– Por que existem abortos espontâneos? – às vezes a criança é muito desejada pelos pais e a gravidez não vinga;
– Por que existem crianças que nascem mortas? ou, então, crianças que vivem pouco, às vezes poucos dias ou meses?
Deve ficar bem claro que o que eu vou expor aqui são possibilidades, apenas isso: possibilidades.
Se você vai no mato e vê uma determinada árvore, você pode observar
essa árvore, você pode saber que árvore é essa, você pode até saber
detalhes sobre a espécie, se você tiver conhecimentos de botânica; se
você conhecer bem a região onde essa árvore está plantada você pode
deduzir se esta árvore é nativa do lugar ou se ela foi plantada por
alguém. Se por acaso você for o proprietário dessa região, ou conhecer o
proprietário da região, você pode até saber quem plantou a árvore e
quantos anos ela tem.
Mas ela é uma árvore no meio de incontáveis outras árvores. Você não sabe tudo sobre todas.
Vamos ao assunto:
Abortos espontâneos, crianças que nascem mortas ou que nascem doentes e vivem pouco tempo:
– Que utilidade tem a vida dessas crianças?
Se nós reencarnamos para aprender, o que esse espírito aprende se nem
chegou a nascer ou se viveu tão pouco tempo, cheio de sofrimento?
Antes de mais nada temos que ter em mente que nós formamos grandes
grupos de espíritos que evoluem em conjunto. O grupo familiar quase
sempre forma um pequeno núcleo de espíritos vinculados uns aos outros
por laços de amor e ódio. É bom lembrar que o ódio não é o contrário do
amor; o contrário do amor é a indiferença – o ódio é uma degenerescência
do amor, é como se fosse um amor doente; mas tanto o amor quanto o ódio
formam vínculos, formam laços que nos prendem uns aos outros.
Isso precisa ficar claro porque quase sempre a família, ou pelo menos os
pais, estão envolvidos com aquela situação. É um aprendizado que a vida
oferece aos pais.
– O que os pais podem aprender com uma situação dessas?
Os pais podem aprender a valorizar mais os filhos que já têm ou que virão a ter;
Podem desenvolver a empatia, que é a capacidade de se colocar no
lugar do próximo: quem sofre conhece o sofrimento e compreende outras
pessoas que também sofrem;
Quem passa por essa situação
geralmente passa a buscar por respostas: uma criança nascer morta ou
morrer em tenra idade é tão contrário ao que nós esperamos da vida que
nós passamos a questionar sobre as Leis que regem a vida;
Muitas
pessoas começam o seu processo de espiritualização depois de
experimentar esse tipo de dor: e a partir daí encontram um sentido mais
elevado para a vida.
Mas e a criança, o espírito que anima aquele corpo, o que ele aprende? Qual é a prova desse espírito?
Você sabe que nós vivemos num mundo de provas e expiações. Poderíamos
nos questionar se um caso desses se trata de uma prova ou uma expiação –
mas isso não vem ao caso: tudo, em nossa vida, são provas. Desde
crianças, para passar de ano na escola, nós somos submetidos a provas.
Se nós nos submetemos a essa prova sem revolta e aprendemos com ela, nós
superamos esse quesito da nossa evolução.
Um espírito pode se submeter conscientemente a uma prova como essa.
– Para quê?
Para servir de aprendizado aos pais; para resgatar erros do passado…
Quando nós falamos em resgatar erros podemos dar a impressão de que se
trata de uma espécie de castigo a que esse espírito está se submetendo.
Isso pode ser considerado castigo se nós lembrarmos do significado
original da palavra castigo: o verbo castigar vem do latim castificare,
que quer dizer “tornar casto”, ou seja, tornar puro. Castigo, então no
seu sentido original, é uma purificação.
Um espírito já
relativamente elevado, bastante esclarecido, que aprendeu com os seus
erros e que já não comete erros grosseiros – esse espírito lembra dos
seus erros cometidos no passado distante e sente que aquela impureza
está dentro de si. Embora ele tenha a compreensão de que os erros também
são meio de aprendizado, ele lembra do que fez e sente-se mal por isso.
