" A gente não faz amigos, reconhece-os." (Vinícius de Morais)
Partindo do princípio que o objetivo de todo jornalística ético e
sensato é o de informar bem, com coerência, honestidade, dignidade e
imparcialidade, preocupando-se sempre com o indispensável conhecimento
da causa que leva a reportar, venho apresentar-lhes uma contribuição em
cima de um assunto que muitos profissionais do jornalismo, embora bem
intencionados, terminam cometendo equívocos lamentáveis, por uma
inexplicável ignorância que compromete os seus nomes bem como o dos
veículos por onde vinculam as suas matérias ou reportagens.
Falo
com respeito ao assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente é
visto apenas no campo religioso, o que na verdade não é, e sobretudo, o
que é mais lamentável, sempre enfocado com afirmativas de conceitos
absurdos, oriundos do "achismo" e também de uma cultura criada na cabeça
das pessoas, pela intolerância e a desonestidade religiosa.
Não
objetivo aqui defender crença ou fé nenhuma, porque não é isto que está
em questão. Só quero mesmo prestar contribuição ao gigantesco segmento
honesto do jornalismo acerca de uma coisa, como ela realmente é, para
que ele esteja melhor informado, sem a menor pretensão de querer fazer
com que nenhum profissional o aceite, concorde com os seus postulados e,
muito menos, se converta.
Vamos aos assuntos:
Espiritismo não é igreja
Em princípio corrijam a conceituação inicial: Espiritismo não é
simplesmente religião. Ele não veio ao mundo com objetivo nenhum de ser
religião. Trata-se de uma doutrina filosófica, com base calcada na
racionalidade, na lógica e na razão, apenas com conseqüências
religiosas, haja vista que os seus adeptos ficam livres da submissão a
qualquer religião, por não serem obrigados a coisa nenhuma e nem serem
proibidos de nada. Há centros espíritas que se portam como se fossem
igrejas, mas isto é produto da concepção equivocada dos seus dirigentes,
que ainda sentem a necessidade da rezação, em que pese o Espiritismo
ser algo muito acima disto.
Não existe "Kardecismo", existe "Espiritismo"
O jornalista equivocado costuma utilizar-se da expressão "kardecismo" ,
para identificar algo que ele imagina ser uma "ramificação" do
Espiritismo, achando que Espiritismo é um "montão de coisas" que existe
por aí, quando na realidade não é.
A palavra "Espiritismo" foi
criada, ou inventada, como queiram, pelo senhor Allan Kardec,
exclusivamente, para denominar a doutrina nova que foi trazida ao mundo,
por iniciativa de Espíritos, e que tem os seus postulados próprios.
Portanto, qualquer crença ou prática religiosa que utiliza-se da
denominação "Espiritismo", fora desta que se enquadre nos seus
postulados, está utilizando-se indevidamente de uma denominação,
mergulhando no campo da fraude. Daí a verdade que o nome disto que vocês
chamam de "kardecismo", verdadeiramente é "Espiritismo".
Apenas
para clarear o campo de conhecimento dos que ainda têm dúvidas, em achar
que Candomblé, Cartomancia, Necromancia, Umbanda e outras práticas
espiritualistas é Espiritismo, vai aqui uma pequena tabela,
exemplificando algumas práticas de alguns segmentos, para apreciação
daqueles que consideram relevante o uso da inteligência e do bom senso, a
fim de um discernimento mais coerente e responsável.
Como pode,
então, um profissional que tem a obrigação de estar bem informado,
poder afirmar que Espiritismo e Umbanda são a mesma coisa? Não seria
mais coerente dizer que tem mais semelhanças com o Catolicismo, embora
não seja também a mesma coisa?
O espírita não tem a menor pretensão
de diminuir ou desvalorizar o adepto da Umbanda que, por sua vez, tem
também a sua denominação própria que é Umbanda, e não Espiritismo,
apenas quer deixar claro que Espiritismo é Espiritismo e Umbanda é
Umbanda, assim como Catolicismo é Catolicismo, Protestantismo é
Protestantismo.
