unidade Doutrinária.
Existe uma concordância de princípios nas obras da Codificação Espírita, de forma que, em O Livro dos Espíritos há um núcleo central e conceitos espíritas que compreende as partes primeira e segunda, e que tratam, respectivamente, Das causas primárias e do Mundo Espírita. A parte segunda, constitui a fonte de O Livro dos Médiuns. A parte terceira, origina o Evangelho Segundo o Espiritismo. A parte quarta fornece subsídios para o Livro O Céu e o Inferno. A Gênese por sua vez, tem como fonte as partes primeira, segunda e terceira. A Introdução e os Prolegômenos de O Livro dos Espíritos originou a obra O que é o Espiritismo. Esta obra, na verdade, não faz parte do chamado Pentateuco Kardequiano. Foi citada para indicar a sua origem.

sábado, 22 de abril de 2017

Quando você julga o outro você mede a si mesmo.

É incrível a facilidade com que julgamos os outros. Como disse Jesus, vemos o cisco no olho do próximo, mas não enxergamos a trave em nosso olho… “Não julgueis, para não serdes julgados”. Você já ouviu isso em algum lugar? É uma advertência clara de que toda má ação que você comete gera prejuízo para você mesmo, porque quando você julga o outro você mede a si mesmo.



Você não é capaz de perceber um defeito que não conhece. Se lhe mostrarem o motor quebrado de uma nave espacial e lhe perguntarem onde está o defeito, você não vai saber dizer. Ou vai? Suponho que não. Enfim, você só nota aquilo que conhece. Os defeitos, os erros, as falhas que você vê nos outros são falhas que você tem, em maior ou menor grau. Como é que você nota quando alguém está sendo malicioso? Porque você conhece malícia. Se não conhecesse, não perceberia.
Quando você julga o outro você mede a si mesmo

Como é que você cuida os erros alheios e não cuida os seus próprios? Como é que você é tão severo com as falhas do outro e sempre arruma uma desculpa pras suas? Como é que você fica tão indignado ao perceber os defeitos do próximo e se sente tão injustiçado quando apontam os seus defeitos? Dois pesos e duas medidas.
Apontamos os defeitos dos outros numa tentativa ridícula de nos destacarmos, pois nos elevamos a nossos próprios olhos e diminuímos o próximo com nossas conclusões tortas e nossos julgamentos fraudulentos. Não se esqueça de que aqueles defeitos e erros que você, espírito imortal, não apresenta neste atual passeio terrestre, provavelmente já teve e cometeu em outras experiências. Sem falar que ninguém está livre de errar ainda pro futuro…
Não vamos virar santos da noite para o dia. Não há fórmula mágica para a reforma íntima. Mas será que não podemos nos tornar desde já um pouquinho mais tolerantes? Não é por bondade que falo. Ao ser severo com alguém, você está sendo severo com você mesmo. Você entende isso?
Quem você acha que nos julga? Deus? Deus nos deu a consciência. A consciência se encarrega de observar, analisar e julgar. Sim, somos nós que nos julgamos. Quando você sente remorso por um erro cometido, quem é que está julgando você? Não é você mesmo? Não é a sua própria consciência que fica martelando na sua cabeça, lembrando a todo instante que você errou e precisa corrigir-se?
Pois é assim que funciona. Nós somos nossos juízes. E nos julgamos com a medida que usamos para julgar os outros. Por isso, quanto mais severo você for com as falhas do próximo, mais severo você será com as suas próprias falhas. A vida em sociedade é um espelho em que você se vê refletido naqueles que o cercam. Por isso eu disse que não estava falando por bondade. Você é bom? Ótimo, pare de julgar por sua bondade. Você não é bom? Então não seja burro, não prejudique a si mesmo sendo tão severo condenador!
Morel Felipe Wilkon

MENSAGEIROS DA PAZ: EURÍPEDES BARSANULFO

“O Apóstolo da Caridade”, assim é conhecido o abnegado benfeitor Eurípedes Barsanulfo.




