sexta-feira, 21 de setembro de 2018

PRECE NAS AFLIÇÕES DA VIDA

PRECE NAS AFLIÇÕES DA VIDA


PRECE

Deus Todo-Poderoso, que vêdes as nossas misérias, diguinai-vos ouvir favoràvelmente o pedido que vos faço neste momento. Se fôr inconveniente o meu pedido, perdoai-me; se fôr justo e útil aos vossos olhos, que os Bons Espíritos executores dos vossos desígnios, venham ajudar-me na sua realização. Como quer que seja, meu Deus, seja feita a vossa vontade. Se os meus desejos não forem atendidos, é que desejais experimentar-me, e submeto-me sem murmurar. Fazei que eu não me desanime de maneira alguma, e que nem a minha fé, nem a minha resignação sejam abaladas. (formular o pedido)





Podemos solicitar a Deus benefícios terrenos, e Ele pode nos atender, quando tenham uma finalidade útil e séria. Mas, como julgamos a utilidade das coisas segundo a nossa visão imediatista, limitada ao presente, geralmente não vemos o lado mau daquilo que desejamos. Deus, que vê melhor do que nós, e só deseja o nosso bem, pode então nos recusar o que pedimos, como um pai recusa ao filho aquilo que pode prejudicá-lo. se aquilo que pedimos não nos é concedido, não devemos nos abater por isso. É necessário pensar, pelo contrário, que a privação nesse caso nos é imposta como prova ou expiação, e que a nossa recompensa será proporcional à resignação com que a suportamos. (Caps. XXVII, n 6 e II, ns. 4,6 e 7.)

Do livro ALLAN KARDEC (Preces do Evangelho segundo o Espiritismo)
Tradução de J. Herculano Pires

Sinais de DEUS

Conta-se que um velho árabe analfabeto orava toda noite com tanto fervor e com tanto carinho que, certa vez, o rico chefe de uma grande caravana chamou-o e lhe perguntou:




Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, se nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:

Grande senhor, conheço a existência de nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
Como assim? - Indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou:

Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
Pela letra. Respondeu.
E quando o senhor admira uma joia, como é que se informa sobre a sua autoria?
Pela marca do ourives, é claro.
O servo sorriu e acrescentou:

Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo, um boi?

Pelos rastros, respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para ir para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a lua brilhava, cercada por milhares de estrelas, exclamou, respeitoso:

Senhor, aqueles sinais lá em cima, não podem ser de homens!
Naquele momento, o orgulhoso caravaneiro rendeu-se às evidências e, ali mesmo na areia, sob a luz prateada do luar, começou a orar também.
Deus, mesmo sendo invisível aos nossos olhos, deixa-nos sinais das mais variadas formas: na manhã que nasce calma e silenciosa...

No calor do sol que aquece os seres e permite a vida...
Na chuva que molha a relva, corre nos leitos dos rios e refresca as areias quentes das praias solitárias...
Os sinais de Deus estão nas pastagens verdes que alimentam o gado... e na vida teimosa do sertão esturricado pelo calor escaldante dos verões...
Podemos encontrar sinais de Deus nos campos floridos de todos os continentes... e no canto alegre do pássaro que desperta a madrugada...
Os sinais de Deus também são visíveis nas noites bordadas de estrelas e nas tempestades que limpam a atmosfera com seus raios purificadores.
Vale lembrar que as obras feitas pelos homens são assinadas para que não se confunda o autor. Já as obras de Deus não trazem Sua assinatura pelo simples fato de que só Ele é capaz de fazê-las, ninguém mais.
É por essa razão que Deus não precisa colocar Seu nome numa etiqueta, em cada campina que existe, porque só Ele faz campinas.
Partindo do princípio de que não há obras sem autoria, tudo o que não é obra do homem, só pode ser obra de Deus.
Como disse o grande poeta francês Victor Hugo: Deus é o invisível evidente.
Até um louco sabe contar as sementes que há numa maçã; mas só Deus sabe contar as maçãs todas que há numa semente.

Fonte: livro Momento Espírita v. 3

Prove o Amor

A cura tem inicio quando o paciente se ama e passa a amar o seu próximo. É um processo profundo de integração da pessoa nos programas superiores da Vida.

Joanna de Angelis





Curar-se, em última análise, deve ser um ato de amor profundo. Amar faz com que nossas células vibrem em perfeita harmonia. E onde a harmonia se faz presente a doença não encontra lugar.
Mas o amor só tem sentido quando ele é experenciado, sentido. A palavra "amor" é neutra, expressa apenas uma ideia. Somente quando se ama é que poderemos saber o amor. Saber tem sentido de saborear, ex- perimentar. Olhar para uma fruta não nos permite conhecer seu sabor. Somente quando a provamos é que sentiremos seu gosto.
Por que você não sente o gosto do amor agora mesmo? Será que não existe alguém esperando um abraço seu? Um telefonema? Não existe alguém precisando da sua palavra amiga? De um simples pedaço de pão que você queira dividir?
Será que você também não será capaz de um gesto de amor por si mesmo? Eu tenho certeza que sim. Ligue para um amigo e peça ajuda para suas dificuldades. Procure amparo espiritual no templo religioso de sua fé.

