É comum localizamos em nossas hostes doutrinárias alguns confrades
agindo semelhantes aos “crentes evangélicos” (da ala neopentecostal),
talvez por “olho gordo”, exaltando inflamados o “nome” Jesus, a “imagem”
do Crucificado, a “personalidade” do Messias, quase sempre sob
argumentos desprovidos de coerência, comprovando desconhecimento dos
códigos morais do Evangelho racionalmente explicados por Allan Kardec e
os espíritos superiores.
Por causa do “cristianismo” arcaico, a
figura de Jesus se caracteriza por debilitada representação simbólica e,
como sabemos, todo símbolo que passa do tempo fica enferrujado ,
desgastado e perde a sua essência e sentido. É óbvio que reverenciamos o
excelso valor de Jesus e O defendemos enquanto Verdade Maior, porém,
sem afastar um milímetro da lógica kardequiana.
Encontramos no
M.E.B. (movimento espírita brasileiro) muitos “espíritas” de sacristia,
como dizia Arnaldo Rocha, ou seja, espíritas “rezadores” (artificiais e
dissimulados), que muito reza (tagarelando) e não se cuida da própria
honra.
Conhecemos embustes de oradores que falam apaixonadamente
sobre Jesus (chegam a chorar de emoção), que discursam sobre o valor da
monogamia, na união familiar, todavia fazem andar a “fila” das esposas.
Há ilustres palestrantes “espíritas” que insistem nos temas repetitivos,
sempre sob a lideranças dos agenciadores de seminários improdutivos.
Nessa inadvertência seguem algumas federativas (mal dirigidas) que
insistentemente promovem congressos inócuos, pobres de conteúdos e
onerosíssimos (não gratuitos) sempre destinados aos espíritas
endinheirados.
Em tais eventos (congressos soberbos e inóxios)
expõe-se temas evangélicos recorrentes, desgastados, abarrotados de
trivialidades e lugares comuns, defendidos com afetação e
tradicionalíssimas vozes veludíneas banhada de camuflada emoção
veiculadas por intocáveis palestrantes sacralizados, santificados e
“insubstituíveis” ante os apelos idolátricos da frenética e delirante
caravana de “espiritólicos”.
Aliás, não obstante “carismáticos”,
há oradores endeusados que fazem das palestras proferidas e a fama
obtida nos escombros reivindicatórios da extravagante multidão de
“espiritólicos”, uma execranda máquina de fazer dinheiro. Sim! São os
confrades vendilhões do Espiritismo.
Neste cenário ainda há
espaço para identificarmos “espíritas oba-oba”, espalhafatosos,
recheados de fraternidade de boteco, sorrisos maquinais, comportamentos
que contrastam com a simplicidade cristã. Isso tudo sem aprofundarmos
nas práticas de diretores de órgãos oficiais (federativas) que se
esgrimam (mentalmente) pela caça do poder de direção do M.E.B.,
totalmente distantes do exemplo edificante da humildade. Tais líderes
intransigentes traem a si, aos amigos, ao M.E.B. e ao Espiritismo.
Certificamos que o caminho do M.E.B. tem sido de duas vias: uma é
ocupada pela chamada liderança oficial, dos espíritas autócratas, cheios
de “não me toques”, repletos de salamaleques; a outra via é ocupada
pelos espíritas “combativos” do bem, fieis a Kardec, lealdade essa que
nada tem a ver com extremismo ou intolerância, mas compromisso com a
verdade.
Os “combativos” fazem o trabalho de azorragar a
“oficialidade”, de fustigar os eternos “donos” do M.E.B. para não os
deixar comodamente em “berço esplêndido” sob os narcóticos da ilusão. Os
“combativos” de Kardec são, por isso, mal vistos e execrados
permanentemente, tidos como desagregadores , mas são eles que agem com a
coragem e virilidade necessária para evitar a perda total de uma
doutrina tão cara à humanidade.
Quando se trata da moral, Jesus é
o grande exemplo. Quando se trata de conhecimento espírita, Kardec é a
verdade. Não pode haver mais espaço para o estereótipo de um Jesus
decrépito, idolatrado, da tradição arcaica, pois o Espiritismo fez
avançar no conhecimento de modo que sem o Espiritismo Jesus permanece
no estado da incompreensão e da superficialidade do simbolismo sectário.
Portanto, jamais pode haver espaço para um Espiritismo segundo o
Evangelho, pois o evangelho não pode explicar o Espiritismo ; ao
contrário, apenas o Espiritismo pode explicar o evangelho. Como me
ensinou um atilado espírita de vanguarda.
O futuro do Espiritismo
está fixado nesse quadro contemporâneo, das lutas entre os que defendem
os princípios kardequianos e os fracos, que mais se importam com os
aplausos da plateia, com os resultados que agradam à audiência e os
transformam famosos. A luz intensa da verdade os incomoda, daí a
preocupação em defenderem-se para não perder o comando. Desfiguram o
Espiritismo para se manterem na posse do “movimento espírita oficial”.
Cabe aos impávidos “combativos” do bem se contraporem a isso, mesmo
sabendo que a luta é inglória sob o aspecto da capacidade de deter a
marcha do embuste doutrinário. Mas como Jesus foi desfigurado e ainda se
mantém deformado enquanto amor sem igual, o Espiritismo prosseguirá em
sua desfiguração contínua, mas ao mesmo tempo se manterá firme e forte
enquanto conhecimento fundamental para o despertamento da consciência
humana.
Jorge Hessen
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