Chico Xavier, em depoimento ao livro “Eurípedes: O Homem e a Missão” da autora Corina Novelino, revela uma conversa que tivera com Emmanuel sobre Eurípedes, onde o guia espiritual de Chico afirmou:
“Nos tempos evangélicos, Eurípedes fora educado por Inácio, pupilo de João, o Evangelista, que se tornara grande pregador da boa nova. Ainda adolescente Eurípedes substituíra seu educador na pregação na Palestina, onde também manteve contatos com João e fora martirizado”.
Nascimento e Juventude:
Eurípedes Barsanulfo nasceu em 1 de maio de 1880 na cidade mineira de Sacramento. Filho de Hermógenes Ernesto de Araújo, “seu Mogico” e Jerônima Pereira de Almeida, “dona Meca”, teve uma infância marcada por severas dificuldades financeiras. Eurípedes era o terceiro filho de 15 irmãos e para conseguir vencer as provações materiais, começou a trabalhar muito cedo.
Sentia vontade de prosseguir seus estudos em outra cidade, pois Sacramento não oferecia condições para tal, porém ao ver a tristeza de sua mãe com sua possível partida, decidiu ficar. Ingressou no Colégio Miranda sob a orientação dos professores João Darwil de Miranda e Inácio Gomes de Mello. O jovem era autodidata e logo foi promovido a instrutor de turmas e posteriormente professor. Adquiriu conhecimento nas áreas de medicina e direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais e Literatura, mesmo sem ter cursado o ensino superior.
Em 1901 seu Mogico fora procurado pelo prof. Darwil, o qual declarou que nada mais tinha a ensinar a Eurípedes.
Vida e Obra
Ainda jovem ajudou a fundar o Grêmio Dramático Sacramentano, tornando-se ator das peças teatrais que ali eram apresentadas.
Antes de completar 18 anos, conheceu Ormênio Gomes, que lhe apresentou preciosa biblioteca de livros homeopáticos, a qual teve acesso e absorveu vasta informação, o que o fez fundar em sua residência uma pequena farmácia homeopática, servindo-se de medicações para tratar os necessitados.
“Aos 21 anos, lançou o jornal a ‘Gazeta de Sacramento”, e como jornalista tinha a esperança de ajudar no desenvolvimento cultural de seus conterrâneos e abrir um espaço aos interessados nas letras e informações. Ao completar 22 anos, fundou em 31 de janeiro de 1902, junto com seus antigos professores, o “Liceu Sacramentano”, onde se tornou professor de diversas matérias, entre elas Francês e Geografia.
No ano de 1903, em virtude de sua popularidade, assumiu uma cadeira na Câmara de Vereadores de Sacramento, cargo que ocupou até 1910. Eurípedes, nesse período, acumulava as atividades de vereador, professor e jornalista, trazendo vários benefícios para a cidade, como energia elétrica, sistema de água encanada e bondes para o transporte público.
O Encontro com a Doutrina Espírita:
Eurípedes Barsanulfo sempre foi muito espiritualizado, católico convicto, chegou a ocupar o cargo de secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo. Quando lhe perguntavam sobre seu casamento, respondia sorridente:
“Já sou casado com a pobreza”.
Parte de sua família era adepta ao espiritismo e realizava sessões mediúnicas em Santa Maria, cidade localizada a 14 km de Sacramento. As reuniões aconteciam na casa do senhor Mariano Ferreira da Cunha (tio de Eurípedes). Este recinto, no ano de 1900, tornou-se um centro espírita.
Apesar de saber das reuniões mediúnicas realizadas por seus parentes, Eurípedes não se interessava muito pelo assunto, até que em 1903, recebe de seu Mariano, o livro “Depois da Morte”, de Léon Denis, onde se deparou com conceitos filosóficos sobre a vida e a morte, a pluralidade das existências e a comunicabilidade dos espíritos, despertando em sua alma, o interesse pelo assunto.
Mesmo ainda duvidando sobre os conceitos que acabara de conhecer, decidiu assistir a uma sessão mediúnica, aceitando um convite de seu tio. Eurípedes ficou impressionado, ao ver parentes analfabetos, incorporados, falando línguas diferentes e proferindo conceitos filosóficos com grande amplitude de conhecimentos.
Em uma dessas reuniões, Eurípedes Barsanulfo teve a oportunidade de conversar com os espíritos que ali trabalhavam, e através de uma manifestação psicofônica, teve contato com um espírito, o qual afirmou que o acompanhava desde os primeiros passos e que ambos estavam ligados espiritualmente através dos laços de uma amizade construída á várias reencarnações. Eurípedes então perguntou o nome desse espírito, o mesmo lhe respondeu que tinha sido S. Vicente de Paulo e ainda concluiu dizendo que o professor deveria cumprir uma missão:
“Meu filho, a caridade é a nossa bandeira. O teu trabalho principal será o de curar, e Bezerra de Menezes irá ajudar-te nessa área. Tudo está planejado, e na verdade, quem nos dirige é Jesus”.
A partir desta data, Eurípedes Barsanulfo deixou o catolicismo para viver os ensinamentos da Doutrina Espírita, pouco tempo depois, também se tornaram espíritas seus pais.