O meio de que o espírito dispõe para purgar as suas impurezas é
reencarnando.
Quando você come uma comida que não lhe fez bem, um
alimento estragado, por exemplo, o seu corpo age automaticamente para
purgar aquela impureza: como ele faz isso? – ele provoca uma diarreia.
Ou então você mesmo toma um purgante, promove uma purga, uma limpeza,
uma expulsão da impureza que há no seu corpo.
O corpo físico funciona nesses casos como um exaustor para o espírito. Podemos dizer que a doença é o excremento do espírito.
A origem de tudo é o espírito; o corpo é apenas consequência. Se existe
uma doença, a causa está no espírito. O meio que o espírito tem para
expurgar a doença é evacuando essa doença através do corpo físico.
Mas… temos que considerar que são poucos os espíritos que já
desenvolveram esse grau de conscientização. A maior parte ainda está
submetida aos mecanismos da Lei sem ter consciência disso. É o caso das
reencarnações compulsórias.
Um espírito que cometeu um erro grave
(e os erros graves que nós cometemos nós os cometemos principalmente
contra nós mesmos) gravou esse erro na sua mente. Sua mente está
programada com esse erro – programada por ele mesmo; seu corpo astral
absorveu os resultados desse erro.
No livro Entre a terra e o
céu, de André Luiz, nós vemos o exemplo do espírito Júlio. Júlio tentou
tirar a própria vida tomando veneno, uma espécie de corrosivo, lesando
gravemente a região da garganta. Não morreu nessa ocasião, mas mais
tarde se jogou num rio e morreu.
Deus é a Lei. Deus é o grande
conjunto de Leis que nos regem. Quando nós obedecemos a Lei, nós
colhemos o resultado disso; quando nós desobedecemos a Lei nós também
colhemos o resultado disso.
Uma das manifestações da Lei é a vida
– quando nós atentamos contra a vida nós colhemos os resultados disso –
não como castigo divino, porque isso não existe – mas como uma reação
do fenômeno Vida.
Tudo no Universo são Leis. Se você coloca a mão
sobre o fogo você vai sentir dor. A dor é um mecanismo de defesa que
lhe avisa que você está lesando a si mesmo. Se você atenta contra a
vida, a vida gera uma reação em forma de dor.
Júlio reencarnou
mais tarde com uma lesão na garganta e morreu afogado ainda criança. Num
entendimento simplista nós pensaríamos que ele foi castigado: tomou
veneno, por isso nasceu com a garganta doente; se matou afogado, por
isso morreu afogado.
Mas não é nada disso: Imagine você tomar um
veneno corrosivo, que lhe queima toda a região da garganta. Imagine a
sensação terrível, a dor, o desespero – você está gravando isso em você.
Imagine o terror que é se atirar num rio e morrer afogado – isso também
fica gravado em você.
Nós nos programamos – isso tem que ficar
bem entendido. A nossa mente é um programa. Nós programamos a nossa
mente como nós quisermos – mas a partir de um determinado momento o
programa se torna autônomo; passa a executar automaticamente aquilo que
foi programado.
Pode ficar um dúvida: se essas coisas ficam
gravadas na mente de quem agiu contra si mesmo – o suicida, por exemplo;
essas coisas também ficam gravadas na mente de quem é vítima de uma
coisa dessas? De quem é assassinado por envenenamento ou por afogamento,
por exemplo?
Daqui a pouco eu vou dar continuidade a esse assunto.
Uma pessoa que lesa o seu próprio corpo físico tentando o suicídio está
lesando também o seu corpo astral. A lesão nasce na mente – pois antes
de ele provocar a lesão em si mesmo ele criou essa ideia em sua mente;
ele executa essa lesão em seu corpo físico e o seu corpo astral é
atingido. Quando ele morrer vai permanecer com essas lesões. Ele
programou a sua mente com essa lesão.