A afirmativa que alguns fazem, em dizer que tudo é a
mesma coisa, com a diferença de que na Umbanda se reúnem negros e
pobres e no tal "Kardecismo" se reúnem o que chamam de elites, é
extremamente leviana, desonesta e irresponsável. O Espiritismo não faz
qualquer discriminação de raças, cor ou padrão social, já que em seu
movimento existem inúmeros negros, mulatos, brancos e de todas as
etnias.
Allan Kardec não inventou o Espiritismo
Allan Kardec
não inventou, ou criou, Espiritismo nenhum. A proposta veio de
Espíritos, através de manifestações espontâneas, consideradas como
fenômenos, na época, e ele, que nada tinha a ver com aquilo, foi
convidado por alguns amigos para examinar e analisar os tais fenômenos,
em suas casas, oportunidade em que foi convidado, pelos Espíritos, pela
sua condição de pedagogo e educador criterioso, a organizar aqueles
ensinamentos em livros e disponibilizar para a humanidade.
Ele foi
tão honesto e consciente de que a obra não era de sua autoria, que
evitou colocar o seu nome famoso na Europa antiga (Denizard Rivail) como
autor dos livros e preferiu utilizar-se de um pseudônimo. É bom que se
saiba que o tal professor Rivail era autor famoso de livros didáticos e
que tudo o que aparecia com seu nome vendia muito, não apenas na França
como em toda a Europa..
Atentem para o detalhe: Os Espíritos
optaram por um pedagogo, um professor, e não por um padre, um religioso,
o que nos convida a entender que o Espiritismo é escola e não igreja..
Sobre a reencarnação
Não é patrimônio exclusivo do Espiritismo e não foi inventada pelo
Espiritismo, posto que é algo conhecido pela maior parte da humanidade,
por milênios, muito antes do Espiritismo, que tem apenas 151 anos de
idade.
O espírita, depois de estudar a reencarnação, não crê na
reencarnação, ele passa a SABER a reencarnação, o que é diferente.
Exemplificando: Você crê que a Lua existe ou você sabe que ela existe?
Afinal, você pode vê-la e comprovar, inclusive cientificamente? É isto
aí.
Portanto a afirmativa de que os espíritas crêem na reencarnação é infantil e sem sentido.
Sobre a mediunidade
Também não é patrimônio exclusivo e nem foi inventada pelo Espiritismo.
É uma faculdade humana normal e independe de crença religiosa, já que a
pessoa pode possuí-la, com maior ou menor intensidade, acredite ou não.
O Espiritismo apenas se dispõe a estudá-la, educar e disciplinar as
pessoas que a possuem, para que o seu uso possa ser benéfico a elas e
aos outros, absolutamente dentro dos elementares padrões de moralidade.
Segundo os postulados espíritas ela não deve ser comercializada, nunca, e
deve ser utilizada gratuitamente; todavia é praticada comercialmente em
alguns lugares do mundo, por pessoas que são médiuns, inclusive
honestas, mas nada sabem sobre Espiritismo, numa comprovação de que ela
existe fora do meio espírita.
Qualquer afirmativa do tipo que
"alguém tem mediunidade e precisa desenvolver" é vinda de pessoas
inconseqüentes, mesmo algumas que se auto rotulam espíritas, posto que o
Espiritismo propõe que a faculdade deve ser educada e não desenvolvida.
Sobre o caráter do centro espírita
É um local que deve atuar
como escola e não como igreja . A sua proposta é de estudos, sobretudo
da matéria que trata da reforma íntima das pessoas, dando ciência do
papel de cada um de nós na terra, da nossa razão de existir enquanto
criaturas úteis ao nosso próximo, esclarecimento da nossa condição
espiritual no presente e no futuro e, principalmente, a nossa conduta
moral.