A mediunidade desenvolveu-se em Eurípedes através das faculdades de clarividência, psicofonia, psicografia, cura e efeitos físicos. O benfeitor passou a ser tutelado por espíritos da mais alta ascendência, como Santo Agostinho e São Vicente de Paulo.
Em 1905, o médium cria na residência de seus pais, o “Grupo Espírita Esperança e Caridade”, e através do contato com Dr. Bezerra de Menezes, ampliou sua farmácia homeopática, criando um laboratório em anexo. Barsanulfo passou a realizar curas difíceis de serem explicadas pela medicina convencional.
Nesta mesma época, Eurípedes começa a pregar o espiritismo publicamente e por esse motivo, fora perseguido pela igreja que se sentiu ameaçada ao ver seus fiéis diminuírem. O povo preferia ouvi-lo a frequentar os templos católicos. Neste período, o dedicado benfeitor sofre várias tentativas de assassinato.
Forçado a sair do Liceu Sacramentano, por causa da campanha contrária que a igreja organizara, seus amigos o abandonam, os móveis do colégio são retirados e o prédio requerido pelo proprietário.
Em 1907, Eurípedes funda o Colégio Allan Kardec (o primeiro colégio espírita do mundo), que com o passar do tempo, se torna grande referência na educação de crianças e jovens carentes, utilizando os métodos de pedagogia disseminados por Pestalozzi, o educador de Kardec.
As curas realizadas por Eurípedes e seus guias espirituais rapidamente ganham fama, logo o médium mineiro se tornou conhecido em todo o Brasil. Eurípedes passa a receber cartas e visitas de pessoas enfermas que o procuravam em busca da cura.
Nessa época, o médium enfrenta uma de suas maiores provações: seus perseguidores católicos dão início a um processo jurídico, acusando-o de exercício ilegal da medicina. Este fato causa grande tristeza entre os espíritas, mas após um ano, o processo é arquivado por não haver um magistrado disposto a julgá-lo.
O Retorno a Pátria Espiritual:
No ano de 1918, no ápice de grave epidemia da gripe espanhola e depois de se dedicar incessantemente ao cuidado dos pobres contaminados pela moléstia, Eurípedes Barsanulfo contrai a avassaladora gripe, que acaba por ceifar sua vida terrena, exatamente em 1 de novembro de 1918, como ele mesmo havia previsto.
Como espírito desencarnado, Eurípedes continua a trabalhar pelos necessitados, auxiliando e propagando o amor de Jesus. Sua primeira comunicação após a grande passagem ocorreu em 1950 através da psicografia de Chico Xavier, desde então, Eurípedes tem se manifestado com o auxílio de diversos médiuns brasileiros, remetendo aos encarnados, seus valorosos ensinamentos:
“Caros irmãos !
Que a augusta paz de Jesus, envolva seus pensamentos em constantes alegria de servir.
O tempo urge para todos nós ! O amor do Mestre bafeja nossas faces, num convite expressivos ao trabalho.
Regozijem-se com os momentos de luta que os retira da ociosidade, convidando-os a pensar, para buscar novas soluções para que engrandeçam o bem estar íntimo e dos irmãos com os quais convivem. Sejam otimistas e esperançosos !
As alegrias são conquistadas a cada hora de trabalho realizado, onde o bem promove mudanças constantes.
Sejamos vivos alegres para prosseguir.
Os momentos difíceis são declarados como bençãos que assentam e reajustam nosso pensamento, na grande escala de trabalho que o Pai nos concede. O momento é de dor para aqueles que não conhecem o amor imensurável de Jesus, o Mestre, que continua a nos amparar e a nos assistir.
É tempo de acordar, despertar, para as grandes realizações íntimas. Quisera que todos soubessem divisar esses momentos que são registrados nessa sublime hora da separação do joio e do trigo. A Nova Era pede uma consciência participativa e dinâmica em relação aos fatos que envolvem o espírito.
O anúncio da Boa Nova trazida por Jesus, se efetiva, em todo momento, como um convite de amor e ternura, para todos que possam auxiliar o Pai.
Crescer e evoluir, eis a questão anunciada pelas leis, regem a vida do espirito.
Através da luta o espirito cresce !
Convite divino que acelera o pensamento para buscar novo patamar de compreensão.
Estamos no trabalho com Jesus.
Torna-se imprescindível voltarmos os olhos para as promessas divinas concedidas por Deus.
Avancemos, procurando compreender o trabalho renovador e prossigamos com esperança, no intuito sublime de edificar as novas conquistas, superando dificuldades acarretadas pelo estágio evolutivo a que cada um se perdeu.
Avançar no entendimento da verdade trazida por Jesus é a realidade atual. Desprezar velhos conceitos que o tempo formulou, ampliando a visão da eternidade e consagrar nosso ideal ao Bem Maior, concedido a todos.
O Universo canta e espalha sempre a melodia do amor; trabalho incansável que vem envolvendo a todos.
Glória aos ensinamentos do Mestre.
Com eles, estaremos livres para compreender e amar nosso irmão. “
Paz em Cristo!
Eurípedes Barsanulfo