Há espíritos que lesaram de
tal maneira a si mesmos que o seu corpo astral não consegue se
recuperar. O corpo astral é o nosso modelo organizador biológico, é ele
que organiza o corpo físico. A maneira de recuperar a forma normal do
corpo astral é expurgando o modelo defeituoso através da formação de um
corpo físico. Esse corpo físico, dependendo do caso, não precisará se
desenvolver totalmente: isso explica grande parte dos casos de abortos
espontâneos e de crianças que nascem mortas. O que aquele espírito
precisava era apenas modelar um corpo físico para expurgar a
desorganização provocada por ele mesmo.
Tudo na natureza obedece a
Leis perfeitas e imutáveis. É importante não nos revoltarmos contra a
Lei. É normal ficarmos tristes, lamentarmos as coisas da vida que
contrariam os nossos ideais, mas não devemos nos revoltar. Não temos a
consciência suficientemente expandida para compreender o porquê de tudo.
Mas que existe um porquê, existe.
***
Eu citei o caso do
Júlio, que tentou o suicídio por envenenamento e que mais tarde
efetivamente tirou a própria vida se jogando num rio. Mais tarde ele
reencarna com sequelas na garganta, provocadas pelo veneno na existência
anterior, e acaba morrendo afogado.
E se ele não fosse o
causador desses auto-atentados? E se ele fosse vítima de tentativa de
envenenamento e mais tarde vítima de morte por afogamento, provocada por
alguém ou não?
Isso pode parecer chocante, mas é comum que o
espírito que morre em casos semelhantes, de morte não natural, permaneça
sofrendo por muito tempo e guarde sequelas que atravessam a barreira
reencarnatória.
Isso pode parecer injusto, mas é da Lei. Nem tudo
se deve a “karma” e “vidas passadas”. Se todos os males que
experimentamos fossem resultado de erros nossos cometidos no passado,
teríamos que explicar, por exemplo, porque um veado ou uma zebra é
devorada por um leão: será que o veado ou a zebra devoraram alguém em
outra vida e agora “estão pagando”?
Claro que não.
A dor
está presente em nosso mundo. Faz parte do processo de aprendizado deste
mundo, embora isso possa ser difícil de compreender.
Se temos
uma morte trágica podemos nos recuperar imediatamente após o desencarne,
experimentando grande alívio e prazer, como podemos continuar
experimentando as mesmas dores, por tempo indeterminado, revivendo
horrores indefinidamente, como um pequeno filme que repete sem cessar.
Tudo depende da mente.
Uma pessoa que tem plena consciência de que a vida continua, e que a
dor que experimenta é passageira, ela pode se recuperar rapidamente. E o
alívio que ela sente quando se vê livre da dor lhe causa grande prazer e
gratidão. Quando nós sentimos muita sede nós experimentamos prazer e
gratidão ao tomar um copo d’água; quando nós experimentamos um ou dois
dias sem comer nada nós sentimos prazer e gratidão quando comemos alguma
coisa – quem já experimentou isso sabe do que eu estou falando.
Mas se a pessoa não tem perspectiva de nada depois da morte; se não tem
nenhuma ideia a respeito de Deus ou de um bom propósito para a vida, ela
pode morrer em grande sofrimento e continuar indefinidamente nesse
sofrimento, acreditando que talvez tenha enlouquecido.
Existem
espíritos desencarnados em grande sofrimento – assim como existem
espíritos encarnados em grande sofrimento. Nem todos estão pagando por
algum erro do passado. O erro desses espíritos, encarnados ou
desencarnados, é não terem se interessado em conhecer a si mesmos. Há
pessoas que sabem tudo de política, de futebol, ou dominam alguma área
do conhecimento, como por exemplo a matemática, a física, mas nunca se
deram ao trabalho de conhecer a si mesmos, e reconhecer que existe um
propósito para a existência, e que, se todos nós (pelo menos as pessoas
normais) queremos o bem, é porque o propósito da existência só pode ser
bom.
A maior parte dos nossos conhecimentos vulgares não terá importância depois que desencarnarmos.
– E o ser imortal que somos? Aprendemos alguma coisas sobre ele?
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