Recomenda a prática da Caridade, sim, mas de forma ampla no
sentido de orientar e informar aos outros sobre os meios de libertações
dos conflitos, das amarguras, das incompreensões e do sofrimento em si e
não esse entendimento estreito de que Caridade se resume apenas a dar
prato de sopa ou roupas usadas para pobres, para qualificar o doador
como bonzinho.
Adota Jesus, sim, inclusive como o maior modelo e
guia que temos para seguir, concebendo o seu Evangelho como a bula
coerente a nos conduzir, e não como sendo ele o próprio Deus.
Enfim. O centro espírita é um local de estudo e não de rezação.
Sobre quem é reencarnação de quem
Recentemente vimos um jornalista afirmar, nas páginas da VEJA, que os
espíritas juram que Fulano é reencarnação de Ciclano, o que se constitui
em um absurdo. Em princípio espírita não adota jura nenhuma. Segundo,
que não consta da atividade espírita a preocupação de quem é
reencarnação de quem, uma vez que esta discussão é irrelevante, não tem
razão nenhuma, não acrescenta absolutamente nada na proposta espírita
para a criatura humana, em que pese alguns espíritas, apenas alguns,
(nem todos entendem bem a proposta da doutrina) se ocuparem com esse
tipo de discussão.
Falar em quem é ou talvez possa ser reencarnação
de quem, é conversa amena de momentos de descontração de espíritas,
apenas em nível de curiosidade ou especulação, jamais tema de estudo
sério da casa espírita.
Ainda que possa existir, em alguns locais
de estudos mais profundos e pesquisas espíritas, interesses em trabalhar
as questões da reencarnação, os estudiosos apenas sugerem que fulano
possa ser a reencarnação de alguém, mas nunca afirmam, apesar de
evidências marcantes e inquestionáveis, quando a condução da pesquisa é
séria e criteriosa.
Quem anda dizendo que é a reencarnação de reis,
de rainhas e de personagens poderosas do passado não são os espíritas ,
são apenas alguns bobos que estão no Espiritismo sem consciência do seu
papel..
Apologia ao sofrimento
Matérias de revistas e
jornais, dentro deste equívoco que nos referimos, chegaram a afirmar,
diversas vezes, que o Espiritismo ensina as pessoas a serem acomodadas
em relação ao sofrimento e até chegarem a dizer que o sofrimento é bom.
Não condiz com o coerente ensinamento do Espiritismo. Se algum espírita
chega a dizer isto, certamente é vítima do masoquismo e, provavelmente,
deve praticar um ritual em sua casa, quando, talvez uma vez por semana,
colocar a mão sobre uma mesa e dar uma martelada em seu dedo.
Sofrimento não é condição fundamental para a evolução de ninguém, embora
entendemos que, ao passar por ele, muitas pessoas terminam acordando
para a realidade da vida e mudando de conduta, sobretudo no campo do
orgulho, do egoísmo e da presunção.
Mesa branca
Não
existe espiritismo mesa branca, alto espiritismo, baixo espiritismo ou
qualquer ramificação do Espiritismo, que é um só. O hábito de forrar
mesas com toalhas de cor branca, na maioria dos centros espíritas, nada
mais é que um hábito de alguns espíritas, de certa forma até equivocados
também, uns talvez achando que a cor branca da toalha ou das roupas das
pessoas tem algum significado virtuoso, quando na verdade não existe
esta orientação no Espiritismo. Muito pelo contrário, seria preferível
utilizar toalhas (por que tem sempre que ter toalhas nas mesas?) de
outras cores, posto que tecidos em cor branca tem maior facilidade de
sujar.
Portanto a citação de "espiritismo mesa branca" é mais uma
expressão da ignorância popular, o que não se admite nos jornalistas.
Terapia de vidas passadas
Não é procedimento espírita, em que pese ser recomendável em alguns
casos, porém em consultórios de profissionais especializados, geralmente
psicólogos ou médicos. É fato, existe, é comprovado, tem resultados
cientificamente respaldados, mas não é prática espírita.
Cromoterapia, piramidologia etc...