ALZHEIMER, DO ESPÍRITO À MATÉRIA

Teria a doença de Alzheimer sua origem no espírito?




Foi numa segunda feira, 25 de novembro de 1901, que Auguste Deter, uma senhora de 51 anos internou-se no Hospital de Lunáticos e Epiléticos de Frankfurt na Alemanha sob os cuidados dor Dr. Alois Alzheimer. Protestante reformada, casada com um administrador de ferrovias e mãe de uma filha, August D. apresentava o quadro de perda de memória, desorientação e alucinação iniciado há seis meses.
Os sintomas primários resumiam-se à crises de ciúmes excessivas do marido, posteriormente verificou-se sinais de amnésia progressiva. Auguste D. não encontrava o caminho para voltar para casa e se perdia nas ruas do bairro; carregava consigo alguns de seus pertences e os escondiam em locais inapropriados; invariavelmente acreditava que estava sendo perseguida e as vezes gritava imaginando que alguém queria matá-la.
Em pouco tempo, o estado de demência evoluiu significativamente e já na fase final da doença a paciente encontrava-se acamada e totalmente dependente dos cuidados de enfermagem. Não verbalizava, estava desorientada em tempo e espaço, seus membros se atrofiaram e por permanecer restrita ao leito apareceram as úlceras de pressão. Logo passou a apresentar incontinência urinária e fecal e sua imunidade se deprimiu abrindo espaço para doenças oportunistas. Após 5 anos de internação, a paciente do Dr. Alzheimer faleceu.
Na necropsia, Alois Alzheimer teve a oportunidade de analisar o tecido nervoso de Auguste Deter e logo constatou uma atrofia significativa no córtex cerebral, com formação de placas senis e emaranhados neurofibrilares. O neurocientista percebeu que estava diante de uma nova descoberta. Foi então que Alzheimer elaborou cuidadosamente um artigo científico e o apresentou no 37° Congresso de Psiquiatria do Sudeste da Alemanha (South - West - German Society of Alienists) realizado no ano de 1906, com o título: “Uma Doença Peculiar dos Neurônios do Córtex Cerebral”. A doença que até então era desconhecida, mais tarde recebeu o nome do pesquisador que a descreveu, tornando-se conhecida como Doença de Alzheimer.
Fisiopatologia
A doença de Alzheimer é uma neuropatologia degenerativa, progressiva e incurável, que provoca uma atrofia acentuada no córtex cerebral. Em outras palavras, ocorre a morte gradativa do tecido nervoso, que por consequência provoca uma mudança estrutural do encéfalo. O cérebro diminui de tamanho e a perda de conexão entre os neurônios irá resultar em demência. A demência é caracterizada pela ausência ou diminuição das funções do cérebro, alterando a parte cognitiva, a memória, o raciocínio, a linguagem e até mesmo a personalidade.
Atualmente o mal de Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas acima de 65 anos. Estima-se que 44 milhões de pessoas no mundo são portadoras de algum tipo de demência, sendo que de 50 a 60% desses casos são desencadeados pelo Alzheimer. A doença tem forte relação com a idade e como a população mundial tende a envelhecer, o número de casos deverá dobrar a cada 20 anos.
Causas
A ciência ainda estuda as causas da doença, mas acredita-se que o acúmulo das proteínas beta-amilóide e tau no cérebro, associada à diminuição do neurotransmissor acetilcolina, possa ser o fator desencadeante. A formação dessas proteínas interrompem a mensagem neuronal no cérebro, que se torna danificado permanentemente. Outros fatores de riscos tais como: influência genética mas não necessariamente hereditária, contaminação por metais pesados (alumínio e manganês), traumatismo craniano, idade e baixa escolaridade, também podem estar relacionados ao Alzheimer.
Características de personalidades que tendem ao Alzheimer:
Introspecção, autoritarismo;
Egoísmo;
Depressão e isolamento;
Falta de convívio social;
Dificuldade para mudanças comportamentais, conservadorismo;
Rotinas e manias que levam a transtornos obsessivos compulsivos (TOC);
Ausência da prática de leitura e estímulo de raciocínio, preguiça mental;
Dificuldade para lidar com emoções, sentimentos e frustrações;
Apego exagerado à bens materiais;
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os estágios da doença, que evoluem durante anos. No início os pacientes apresentam sinais que podem ser confundidos com a senilidade, como déficit de concentração e episódios de perda de memória recente. Nesta fase é comum o esquecimento de datas de aniversários de pessoas próximas, vencimentos de contas ou até mesmo não saber o dia da semana. Também é frequente a desorientação em espaço. Se perdem na rua da própria casa, ou guardam objetos em locais descabidos. Alguns podem apresentar apatia, isolamento e agressividade.
Com o desenvolvimento da doença, os indivíduos enfrentam problemas ao tentar executar tarefas simples do dia a dia. Pentear o cabelo, se alimentar e escovar os dentes se torna um desafio. A amnésia evolui acentuadamente, ao ponto dos pacientes não reconhecerem os próprios filhos. Nas fases finais deixam de se alimentar e ocorre a diminuição ou ausência dos movimentos e também da consciência, resultando em um estado de total dependência. A fragilidade do sistema imunológico facilita o desenvolvimento de outras doenças, agravando ainda mais o quadro. Nesta etapa o falecimento não tardará.
