É cada vez mais raro se observar atitudes de gentileza nas relações
que vivenciamos na agitada correria do dia a dia das nossas vidas.
Levados pelos inúmeros compromissos assumidos e pela pressa em
resolvê-los, não nos damos conta de quantas vezes atropelamos os bons
costumes, e as boas atitudes para com o nosso próximo, e por isso mesmo,
já não nos incomodamos muito com suas más atitudes em relação a nós.
Como cobrar dos outros, o que não oferecemos por nossa vez? O resultado
dessa falta de consideração mútua, é a ausência de cordialidade, de
afeto, de convívio saudável, que se observa na sociedade dita moderna,
onde cada indivíduo parece ser único, pois, pouco lhe importa o que se
passa à sua volta com seu semelhante, seja ele, seu parente, seu
vizinho, etc..., mostrando com esse seu procedimento a árvore frondosa
do egoísmo, que cultiva no canteiro de seu coração, a exibir frutos
amargos de frieza e indiferença, como se fôssemos auto suficientes em
tudo e não necessitássemos uns dos outros para nada.
Só abrimos
uma exceção, isto é, só modificamos esse comportamento egoístico, se nos
deparamos na presença de alguém do qual esperamos obter algum favor ou
alguém de quem aguardamos tirar alguma vantagem pessoal.
“O
verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de
caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus
próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não
praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou
voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer
queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.”
(E.S.E. Cap. XVII – item 3 - O Homem de Bem).
O ser humano
precisa urgentemente refletir sobre esse seu comportamento equivocado e
irracional, precisa ver em seu semelhante um irmão de quem depende sua
própria elevação como ser imortal, criado com a finalidade maior que é a
perfeição em todos os sentidos, e que para isso não prescinde da
convivência salutar com seu irmão, em constante troca de experiências, e
com o qual tem muito a aprender.
Somente com seus próprios e
limitados recurso e conhecimentos, não será capaz de chegar ao seu
destino, no encontro tão sonhado com a verdadeira felicidade no seu
estado de pureza espiritual.
Precisa entender que só através do
trabalho na sua reforma interior, buscando “amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”, poderá se promover na escala
hierárquica da criação universal da qual faz parte integrante, e que sem
a mudança em seus métodos e atitudes, priorizando as conquistas
espirituais, não conseguirá obter a tão almejada paz interior, que não
conseguirá encontrar na conquista e realização dos seus sonhos
materiais, que logo alcançados, passarão a segundo plano, surgindo
imediatamente nova necessidade de conquista que por sua vez, com o
passar do tempo também deixará de ser tão importante, e assim
sucessivamente.
O gesto de gentileza é sem dúvida um grande passo
que damos para modificar, em muitas ocasiões, uma inimizade nascente,
uma suspeita infundada, uma informação infeliz abrindo horizontes novos e
facilitando a compreensão e a concórdia.
Não devemos aguardar a
gentileza dos outros para conosco, para nos decidirmos por mudar nosso
comportamento, sejamos nós os cultivadores da gentileza, usando-a como
exercício na metodologia do nosso burilamento, usando a força de vontade
como fonte propulsora a nos impulsionar para frente em direção ao
crescimento moral espiritual; e nesse particular, nós seguidores da
filosofia espírita muito mais que os nossos irmãos de outras correntes
religiosas, pois dispomos de tantos ensinos contidos na codificação que
nos orientam sempre nesse sentido conforme a mensagem que segue:
“Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos
resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o
cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não
institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e
a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que
duvidam ou vacilam. Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das
manifestações não lhes apreendem as conseqüências, nem o alcance moral,
ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A
alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém
egoria'>alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas
interpretações. A clareza é da sua essência mesma e é donde lhe vem toda
a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa
e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao
vulgo.” (E.S.E. Cap. XVII – item 4 – Os Bons Espíritas).
Os
Espíritos Superiores reforçam os ensinamentos sobre o assunto, ao
responderem ao dor'>codificador a esse respeito na questão seguinte
constante do Livro dos Espíritos:
799. De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?
“Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz
que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses.
Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá
melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro.
Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a
grande solidariedade que os há de unir como irmãos.”
Sejamos nós
portanto, os primeiros a dar os passos em direção ao nosso irmão, mesmo
que ele não nos retribua, sigamos a meta de amar a todos sem esperar que
sejamos amados por todos, respeitando a maneira de agir e pensar de
cada um, compreendendo nos irmãos ingratos e frios, da nossa estrada,
criaturas de coração endurecidos, necessitados por isso mesmo de nossa
maior cota de gentileza e compreensão, esta é a verdadeira caridade que
Deus nosso Pai espera que pratiquemos, cumprindo com nossos compromissos
como SERES racionais que somos, com responsabilidades para com a
sociedade em que vivemos.
Agindo assim, estaremos vivenciando a
fraternidade conosco mesmo e com nosso semelhante, fazendo a parte que
nos cabe, participando de forma positiva na intenção maior de ver a
humanidade transformada moralmente falando, isto é, menos egoísta e mais
humanitária.
Francisco Rebouças
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB, 106ª Edição – Cap. XVII
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos – FEB, 76ª Edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário