Nosso Senhor Jesus Cristo ao dizer, em referência ao Espírito, “mas
não sabes de onde vem nem para onde vai” (1), confirma a sua existência
anterior e posterior ao corpo físico.
No tocante à sobrevivência
após a morte do corpo físico, a referida tese é confirmada pelos
Espíritos responsáveis pela implantação do Consolador na Terra, conforme
prometido por Jesus (2):
“Em que se torna a alma logo após a morte?
– Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que havia deixado temporariamente”. (3)
Desta forma o Espírito, após o término do estágio na vida física, segue
sua trajetória rumo à perfeição, carregando consigo, no íntimo da
consciência, todos os resultados de suas ações na Terra.
O
Benfeitor espiritual André Luiz fornece esclarecimentos a respeito da
condição dos espíritos após o retorno ao Mundo Espiritual:
“Efetivamente, logo após a morte física, sofre a alma culpada minucioso
processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe
exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue
elevar-se a esferas de reconforto e reeducação. Se a moléstia
experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas
depurações terão sido feitas, pelo ensejo de autoexame, no qual as
aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram
ideias. Todavia, se essa operação natural não foi possível no círculo
carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmulo, por
recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão,
renovando as imagens com que foram fixados na própria alma. Criminosos
que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio
arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em
que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios
pensamentos desgovernados. Caluniadores que aniquilaram a felicidade
alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os
padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o
abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações.
Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes
que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os
dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual
ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização
psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais
se localizam em plena alienação. As vítimas do remorso padecem, assim,
por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação
em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram”. (4)
Por “zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram” devemos
entender que os espíritos, no Mundo Espiritual, aglutinam-se por
semelhança de estados de consciência, onde se somam os “infernos
íntimos” individuais, que acabam por plasmar ambientes correspondentes
às energias que os geraram e os sustentam. Daí resulta a ideia da
existência de um inferno comum a todos os transviados, conforme as mais
diversas e antigas crenças teológicas. Entretanto, esses estados, por
mais longos que sejam, são transitórios, conforme aponta André Luiz ao
afirmar “por tempo correspondente às necessidades de reajuste”, em
evidente correspondência à justiça Divina.
Quem sofre, acaba por
se arrepender da causa do sofrimento, e sempre será um necessitado de
ajuda para sair da situação em que se colocou.
A esse respeito encontramos em O Livro dos Espíritos:
“A pessoa que não reconheceu suas faltas durante a vida sempre as reconhece depois da morte?
– Sim, sempre as reconhece, e então sofre mais, porque sente todo o mal
que fez ou de que foi causa voluntária. Entretanto, o arrependimento
nem sempre é imediato. Há Espíritos que teimam nas inclinações
negativas, apesar dos seus sofrimentos; mas, cedo ou tarde, reconhecerão
o caminho falso, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que
trabalham os bons Espíritos, e vós também podeis trabalhar nesse
sentido”. (5)
Nisso encontramos eco, lógica e consolo nas palavras do Senhor Jesus:
“Os sãos não têm necessidade de médico, mas os que estão doentes. Ide e
aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifícios’. Pois
não vim chamar justos, mas pecadores”. (6)
“Eu vos digo que,
desse modo, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende
do que por noventa e nove justos, que não têm necessidade de
arrependimento”. (7)
Porém, o arrependimento por si só não libera
o “pecador” da reparação dos erros cometidos, conforme nos esclarecem
os Benfeitores Espirituais:
“A reparação ocorre na vida corporal ou na espiritual?
– A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o
Espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais
ligados à inferioridade do Espírito”. (8)
Entenda-se, em novas reencarnações e nos estágios entre elas.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Referências Bibliográficas:
(1) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Jo 3:8;
(2) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Jo 14:26;
(3) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 149;
(4) Evolução em Dois Mundos, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap.19;
(5) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 994;
(6) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Mt 9:12-13;
(7) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Lc 15:7;
(8) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 998.
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