Doença de Alzheimer e Espiritismo
Estaria o mal de Alzheimer relacionado a delicados processos expiatórios, ou esta doença seria de origem puramente orgânica, sem qualquer relação com o espírito?
É importante ressaltar que o tema que estamos debatendo ainda requer estudo mais aprofundado por parte dos pesquisadores do campo da ciência e também do espiritismo. Ainda não há em nenhuma das vertentes, estudos conclusivos acerca da doença.
As elucidações espíritas baseiam-se principalmente nas pesquisas realizadas pela Associação Médico Espírita (AME). Não existem registros específicos atribuídos inteiramente a espiritualidade que possam descrever a doença. As fontes dos estudos espíritas se apoiam nas obras do espírito de André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier. Alguns de seus livros tratam das influencias do espírito sobre a matéria e vice versa.
Segundo os estudiosos do espiritismo, a doença de Alzheimer pode ter origem em conflitos do espírito refletidos na matéria, o que a psicologia chama de somatização. No livro "Nos Domínios da Mediunidade", psicografado por Chico Xavier, André Luiz explica que "assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual absorve elementos que lhe degradam, com reflexos sobre as células materiais". Existem basicamente duas causas espirituais que podem estar atreladas ao desenvolvimento do Alzheimer. Vejamos:
ALZHEIMER E ESPIRITISMO
Obsessão: Indivíduos envolvidos em processos obsessivos graves e por longos períodos podem sofrer consequências orgânicas provenientes da emanação do pensamento doentio tanto do obsessor, quanto dele mesmo, imprimindo na matéria as consequências dessas vibrações. Tal ocorrência poderia explicar a atrofia acentuada no encéfalo que é uma característica do Alzheimer. Lembramos que o cérebro é a sede do pensamento e por isso seria a estrutura material mais prejudicada pelas baixas vibrações espirituais.
Auto-obsessão: Esta parece ser a principal causa do Alzheimer atribuída à origens espirituais. Aauto-obsessão é um processo nocivo desencadeado pelo próprio espírito, muito comum nas pessoas com rigidez de caráter, introspectivas, egocêntricas e portadoras de sentimentos doentios como o desejo de vingança, o orgulho e a vaidade. Invariavelmente o sentimento de culpa incutido inconscientemente no espírito e que as vezes se arrasta por várias reencarnações é o fator determinante. O espírito é chamado à ajustes com a própria consciência, necessitando de isolamento e esquecimento temporário de suas ações pretéritas.
Invariavelmente as pessoas com Alzheimer podem estar envolvidas nas duas situações acima, uma vez que o pensamento nocivo atrai espíritos do mesmo padrão vibratório que acabam por iniciar um processo de obsessão mútua, uma espécie de simbiose. É evidente que este processo deve se arrastar por muito tempo até desencadear uma patologia física, por isso o Alzheimer é tão comum na fase senil. Angústias e tormentos psíquicos que duram uma vida inteira, muitas vezes com origem em outras existências, sucumbirá no final da vida física traduzido em doenças diversas da matéria.
Independente da origem, a doença constitui grande oportunidade de aperfeiçoamento moral não somente para o paciente, mas também para todos aqueles que estão diretamente envolvidos com o processo do cuidar. Os familiares que estão novamente reunidos para resgatar débitos contraídos entre si enfrentam provações dolorosas com a doença, porém reparadoras. Aquele que cuida hoje, certamente foi algoz no passado e necessita reajustar sua conduta ou até mesmo desenvolver sentimentos que ainda não possui. Para os cuidadores terceirizados, o ensejo é de exercitar a paciência, desenvolver a compaixão e o amor ao próximo, executando a missão escolhida por ele mesmo na espiritualidade.
Prevenção
Não existem vacinas ou medicamentos para prevenção da doença, acredita-se que a adoção de hábitos saudáveis principalmente relacionados a saúde mental podem diminuir a probabilidade do aparecimento do Alzheimer. Pessoas com maiores níveis de escolaridade tem chances menores de desenvolver demência. Recomenda-se a prática da leitura, o exercício do raciocínio, o lazer e o estabelecimento de vínculos afetivos saudáveis. Qualquer atividade que mantenha as conexões neuronais ativas, contribuem para higiene mental.
Do ponto de vista espiritual, orienta-se a prática da caridade, o desenvolvimento do amor ao próximo, o exercício incansável do bem e o trabalho edificante como profilaxia para doenças do espírito. Retidão de caráter e elevação de pensamento, contribuem para o aperfeiçoamento do espírito e evita transtornos de todas as ordens. Não esqueçamos a recomendação do Cristo: "Orai e vigiai".