Se alguém usa uma dessas práticas no espaço físico de uma casa
espírita, é por pura deliberação da direção da casa, que se considera
livre para fazer o que quiser, até mesmo dar aulas de arte culinária,
corte e costura, curso de inglês, informática ou o que quiser, que são
atividades úteis, sem dúvidas. Mas não tem a ver diretamente com o
Espiritismo.
Sucessor de Chico Xavier
Isto nunca existiu no
Espiritismo, em que pese vários jornalistas terem colocado em matérias
diversas, quando o Chico Xavier "morreu", e ainda repetem, talvez
querendo estabelecer alguma comparação do Espiritismo (que vêem apenas
como religião) com a Igreja Católica, que tem sucessores dos papas,
quando morrem. Chico Xavier nunca foi uma espécie de papa, de cardeal ou
de qualquer autoridade eclesiástica dentro do movimento espírita.
Divaldo Pereira Franco nunca foi sucessor do Chico, nunca teve essa
pretensão, ninguém no movimento espírita fala nisto, que é coisa apenas
de páginas de revistas desinformadas sobre o que verdadeiramente é o
Espiritismo.
A sua relação com a Ciência
Faz parte da formação
espírita a seguinte recomendação: "Se algum dia a Ciência comprovar que
o Espiritismo está errado em algum ponto, cumpre aos espíritas
abandonarem imediatamente o ponto equivocado e seguirem a orientação da
Ciência" .
Mas isto não quer dizer que o que afirma determinadas
criaturas, como o padre Quevedo, que se apresenta presunçosamente como
cientista, deva ser entendido como Ciência, já que ele não é unanimidade
e nem ao menos aceito pela maioria dos cientistas coisa nenhuma. Ele é
padre, nada mais do que padre, com um tipo de postura que não aceita nem
pela maioria do seio católico, quanto mais pelo científico.
Não é à
pseudo-ciência ou a opiniões pessoais de um ou outro elemento, que se
diz de Ciência, que o Espiritismo se submete, com esta recomendação, é a
Ciência, como um todo, em descobertas inquestionáveis.
Até agora a Ciência não conseguiu apontar e muito menos comprovar erro em um ensinamento espírita, sequer.
Se alguém exige, por exemplo, querer provas por parte dos que afirmam
que existe vida fora da Terra, por questão de bom senso deve ter também
provas de que não existe. Será que tem?
Medicina e Espiritualidade
Alguns médicos, tradicionalmente, sempre afirmaram que os problemas de
saúde das pessoas nada tem a ver com problemas espirituais, porque estes
se resumem a crendices. Hoje existe um curso de "Medicina e
Espiritualidade" , oficial, dentro da USP (Universidade de São Paulo), a
maior Universidade do País, onde são estudados estes questionamentos
que alguns continuam a dizer que são crendices. Em nível de informação,
sugerimos que os jornalistas se interessem em reportar sobre este
assunto, sem que vá aqui a menor intenção de querer converter ninguém.
Não se trata de questão religiosa, trata-se de questão científica. Para
melhor informação, as aulas deste curso podem ser vistas no site: www.redevisao.net
. O telefone da Pineal Mind, onde são ministradas as aulas, é (11)
3209-5531 e o e-mail é faleconosco@uniespirito..com.br onde poderão ser
obtidas maiores informações sobre o curso. Toda sexta-feira, às 19
horas, tem aula ao vivo, pelo site, numa webtv.
Diante de todo o
exposto sugerimos que os grandes veículos de comunicação de massa,
obviamente comprometidos com a credibilidade dos seus nomes, repassem
estes esclarecimentos aos seus profissionais de jornalismo, não
necessariamente para que eles sejam simpáticos à idéia espírita, já que
ninguém é obrigado a aceitar coisa nenhuma, mas para, pelo menos, não
comprometerem as suas honorabilidades dizendo mentiras, leviandades e
até se expondo ao ridículo reportando sobre um assunto que não entendem.
"Quando não puder mais acreditar nos seus sonhos, acredite no seu coração
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