188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no
espaço universal, sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?
“Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à
Terra; podem, melhor do que os outros, estar em toda parte.”
Segundo
os Espíritos, de todos os mundos que compõe o nosso sistema planetário,
a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente.
Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a
todos os respeitos. O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos,
mas simplesmente um lugar de reunião dos Espíritos superiores, os quais
de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem
por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por
meio do fluido universal. Considerado do ponto de vista da sua
constituição física, o Sol seria um foco na de eletricidade. Todos os
sóis como que estariam em situação análoga.
O volume de cada um e a
distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o
grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida
por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter.
Muitos Espíritos, que na Terra animaram personalidades conhecidas,
disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da
perfeição, e há causado espanto que, nesse globo tão adiantado,
estivessem homens a que a opinião geral aqui não atribuía tanta
elevação. Nisso nada há de surpreendente, desde que se atenda a que,
possivelmente, certos Espíritos, habitantes daquele planeta, foram
mandados à Terra para desempenharem aí certa missão que, aos nossos
olhos, os não colocava na primeira plana. Em segundo lugar, deve-se
atender a que, entre a existência que tiveram na Terra e a que passaram a
ter em Júpiter, podem eles ter tido outras intermédias, em que se
melhoraram. Finalmente, cumpre se considere que, naquele mundo, como no
nosso, múltiplos são os graus de desenvolvimento e que, entre esses
graus, pode medear lá a distância que vai, entre nós, do selvagem ao
homem civilizado. Assim, do fato de um Espírito habitar Júpiter não se
segue que esteja no nível dos seres mais adiantados, do mesmo modo que
ninguém pode considerar-se na categoria de um sábio do Instituto, só
porque reside em Paris.
As condições de longevidade não são,
tampouco, em qualquer parte, as mesmas que na Terra e as idades não se
podem comparar. Evocado, um Espírito que desencarnara havia alguns anos,
disse que, desde seis meses antes, estava encarnado em mundo cujo nome
nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo,
disse: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais.
Depois, os modos de existência não são idênticos. Nós, lá, nos
desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem não haja mais
de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à
inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na Terra.”
Muitas
respostas análogas foram dadas por outros Espíritos e o fato nada
apresenta de inverossímil. Não vemos que, na Terra, uma imensidade de
animais em poucos meses adquire o desenvolvimento normal? Por que não se
poderia dar o mesmo com o homem noutras esferas? Notemos, além disso,
que o desenvolvimento que o homem alcança na Terra aos trinta anos
talvez não passe de uma espécie de infância, comparado com o que lhe
cumpre atingir. Bem curto de vista se revela quem nos toma em tudo por
protótipos da criação, assim como é rebaixar a Divindade o imaginar-se
que, fora o homem, nada mais seja possível a Deus.”
Fonte O Livro dos Espíritos
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