A HOMOSSEXUALIDADE A LUZ DO ESPIRITISMO

Falta de caráter, aberração genética, doença ou opção?




Essas e outras teorias, são tentativas frustradas para definir a causa da homossexualidade.
Origem
A palavra homossexual ou homossexualidade deriva do grego homos - igual e do latim sexus - sexo. E de uma maneira simplificada, designa a atração física e relacionamento entre indivíduos do mesmo sexo.
Não é possível determinar um ponto de partida na história da humanidade para o aparecimento da homossexualidade, no entanto, ela é evidente desde os primórdios das relações humanas. Sabe-se que existiram civilizações que até estimulavam a prática homossexual, que inclusive fora percebida em várias personalidades históricas.
Evolução
Esta polêmica questão, em um passado não muito distante, era vista com grande preconceito pela sociedade, apesar da prática homossexual não ser recente. Não que hoje o preconceito tenha desaparecido, ele ainda resite, seja de forma explícita ou velada. Em alguns países é caracterizado como crime, mas no Brasil houve um avanço na garantia dos direitos homossexuais perante a sociedade civil e por consequência, maior visibilidade e respeito.
Nunca se aventou tanto a questão da homossexualidade nos meios de comunicação como agora. O cinema e a teledramaturgia, formadores de opinião, tratam do assunto abertamente, rompendo paradigmas e derrubando tabus. Os próprios homossexuais gozam de maior liberdade para assumir suas relações sem medo de represálias, o que nos induz a pensar que houve um aumento da classe homoafetiva.
A Posição das Doutrinas ditas Cristãs
“Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles” (Lev. 20:13).
O que se percebe na contemporaneidade é que a homossexualidade ainda enfrenta grande resistência por parte das doutrinas religiosas mais populares, as quais reafirmam com veemência seus dogmas tradicionalistas, adotando muitas vezes uma política de exclusão e incentivando o preconceito, mesmo que de forma inconsciente.
Até mesmo no reino animal a biologia já identificou cerca de 5000 espécies que possuem um comportamento homossexual. Seria o homossexualismo uma prática pecaminosa também entre os animais?
Em detrimento desta segregação inconsciente, os homossexuais perdem sua identidade religiosa e tendem a viver sem orientação espiritual, o que não contribui em nenhum aspecto para o progresso moral e social.
A Homossexualidade Explicada pelo Espiritismo
Sabemos que os espíritos não possuem sexo, ou seja, não são separados por gênero (homem e mulher), como demonstra Allan Kardec em O Livro dos Espíritos:
200. Os Espíritos têm sexo?
— Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.
201. O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?
— Sim, pois são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.
202. Quando somos Espíritos, preferimos encarnar num corpo de homem ou de mulher?
— Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer.
A questão é claramente elucidada pelos espíritos, os quais orientam que o sexo existe apenas na organização física e sua determinação está condicionada ao gênero da prova que o espírito necessita enfrentar. Não chegaríamos a perfeição se estagiássemos somente em corpos masculinos, pois não conheceríamos as dificuldades enfrentadas pelas mulheres e vice versa. Desta maneira o espírito deve reencarnar ora em corpos masculinos, ora em corpos femininos.
O que acontece é que em algumas situações os espíritos estagiam inúmeras vezes em apenas um gênero e quando há a necessidade de retornar em um sexo oposto, o mesmo encontra dificuldades para adaptar-se a sua nova condição biológica, resultando desta maneira na homossexualidade.
Homens ou mulheres que abusaram da sexualidade em vidas pregressas, destruindo lares e sentimentos alheios, são convidados a adotar outra postura em nova existência, para reajustar suas próprias tendências. Muitas vezes os próprios espíritos solicitam a reencarnação em corpos opostos a suas condições psíquicas do momento, para que em regime de clausura física, possam resgatar o passado doloso.
O problema da homossexualidade pode ser compreendido tão somente pela misericórdia da reencarnação, não se enquadrando portanto, como doença, transtorno de personalidade ou alterações genéticas, tão pouco como opção e falta de caráter.
A Conduta Espírita
A Doutrina Espírita é acolhedora e não se opõe a estrutura homossexual do indivíduo. Mas é necessário fazer um alerta com relação a promiscuidade que pode ocorrer independentemente da orientação sexual. O abuso do sexo constitui prática perturbadora para o espírito pois visa, tão somente, a satisfação dos instintos mais primitivos e por isso, deve ser corrigida para que o mesmo não acumule débitos futuros. Outro aspecto a considerar é a questão do respeito a si mesmo e a outrem, visando a preservação dos sentimentos e do corpo e sobretudo, não impor a outras pessoas a própria orientação sexual, seja ela qual for.
Como os espíritos necessitam retornar em diferentes corpos físicos, tanto masculinos quanto femininos, a homossexualidade constitui um desvio de resgate, missão ou prova. Se ao espírito é fornecida nova oportunidade em um determinado gênero, é porque faz-se necessário evoluir como tal. Porém é importante compreender que todos somos espíritos em processo de evolução e ainda somos dotados de tendências viciosas que nos levam a falhar em dadas circunstancias, seja no campo da sexualidade ou em qualquer outro aspecto da vida terrena. Desta forma, ninguém tem o direito de julgar e ou discriminar a outrem por motivo algum, pois também estamos sujeitos a erros. Não é a orientação sexual do indivíduo que vai garantir a sua salvação, mas sim a sua conduta moral.
A postura da Doutrina Espírita portanto, é de amparo, orientação e esclarecimento de forma racional, sem proselitismo, discriminação ou qualquer forma de repreensão.

A PENA DE MORTE NÃO MATA O ESPÍRITO DELINQUENTE

"Matar criminosos não resolve: eles não morrem. Os seus corpos descerão a sepultura, mas eles, Espíritos Imortais, seguirão vivos e ativos, pesando negativamente no ar que respiramos. E muitos poderão voltar piores do que foram."




