Divaldo Franco responde
Ciúme é motivo de separação, de divórcio e de muita briga entre os casais. Isso é normal ou é uma doença?
Divaldo Franco:
Somente através do amor, curamos o ciúme. As pessoas costumam dizer:
“Em todo amor, sempre há um pouco de ciúme!” É lindo, mas não é
verdadeiro. Ciúme é um fenômeno psicológico de insegurança. Quando falta
autoestima, a pessoa não acredita que alguém seja capaz de amá-la.
Quando alguém a ama, ela duvida. E fica sempre com medo de perder,
porque acha que não merece. A insegurança emocional gera o ciúme. Se
estiver com uma pessoa mais bonita do que ela, se der mais atenção a
outrem, logo pensa que a vai perder, porque não está em condições de ser
amada por quem está ao seu lado. É um conflito de insegurança
psicológica.
Quando alguém dispuser-se a amar, creia no amor,
entregue-se-lhe. Se aparecer outro, que gere traição, o problema não é
seu. Se ele – o outro indivíduo, homem ou mulher – o abandonar, pior
para ele e não para você, porque aquele que abandona é que se faz
infeliz, não o abandonado. Assim mesmo, continue amando. As pessoas de
natureza instável, amadas ou não, assim continuarão, porque são doentes,
portadoras de comportamentos mórbidos. Não são dignas de ser amadas,
apesar disso, cumpre-nos amá-las. Viver com ciúme, vigiar, estar com os
olhos para lá e para cá, torna-se um infortúnio, porque é sempre uma
inquietação, aguardando alguns momentos de prazer. O amor legítimo
confia. Quando não há essa tranquilidade, não é amor, mas desejo de
posse, tormento. É um desvio de comportamento afetivo.
Toda vez
que confiamos no outro, recebemos resposta equivalente, com as exceções
compreensíveis. Toda vez que vigiamos o ser amado, na primeira brecha
que lhe surge, quase sempre tomba no desvio... Isto porque ninguém pode
amar vigiado, escravizado, perseguido, controlado. O amor é uma bênção,
não um castigo, não uma forma de manipulação do outro.
Há um
caso, um pouco engraçado, mas que ilustra essa situação. O homem, quando
chegava ao escritório, telefonava para a esposa: "Bem, já cheguei..."
Momentos após, novamente: "Meu bem, estou saindo para o lanche..." Mais
tarde, outra vez: "Meu bem, estou voltando do lanche..." Por fim: "Agora
estou voltando para casa".
A esposa, que era muito ciumenta, retribuía: "Estou de saída para as compras... Eu voltei das compras..."
Esse era um casal profundamente infeliz. Mas ele morreu. No velório
entraram uma senhora e uma criança, que se debruçaram sobre o caixão e
choraram demoradamente.
A viúva, sensibilizada, perguntou a razão
do seu pranto, sendo esclarecida que a criança era filha do
desencarnado, que mantinha um romance com ela...
Surpreendida demasiadamente, perguntou com angústia:
? Quando ele a visitava?!
E a resposta foi imediata: "Na hora do lanche".
Ninguém vigia os sentimentos dos outros. Os sentimentos devem ser
honrados com a confiança. Se o outro a deslustra, torna-se-lhe um
problema. Daí, o ciúme ser insegurança. Pratique sua autoestima quando
for amado por alguém. Todos nós temos conflitos e inseguranças, posto
que ainda somos humanos.
Quando algum confrade chega até mim e
diz-me, por exemplo: “Eu estava doente e fiquei bom, mas não mereço”. Eu
respondo: “Merece, sem dúvida”. Se a pessoa insiste em afirmar que não é
credora desse merecimento em aparente humildade, sou constrangido a
informar: "Se você recebeu essa concessão do Senhor e não a merece, Ele
está sendo injusto em relação aos demais enfermos!".
Nessa recuperação Deus está-lhe proporcionando uma chance, está lhe concedendo misericórdia.
Eu, quando experimento qualquer bênção, sempre digo: "Graças a Deus! Eu
já mereço a compaixão dos Céus". E esforço-me para corresponder com o
possível ao meu alcance.
Devemos ter senso para medir nossos
valores. Eu não espero que uma pessoa me diga que eu estou bem para
ficar bem. Eu estou bem porque me sinto em harmonia.
Algumas pessoas
são capazes de fazer observações negativas que nos podem influenciar.
Nesses casos, a atitude só pode ser a mesma: buscar a autoestima.
Se
alguém me diz: "Estou achando-o muito mal", eu respondo com delicadeza:
"É, você está achando, mas não estou assim. Encontro-me muito bem!”.
Não nos deixemos conduzir com as opiniões diversificadas das demais
pessoas. É indispensável alcançar a autoconsciência. Então, mantenhamos a
autoestima. Esse comportamento é salutar, agradável.
Por outro lado, evite aceitar a falsa compaixão, quando alguém lhe disser: "Coitado!".
Desperte sempre amor, e não compaixão. Para o ciúme, portanto, o melhor medicamento é amar mais e sempre.
Desde já, mudemos a nossa paisagem interna da mesquinhez para adquirirmos esse estado de plenitude chamado confiança.
Fonte: Texto do livro Divaldo Franco Reponde Vol. 2.
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