Acerque-se de pessoas de bom astral. Cultive somente idéias positivas a seu respeito.
Além do mais, o ato de abandonar um hábito nocivo que agrada nosso corpo é uma das formas mais autenticas de amar a si mesmo.
Nós não gostaríamos de ver um filho entregue às drogas porque o amamos, não é verdade? E por que não temos amor suficiente por nós, para nos libertar de hábitos infelizes que estão destruindo a nossa vida?

Jesus é considerado o médico dos médicos porque experimentou o amor em todos os lances da sua vida, sobretudo nos mais aflitivos.
Jesus não foi um teórico do amor, por isso Ele se tornou o Guia Espiritual da humanidade nos indicando que, amando, seriamos verdadeiramente felizes.
Acha isso apenas poesia? Mas, será que de fato não está faltando mais poesia em nossa vida?
Pois, então, o que é que faremos com todo o nosso dinheiro se não o transformarmos em coisas e situações que sensibilizem e alimentem nossa alma?
O que faremos diante da farta refeição se não tivermos pelo me- nos um amigo que queira sentar-se conosco à mesa?

Que faremos do nosso diploma se não fizermos da nossa profissão um campo de serviço ao semelhante?
Que faremos das crianças a nossa volta se não tivermos mais ale- gria em nossa vida?
Que faremos dos idosos se não conseguirmos mais contemplar o pôr-do-sol?
Que faremos dos nossos amores se já não formos capazes de na- morar as estrelas solitárias no céu?
Saboreie o amor, ponha mais poesia e encantamento em seu olhar, veja além da realidade física, pois é mudando a percepção sobre a nossa jornada existencial que encontraremos o caminho da cura.

Livro - O médico Jesus

quarta-feira, 18 de julho de 2018

MÉDIUNS RECEITISTAS

"Os Espíritos podem dar conselhos para a saúde?
A saúde é uma condição necessária para o trabalho que se deve realizar na Terra, por isso dela se ocupam com boa
vontade; mas como há, entre eles, ignorantes e sábios, não convém, mais por isso do que por outra coisa, dirigir-se ao
primeiro que chega." (0 Livro dos Médiuns - Segunda Parte Cap. XXVI)





Assim como não se deve dirigir-se ao primeiro Espírito que aparece, também não se deve dirigir-se a todo e qualquer médium solicitando orientação sobre questões de saúde.
A mediunidade receitista constitui uma especialidade e é muito rara entre os médiuns.
Os médiuns receitistas confiáveis são aqueles de uma dedicação quase exclusiva ao trabalho de prescrever aos enfermos que lhes solicitam o concurso, quando a medicina terrestre, por este ou aquele motivo, não possa auxiliá-los.
Os médiuns receitistas, além de terem um passado vinculado ao campo da medicina contam com o amparo de Espíritos que detêm conhecimentos específicos.
Em O Livro dos Médiuns, Kardec cita um exemplo clássico do que afirmamos acima. Um jovem médium sonâmbulo, questionado sobre a saúde de alguém que lhe pedia uma receita respondeu: "Não posso; o meu anjo doutor não
está presente."
O médium, seja ele qual for, não tem a obrigação de receitar para provar que é médium. Que ele tenha discernimento para não cometer os absurdos que os médiuns "operadores", crendo-se sempre bem assistidos espiritualmente, cometem, comprometendo a vida de muita gente...
Diríamos que esta especialidade mediúnica, a dos médiuns receitistas, está quase desaparecendo... Por quê?! Primeiro, por falta de dedicação dos médiuns que até desconsideram esse tipo de mediunidade, segundo, pela facilidade com que
hoje pode-se obter uma consulta médica gratuita...
Falando em homeopatia, vemos com bons olhos a multiplicação dos médicos que por ela tem se interessado nos últimos anos. Até ontem, a homeopatia era ridicularizada; hoje é matéria de ensino em respeitáveis universidades.
Mas a homeopatia, mais do que a alopatia, exige um exaustivo estudo e até mesmo um conhecimento psicológico do ser humano, para que seja empregada com o sucesso desejado.
Se o medicamento alopático age, digamos. de uma forma direta e objetiva, combatendo sintomas específicos, a homeopatia atua nas causas do desequilíbrio orgânico e emocional, modificando as vibrações do perispírito, na harmonização das energias que se encontram descontroladas.
Ao médico homeopata, não convém nunca desprezar a própria intuição no instante de examinar e prescrever ao enfermo.
Que os médiuns receitistas, igualmente adeptos da fitoterapia, cultivem os seus dons sem esmorecimento, perseverando na nobre missão de curar ou de aliviar as dores, convictos, no entanto, de que nem sempre lograrão o seu intento.
Que os demais medianeiros, junto aos Espíritos que os assistem, compreendam as suas limitações e tenham a sinceridade de dizer, quando procurados para uma receita ou providência semelhante, que isto não está ao alcance de suas
possibilidades, indicando, caso conheçam, um médium confiável mais apto a fazê-Io.