O sentimento de revolta em decorrência da taxa crescente da criminalidade, a impunidade e a sensação de vulnerabilidade, alimentam o desejo de vingança. Cansados de esperar uma resposta do Estado, a população, erroneamente, tem procurado fazer justiça com as próprias mãos.
Observamos nos últimos meses, cenas desoladoras de linchamento. Parece que retrocedemos à época da lei do talião, deixando transparecer a animalidade da natureza humana.
Provavelmente, uma parcela significativa da população já cogitou a ideia de instalação da pena capital no Brasil. Sempre que os noticiários divulgam aqueles crimes hediondos que chocam a opinião pública, com um requinte de sensacionalismo, o assunto "pena de morte" é relembrado. A opinião se agrava quando deixamos o posto de espectador e assumimos o papel de vítima.
Alguns Dados
Atualmente, cerca de 90 países adotam a pena extrema, o que não significa que a aplicam na prática. Há uma tendência de erradicação da pena capital no mundo todo. Algumas nações estão revendo suas legislações, enquanto outras já aboliram a pena de morte de seu sistema judiciário. Por outro lado, o número de execuções tem crescido entre as que insistem em mantê-la.
Um dos países que ainda investem na pena capital, são os Estados Unidos. A condenação máxima é utilizada em 32 dos 50 estados que constituem esta nação. Os americanos favoráveis a pena de morte ainda são a maioria, mas o índice de aprovação caiu nos últimos 20 anos. De acordo com levantamento do instituto Gallup, no ano de 1994, 80% dos cidadãos norte-americanos se declaravam a favor da pena de morte em casos de homicídio e apenas 16% se opunham à sua aplicação. No ano passado, os percentuais eram de 60% e 35%, respectivamente.
No Brasil ocorre o contrário, uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias em 2011, demonstrou que 31% dos brasileiros defendem integralmente a pena de morte e outros 15% em apenas alguns casos., entretanto, 51% dos brasileiros são favoráveis a prisão perpétua.
Em 2013, foram executadas 778 pessoas em 22 nações. Ainda no mesmo ano, foram estabelecidas ao menos, 1.925 novas sentenças de morte em 57 países e cerca de 23.392 pessoas encontravam-se no corredor da morte.
A maioria das execuções ocorreram na China, Irã, Iraque, Arábia Saudita, EUA e Somália, nesta ordem. Estima-se que o número pode ser bem maior, pois os países que vivem sob o regime ditatorial não costumam divulgar seus dados.[1]
A pena de morte reduz a criminalidade?
Alguns estudos apontam que a pena de morte é ineficaz no combate a criminalidade. Os índices de crimes nos estados americanos que adotam a pena de morte é 1% maior se comparado com os estados abolicionistas. No Canadá ela deixou de existir em 1975 e de lá pra cá os delitos decaíram 44%. Os criminosos não deixam de cometer o dolo pensando na possível pena que lhe poderá ser infringida.
Os riscos da Pena de Morte
Um importante aspecto a analisar é a possibilidade do erro de sentença. Nenhuma nação que adota a pena de morte está isenta de cometer uma injustiça. Existem vários casos de comprovação de inocência do condenado após a sua execução.
Um pesquisa divulgada em abril de 2014, demonstra que 4% dos condenados à morte nos Estados Unidos, são pessoas inocentes. Este estudo avaliou os casos de réus que estavam no corredor da morte entre os anos de 1973 e 2004 e que conseguiram provar a inocência antes da execução. Esta mesma pesquisa constatou que uma em cada vinte e cinco sentenças de morte estavam erradas, ou seja, o acusado não tinha culpa.
É importante lembrar que a pena de morte é uma sentença definitiva. Não há como o Estado devolver a vida do executado quando se comprova a inocência após a aplicação do castigo. Se essas injustiças acontecem em países desenvolvidos, o que pensar do Brasil?
Alguns defendem que a pena de morte é cruel e desumana. Recentemente, também nos Estados Unidos, um sentenciado agonizou por cerca de 30 minutos até morrer, após receber uma injeção letal mau sucedida. Outro caso conhecido, foi a execução desastrada de um prisioneiro na cadeira elétrica. O réu suspirou várias vezes com a cabeça em chamas antes de receber descarga fatal.
Além de tudo, os mecanismos de execução são onerosos para o Estado. Na Califórnia, as execuções anuais não saem por menos de US$ 137 milhões. Estima-se que a substituição da pena capital pela prisão perpétua, custaria aos cofres públicos apenas US$ 11,5 milhões. Uma economia de 70%.
Pena de Morte no Brasil
O que pouca gente sabe é que no Brasil existe a pena de morte instaurada e assegurada pela Constituição Federal vigente:
não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84 [...]
(Artigo 5o, inciso XLVII, da Constituição Federal)
Sim, a pena de morte existe no Brasil, em tempos de guerra. Além da Constituição Federal ela também é regulamentada pelo Código Militar Penal, que pune seus combatentes em casos de traição, genocídio e deserção durante a guerra. Vale ressaltar que a pena capital somente será aplicada em casos extremos. A execução acontece por fuzilamento.
A pena de morte aplicada a sociedade civil, deixou de existir oficialmente em nosso país desde a Proclamação da República em 1889, todavia a ultima execução aconteceu alguns anos antes, em 1876 e foi aplicada a um escravo de nome Francisco, no estado de Alagoas.
Atualmente o Brasil é membro do Protocolo da Convenção Americana de Direitos Humanos para a Abolição da Pena de Morte. Segundo as leis internacionais a aplicação da pena capital em casos de guerra é aceitável, como acontece no Brasil.
Controversas
Há quem defenda com entusiasmo a extensão da pena de morte à sociedade civil brasileira, contudo é necessário observar, que do ponto de vista jurídico, ela é inaplicável.
A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5º prevê:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]
O direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade são denominados direitos constitucionais, pois se sobrepõem aos outros e não é por acaso que estão assegurados pela lei magna do país. Indubitavelmente, o maior de todos os direitos e que por si só, permite a garantia dos outros é o direito à vida. Entende-se portanto, que a pena de morte no Brasil é inconstitucional, salvo os casos previstos pelo mesmo artigo (durante guerra declarada).
