Fonte : Correio espírita - Por: Melissa Santos
Violência sexual contra a mulher ganha destaque após caso de estupro coletivo.
O nome é forte: estupro coletivo. Parece que só de ser lido ou falado,
agride aos ouvidos. Imaginar tamanha crueldade já parece desumano. Mas a
violência contra uma jovem de apenas 16 anos, no morro São José
Operário, no Complexo da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, no final de
maio, trouxe à tona a discussão.
Estima-se que no Brasil, 50 mil
mulheres sejam violentadas sexualmente todos os anos. Isso nos dá uma
média de 136 casos por dia. No estado do Rio, acredita-se que uma mulher
é estuprada a cada duas horas. Por medo, vergonha, frustração, a
maioria das vítimas não leva os casos de abuso às autoridades
responsáveis. E vivem no silêncio da agonia, revivendo o momento da
agressão sofrida, sem perspectiva de melhora.
Em um vídeo na
internet, datado de maio de 2015, Divaldo Pereira Franco, orador
espírita mundialmente conhecido, fala sobre a questão da violência
sexual: “é um dos atos mais vergonhosos, mais perversos ao lado da
pedofilia. É um crime hediondo porque a pessoa estuprada, masculino ou
feminina, vai ficar com a alma dilacerada, não o corpo! Vai ter um
conflito sexual terrível. Vai detestar o sexo de quem lhe perturbou. Vai
ter conflitos por toda a vida. Há aqueles que matam o corpo. E aqueles
que matam o entusiasmo de viver são muito mais covardes!”
A
Doutrina Espírita nos ensina que o acaso não existe, e que Deus é
“soberanamente justo e bom”. Mas não irei entrar aqui no mérito das
infinitas possibilidades do grupo envolvido neste crime, vítima e
algozes, já estarem neste percurso, que inclui entre outras coisas,
distúrbios sexuais, há longas datas e até séculos. E eu me refiro como
grupo a todos os envolvidos nesta história, encarnados e desencarnados,
pois sabemos que é certa a atuação dos irmãos ainda equivocados do plano
espiritual.
No vídeo, um dos jovens canta um trecho de um funk,
que faz referência ao estupro. Reforçando para nós o cuidado e atenção
com os nossos filhos, no que eles fazem, veem e ouvem. Pois músicas com
tal conteúdo destrutivo, com certeza, não vão incentivar ou aproximar
companhias de espíritos abnegados e entusiastas da causa do bem. Muito
pelo contrário! Sabemos que locais, assuntos e principalmente, nossa
frequência de pensamento ditam com quem iremos sintonizar.
Mas a
atuação de espíritos equivocados não isenta a responsabilidade dos
atuantes encarnados. Todos nós responderemos pelos atos que fizermos,
sejam eles bons ou ruins. Lembremos mais uma vez das doces e sábias
palavras de Jesus, neste caso, registradas em Mateus 18: 7-9 : “ai do
mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos,
mas ai daquele por quem o escândalo vier! Portanto, se a tua mão ou o
teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é
entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés,
seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar,
arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um
só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno.”
Isso quer ressaltar que independentemente do que aconteceu conosco
nessas ou em outras vidas, não se torna para nós um motivo de “desculpa”
para cometer falha ou erro. Todos temos o livre arbítrio, e como
espíritas sabemos que podemos contar com a ajuda direta dos amigos
espirituais, através da oração, sempre que tivermos passando por
momentos de profunda tentação. É nosso dever lutar contra as nossas más
inclinações! Cabe a nós buscarmos a melhoria necessária para pôr em
prática as corrigendas que temos que fazer em nós mesmos, para
alcançarmos passos mais firmes rumo ao caminho que nos leva a evolução
espiritual.
O escândalo que se deu com a divulgação da história
desta jovem, que foi obrigada a mudar de casa e entrar no serviço de
proteção à testemunha, trouxe à tona também o machismo que ainda impera
em nossa sociedade. Alguns chegaram a destilar equivocadas opiniões que
insinuavam que a vítima era na verdade a grande responsável pela própria
agressão. Neste aspecto, sobre a suposta superioridade masculina sobre a
feminina, os Espíritos são diretos.
No capítulo IX, da Lei da
Igualdade, de O Livro dos Espíritos, na lição 817, Allan Kardec
pergunta: “são iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos
direitos?”. E a resposta é: “não outorgou Deus a ambos a inteligência do
bem e do mal e a faculdade de progredir?”. Na pergunta seguinte, Kardec
enfatiza: “donde provém a inferioridade moral da mulher em certos
países?”. E a reposta é clara: “do predomínio injusto e cruel que sobre
ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da
força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a
força faz o direito.”
Mas a Doutrina Espírita também nos ensina a
olharmos de forma neutra toda e qualquer situação analítica. Pelas
lentes do amor, nós sabemos também que o estuprador é uma pessoa doente
do corpo e da alma. No livro “ Mundo Maior”, André Luiz nos fala sobre
as “enfermidades do instinto sexual”: “inútil é supor que a morte física
ofereça solução pacífica aos espíritos em extremo desequilíbrio, que
entregam o corpo aos desregramentos passionais. A loucura, em que se
debatem, não procede de simples modificações do cérebro: dimana da
desassociação dos centros perispiríticos, o que exige longos períodos de
reparação.
Assim, face às torturas genésicas a que se vê
relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe vergastarem a alma no
espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo. Desse modo, por
semelhantes rupturas dos sistemas psicossomáticos, harmonizados em
permutas de cargas magnéticas afins, no terreno da sexualidade física ou
exclusivamente psíquica, é que múltiplos sofrimentos são contraídos por
nós todos, no decurso dos séculos, porquanto, se forjamos inquietações e
problemas nos outros, com o instinto sexual, é justo que venhamos a
solucioná-los em ocasião adequada”.
O caso do estupro coletivo
trouxe para a sociedade a discussão em torno dos distúrbios sexuais. A
nós espíritas, não cabe julgamentos, e sim, amparo. Não devemos
engrossar as fileiras daqueles que apontam e que tiram conclusões. Mas
devemos sim, estender as mãos a todos aqueles que sofrem, mesmo aos que
ainda não entendam a zona de sofrimento em que se encontram.
Por
isso, se você, irmão, que lê esse artigo, sofre de qualquer tipo de
distúrbio sexual, procure ajuda. Vá a especialistas, converse com
pessoas mais experientes e que pensem diferente, busque na prece e na
leitura edificante a força para resistir às tentações. Não deixe que os
instintos e as más inclinações o dominem. E você, irmã ou irmão, que
sofreu qualquer tipo de abuso sexual, independentemente de quando tenha
acontecido, também busque ajuda. E denuncie às autoridades competentes,
pois isso é um freio ao agressor, para que ele não faça novas
crueldades. Quanto àqueles que nesta encarnação não sofrem deste tipo de
distúrbio sexual, que possamos orar por todos que ainda vivem nesse
processo.
E como disse Divaldo, no vídeo já citado a cima:
“chegará um momento, não muito distante, em que a sociedade verá esses
crimes (estupro, pedofilia, pena de sorte, aborto e suicídio) como
páginas terríveis da nossa história no passado”
fonte - http://www.institutochicoxavier.com/i…/informativo/atualidad...
Nenhum comentário:
Postar um comentário