Você já ouviu falar que aprendemos pelo amor ou pela dor? Acredita
que podemos aprender tudo pelo amor? Eu, particularmente, acho que ainda
não. A experiência de cada um de nós demonstra que costumamos aprender
muito mais pela dor do que pelo amor.
Desde crianças temos a
oportunidade de aprender através do amor. São os conselhos e
ensinamentos exaustivos do pai e da mãe, os exemplos, as lições que
recebemos dos mais velhos. Alguns nós seguimos. Muitos outros nós não
seguimos. E aprendemos com nossas próprias experiências. Às vezes
repetimos as mesmas experiências de nossos pais, sendo que seria fácil
para nós ter aprendido com a experiência deles.
Mas não dá pra negar
a capacidade que a dor tem de nos ensinar. É que a dor, pelo menos
neste nosso planeta, é mais experiente que o amor. A dor pega você de
jeito, como quem não quer nada, e quando você vê está pronto para
refletir.
O que o amor levaria meses para explicar, a dor
demonstra em alguns minutos. O que o amor levaria várias reencarnações
para ensinar, a dor ensina em alguns anos. A dor chama para si, obriga a
sentar e ouvir. Com a dor física, você percebe que está abusando do
corpo. Com a dor da saudade, você valoriza quem está longe. Com a dor do
arrependimento, você reconhece o erro e se propõe a consertá-lo. Com a
dor da solidão, você se dá conta de que não é uma ilha, de que não se
basta sozinho. Com a dor do coração você nota que não é como gostaria de
ser, que é bem mais falível, suscetível e sensível do que costuma
pensar.
A dor arranca o seu disfarce. E você se vê como é de
verdade. E, não importa como você seja, o fato é que você é único. E só.
Sozinho num imenso universo. O único responsável por você mesmo. Autor,
ator e crítico do próprio espetáculo. Você é responsável pelo seu
corpo, é você que deve cuidar dele. Você é responsável por seus
sentimentos, e deve aprender a lidar com situações conflituosas como
solidão, saudade ou abandono. Você é responsável por seus pensamentos,
palavras e ações, e está sujeito a fazer coisas de que se arrependerá.
E ao perceber que você é o único responsável por sua própria vida, você
então permite ao outro que ele seja como ele é. Porque o outro também é
o único responsável pela vida dele. O outro não tem o poder de
influenciar a sua vida, a não ser que você permita. Do mesmo modo, você
só vai influenciar a vida do outro se ele permitir.
E se você
quer ser livre precisa saber que só existe liberdade onde houver
tolerância. Se você não permite que o outro seja como ele é, se você não
aceita que o outro seja diferente de você, você está preso ao outro.
Está preso porque há uma questão mal resolvida que exige solução. A
liberdade em relação aos demais só é alcançada se houver tolerância.
A dor é um mecanismo que serve para orientar, como uma bússola. Sempre
que houver um desvio da rota, a dor alerta. Você pode ignorá-la por um
bom tempo. E quanto mais você a ignora, mais forte ela fica, mais
potencial de ensinamento ela adquire.
É claro que um dia
aprenderemos mais com o amor. Aprenderemos mais facilmente, mais
docilmente. Mas em nosso estágio evolutivo a dor ainda é de extrema
utilidade. Sem ela, levaríamos muito mais tempo para aprender qualquer
coisa. Não sentiríamos necessidade alguma de refletir. Não reclame da
dor, aprenda com ela.
Aprendemos pelo amor ou pela dor…
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