A grande questão é que o artigo 5º da Constituição Federal é uma cláusula pétrea, ou seja, não pode sofrer alteração, nem mesmo por emenda constitucional. Alguns juristas defendem que para instaurar a pena de morte no Brasil, seria necessário convocar nova Assembleia Constituinte (colegiado responsável por elaborar e revisar a constituição). Outros estudiosos do assunto, alegam que nem mesmo a Assembleia Constituinte poderia trazer de volta as situações já extintas por outras Constituições Federais, como é o caso da pena extrema, pois seria um retrocesso à conquista de direitos sociais.
A pena capital para o espiritismo
A pena de morte é uma violação das Leis Divinas. É faltar com a caridade e com o perdão. Recordemo-nos de Moisés no Monte Sinai, o qual, inspirado pelo alto, colocou na pedra os dez mandamentos (a primeira revelação divina) e que destacaremos, dentre eles: "Não matarás."
O direito à vida é a maior dádiva que o espírito pode receber da Providência Divina, pois constitui oportunidade para progresso moral e intelectual, mas o ser humano na sua imperfeição, deseja se sobrepor ao Criador, instituindo leis que atentam contra a própria vida. Ninguém tem o direito, em caso algum, de extrair a vida de seu semelhante.
As leis humanas só serão perfeitas quando estiverem alicerçadas nas leis Divinas, se uma das recomendações das leis de Deus é "Não matarás", certamente a lei dos homens está divergindo das leis naturais. Um verdadeiro cristão, jamais deverá alimentar o desejo da aplicação da pena de morte, tão pouco buscar a justiça pelas próprias mãos.
Busquemos lucidez em "OLivro dos Espíritos":
760. A pena de morte desaparecerá um dia da legislação humana?
A pena de morte desaparecerá incontestavelmente e sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens forem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida da Terra. Os homens não terão mais necessidade de ser julgados pelos homens. Falo de uma época que ainda está muito longe de vós.
761. A lei de conservação dá ao homem o direito de preservar a sua própria vida; não aplica ele esse direito quando elimina da sociedade um membro perigoso?
Há outros meios de se preservar do perigo, sem matar. É necessário, aliás, abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento.
A pena de morte é pois, o reflexo de nossas imperfeições e evidencia nossas limitações morais. Chegará o tempo em que não necessitaremos mais da justiça dos homens, pois prevalecerá o amor, a caridade, o perdão e sobretudo, a justiça Divina. E nesse tempo, não haverá espaço para a violência.
É evidente que o criminoso não deverá permanecer impune, este deve ser isolado da sociedade para proteger a vida dos homens de bem e para que o delinquente não se torne reincidente, até mesmo porque nenhum espírito é eternamente mau. Mas, ceifar-lhe a vida é negar a oportunidade de arrependimento e corrigenda, como nos alerta os espíritos superiores:
[...] "Devem amar os infelizes, os criminosos, como criaturas de Deus, para as quais, desde que se arrependam, serão concedidos o perdão e a misericórdia, como para vós mesmos, pelas faltas que cometeis contra a sua lei. Pensai que sois mais repreensíveis, mais culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a comiseração, porque eles quase sempre não conhecem a Deus, como o conheceis, e lhes será pedido menos do que a vós. [...]
[...] "Amai-vos, pois, como os filhos de um mesmo pai; não façais diferenças entre vós e os infelizes, porque Deus deseja que todos sejam iguais; não desprezeis a ninguém. Deus permite que os grandes criminosos estejam entre vós, para vos servirem de ensinamento. [...]
[...] Não deveis dizer de um criminoso: “É um miserável; deve ser extirpado da Terra; a morte que se lhe inflige é muito branda para uma criatura dessa espécie”. Não, não é assim que deveis falar! Pensai no vosso modelo, que é Jesus. Que diria ele, se visse esse infeliz ao seu lado? Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente muito necessitado, e lhe estenderia a mão. Não podeis, na verdade, fazer o mesmo, mas pelo menos podeis orar por ele, dar-lhe assistência espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. O arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso próximo, como o melhor dentre os homens. Sua alma, transviada e revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do lamaçal, e orai por ele.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI - Caridade para com os criminosos)
A execução, em momento algum, livra-nos do problema. O espírito delituoso apenas abandona a vestimenta carnal, às vezes em estado de revolta, sendo necessário retornar ao plano físico para reaver o erro cometido e poderá tropeçar no mesmo obstáculo.
"Matar criminosos não resolve: eles não morrem. Os seus corpos descerão a sepultura, mas eles, Espíritos Imortais, seguirão vivos e ativos, pesando negativamente no ar que respiramos. E muitos poderão voltar piores do que foram."
(Revista Reformador - FEB - Edição de Outubro de 1981)
É necessário tratar o problema em sua origem. A criminalidade decorre de questões espirituais e sociais da mais alta complexidade. Pela perspectiva espiritual, a mudança constitui um processo lento, mas inevitável. É necessário amparar nossos irmãos que ainda se acham na ignorância, proporcionado-os oportunidade de regeneração. Orientar, perdoar e amar, essas são as recomendações.
Já as questões sociais permeiam as necessidades básicas de cidadania, como condições de igualdade, acesso a informação e a educação, saúde, segurança, moradia, saneamento básico, lazer e sobretudo a preservação da dignidade humana. Muitas vezes o Estado falha na garantia destes princípios e quando a situação foge do controle cria-se mecanismos imediatistas e ineficientes como a pena de morte. O problema é de todos nós.
Não nos cabe julgar ou punir. Na falha da lei dos homens, deixemos que a Providência Divina se encarregue dos reajustes. Pena de morte não!
Referências:
Anistia Internacional - disponível em: http://anistia.org.br/
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
Revista Espírita Reformador- edição de outubro de 1981 - FEB