Fui VISITAR A RESIDÊNCIA mais famosa de Uberaba, a casa onde Chico morou.
Localizada no bairro Parque das Américas, hoje foi transformada em museu e está aberta à visitação.
A casa é simples. Na frente, onde seria uma garagem, foi instalada uma
pequena livraria que vende livros, fotos, canetas e demais lembranças
com fotos e frases do médium.
Por lá, tem-se acesso a casa, que está exatamente como Chico a deixou.
Logo na entrada há uma pequena varanda com painéis de fotos enfeitando as paredes.
Lá pode-se ter uma ideia da trajetória e importância de Chico Xavier.
Existem fotos do médium com cantores, atores, apresentadores de
televisão, personalidades políticas e pessoas famosas de diversas áreas.
Nas fotos, pode-se perceber claramente que os papeis de fã e ídolo se invertem.
São as celebridades que demonstram carinho explicito por Chico, embora
ele não concordasse com seu mérito para tais demonstrativos e tenha
passado a vida se referindo a si próprio como "apenas um cisco", "menos
que um nada", "mais imperfeito que os outros", "o mais pequenino de
todos", entre tantas outras frases e adjetivos que usava para se
proteger de uma grande e perigosa inimiga — a vaidade.
Entro na sala e vejo que não só a varanda, mas todas as paredes da casa são cobertas de fotos e quadros.
A esquerda está a máquina que Chico usava para "passar a limpo" e datilografar as mensagens que recebia do além.
No local, encontra-se exposta uma enorme variedade de itens, como selos
de cartas com o rosto de Chico, matérias de revistas, velas de seu
aniversário e medalhas de títulos de cidadão honorário de várias cidades
do Brasil, entre outros.
Da sala, pode-se ver o quarto minúsculo
onde se encontra exposta sua cama, seus ternos, camisas, sapatos,
travesseiro, sua cadeira de rodas, sua coleção de boinas e alguns itens
que me chamaram a atenção em especial, como um terço pendurado sobre a
cama e imagens de santos católicos.
Ao lado desse quarto está o
quarto de visitas. Também pequeno quanto o anterior. Numa pequena cama,
repousam quadros e revistas.
Foi nesse quarto que, certa noite,
Chico teve que dormir devido a um conserto na caixa d'agua que ficava em
cima do seu aposento usual.
Chico não teve dúvidas, deixou um bilhete dizendo:
-"Se algum amigo espiritual porventura estiver determinado a me
proporcionar a alegria de uma visita, aviso que estarei nesta noite,
somente hoje, no quarto a esquerda, onde estarei com a satisfação de
receber."
A cozinha, seguindo o padrão da casa, é pequena e simples e mantém seus moveis intactos.
Em cima da mesa há um livro de visitas para aqueles que quiserem assiná-lo.
A simplicidade do local emociona e mostra como Chico não dava realmente
nenhuma importância a bens materiais. A esmagadora maioria das pessoas,
com raríssimas exceções, se tivesse as possibilidades de riqueza que
Chico teve, não hesitaria em usá-las em benefício próprio, e cairia em
tentações em algum momento. Felizmente Chico nunca caiu. E, quando
indagado, respondia:
— Nunca cai porque nunca sequer me levantei... Naquela simplicidade, lembrei-me de Chico dizendo:
— Partirei desta vida sem um níquel sequer. Tudo que veio a mim, em
matéria de dinheiro, simplesmente passou por minhas mãos. Graças a Deus,
a minha aposentadoria dá para os meus remédios. Roupas?! Os amigos,
quando acham que eu estou malvestido, me doam. Sapatos, eu custo a
gastar um par. Em casa, a nossa comida é simples. Não tenho conta
bancária, talão de cheques, nenhuma propriedade em meu nome, a não ser
esta casa que eu já passei em cartório para outros, tenho apenas o
usufruto. Nunca tive carros, nem mesmo uma carroça. De modo que, neste
sentido, nada vai me pesar na consciência. Fiz o que pude pelos meus
familiares, e, se não fiz mais, é porque mais eu não podia fazer.
CLAUDINEI LOPES
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