Jesus transmitia suas lições, preparando os corações para o Reino de
Deus, quando algumas crianças foram colocadas à sua frente, a fim de
que as abençoasse.
Era costume entre os judeus que os homens
santos ministrassem suas bênçãos – uma evocação da proteção divina sobre
crianças e adultos.
O ato de abençoar enraizou-se no
Cristianismo, estendendo-se ao próprio relacionamento familiar,
envolvendo pais e filhos. Não são poucos os que guardam, no tesouro das
recordações mais ternas da infância, expressões assim:
– A “bença”, pai! – Deus te abençoe, filho!
– A “bença”, mãe! – Deus te abençoe, filho!
A criançada podia dormir tranquila! Estava presente a proteção divina, evocada pelos pais!
Gente com mania de originalidade contesta o ato de abençoar, sob a
alegação de que tende a estabelecer barreiras entre pais e filhos. O que
abençoa situa-se acima daquele que é abençoado. Isso inibiria a
comunhão afetiva.
Levada às últimas consequências essa
orientação, deveríamos eliminar toda disciplina no lar, porquanto,
qualquer iniciativa dos pais nesse sentido representaria o exercício de
indébito autoritarismo, a erguer barreiras entre eles e os filhos.
Ah, esses doutos! Quando o cérebro se desliga do coração, perde o rumo e
envereda por estranhos caminhos. Raciocínios dessa natureza inibem uma
das mais belas manifestações de afetividade no lar:
Os filhos que pedem a bênção de seus pais.
Os pais que abençoam seus filhos.
Os discípulos aborreceram-se com a presença das crianças, mas Jesus os conteve:
– Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino de Deus. Em
verdade vos digo que aquele que não receber o Reino de Deus como uma
criança, de modo algum entrará nele.
Abraçando os pequenos, abençoou-os, impondo-lhes as mãos.
Situava, assim, as crianças, como o símbolo da pureza e da simplicidade necessárias ao ingresso no Reino de Deus.
Uma perguntinha: onde fica o Reino de Deus?
Se você não sabe, leitor amigo, não se preocupe.
Em outra passagem evangélica (Lucas, 17:21), o próprio Mestre informa: – O Reino de Deus está dentro de vós.
Então, não se trata de local geográfico, na Terra ou alhures. É um
estado de consciência! O Céu está em algum recanto, em nosso universo
interior. Obviamente, o inferno também. Diríamos que são realizações
pessoais, condicionadas ao que pensamos e fazemos.
Uma senhora vivia desolada e infeliz! Dizia-se mal amada…
O marido não lhe dava atenção; os filhos a desrespeitavam; os vizinhos
eram invejosos; o pessoal de sua igreja agia com falsidade; sua vida, um
tormento!
Quando desencarnou, por uma questão de afinidade, ela,
que cultivava um inferno em seu coração, viu-se em região de
sofrimentos.
Ali, mais que nunca, sentia-se infeliz. Mal amada…
Reclamava que Deus não lhe ouvia as orações. Via-se cercada de gente
atormentada; revoltava-se contra o destino ingrato, mergulhada num
oceano de aflições…
Depois de muito sofrer, brilhou em seu
coração uma réstia de humildade. Lavou o coração com lágrimas contritas,
implorando a complacência divina.
Imediatamente foi socorrida por
benfeitores espirituais que a levaram para estágio reparador, em
maravilhosa colônia espiritual.
Ali vivia uma comunidade feliz e ajustada, que observava integralmente o Evangelho, cultivando os valores do Bem.
A senhora esteve satisfeita… por algum tempo. Em breve caiu nos tormentos a que se habituara. Mal amada…
Ninguém lhe dava atenção… Havia falsidade nas pessoas… A ladainha de sempre!
Vivendo em autêntico paraíso, permanecia no inferno que sustentava em si mesma.
Richard Simonetti
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