Livro Mediunidade E Caminho
Carlos A. Baccelli - Odilon Fernandes
Janeiro de 1992 1 edição

sexta-feira, 1 de junho de 2018

A TAREFA DE ALLAN KARDEC

Gigantesca pela sua complexidade e difícil, graças aos muitos problemas, foi a tarefa de Allan Kardec, em plena metade do século XIX. Exatamente no momento em que as mentes mais esclarecidas se libertavam da imposição dogmática, dando início à era da investigação racional com as armas da pesquisa científica, quando os postulados religiosos padeciam a pública desmoralização cultural dos seus aranzeis metafísicos, ele se permitiu adentrar pelos dédalos das dúvidas, a fim de aplicar os recursos da época na constatação da experiência imortalista. 
 

Munido de uma inteligência invulgar e profunda acuidade racional, caracterizado por um senso de observação pouco comum, agiu, com isenção emocional, no exame dos fenômenos mediúnicos, deles retirando a vasta documentação filosófica que integra o Espiritismo. Atuando sem pressa, e meticulosamente, não se permitiu influenciar por pessoas, ideias preconcebidas ou fatos isolados. 

Em todos os momentos, esteve sempre munido de vigilância estóica, a fim de permanecer indene às agressões de adversários e aos encômios de amigos. Trabalhando sistemática e ordeiramente, a pouco e pouco, do fenômeno mediúnico puro e simples, arrancou a Doutrina Espírita, formulando questões momentosas, genéricas e específicas, sobre as várias e incontáveis inquietações em que se aturdia o espírito humano, recebendo significativas e sábias respostas que, transcorridos mais de cento e vinte anos, permanecem atuais, nada se lhes podendo retirar ou acrescer. 

Como é certo que os abençoados Mensageiros do Mundo Espiritual sempre deram esclarecimentos pouco comuns, em face da estrutura e profundidade dos conceitos emitidos, não menos notáveis são os assuntos propostos que fomentaram e inspiraram os diálogos que permanecem insuperáveis. 

Respondendo à crítica honesta com a lógica dos fatos, Kardec desmistificou a mediunidade, estabelecendo uma perfeita metodologia para o seu exercício, oferecendo instruções de segurança, ao mesmo tempo em que analisava os seus problemas e dificuldades com um critério absolutamente justo e seguro. Situou muito bem, e distintas, as posições do médium e dos Espíritos, as diferenças entre opiniões isoladas e a universalidade do ensLamento espírita, não se arrogando quaisquer situações de relevo ou chefia, antes pautando a conduta em plano de nobreza invulgar, especialmente se considerarmos a época em que a presunção, a fatuidade e o orgulho descabido mais se exaltavam. 

Cordial e acessível, não se fez vulgar nem comum a pretexto de uma popularidade que, afinal, nunca lhe interessou. Sabendo, exatamente, qual a missão que lhe cumpria desempenhar, ateve-se ao ministério com reta austeridade, envidando todos os esforçosí até a consunção das forças para o seu desempenho. 

Soube repelir com elevação de propósitos a mordacidade dos frívolos e a perseguição gratuita da ignorância, sem deixar-se espezinhar pela mesquinhez de combates e balbúrdias dos precipitados. Manteve-se sóbrio no opinar e meditativo no exame das ruidosas ocorrências do campo das afirmações sem base. Tudo caldeou, confrontou e aferiu até que brilhasse no diamante da verdade o enfoque puro, em forma de lição libertadora de consciências. 

Sem jactância, não se arreceava corrigir o que fosse necessário, e embora não se fizesse portador da última palavra, denunciava o erro onde este se encontrasse, mantendo-se digno, sem descer, porém, à disputa injustificável ou ao palavrório insensato. 

Não era fácil o empreendimento! 

Num campo eivado de superstições, crendices e lendas, qual o que se referia aos Espíritos Desencarnados — por uns considerados deuses, anjos, demônios; por outros temidos ou envoltos nas confusas práticas da magia e do absurdo e ainda desacreditados e sempre confundidos por certa estirpe de pensadores presunçosos, que se tinham em tal posição cultural que lhes parecia humilhação qualquer envolvimento com eles — Allan Kardec demonstrou por processo claro e científico tratar-se simplesmente das almas dos homens que viveram na Terra, cada um prosseguindo conforme suas aquisições morais e intelectuais. 

Desmistificou a morte, fechada em enigmas e cercada pelo conceito do sobrenatural, perdida no fantasioso e no absurdo, provando que morrer é somente mudar a forma de viver, sem transformação intrínseca por parte daquele que se transfere de um para outro plano vibratório. Provou à saciedade a paranormalidade dos fenômenos, retirando das fantasias e do medo quanto dizia respeito à Vida Espiritual, comprovando que o inabitual é normal, jamais sobrenatural ou fantástico... 

Corrigiu o conceito em torno do "Culto aos mortos", cercado que vivia esse culto por excentricidades e liturgias totalmente vãs, fundamentando as instruções libertadoras na informação correta dos próprios mortos, sempre vivos além da cortina carnal... 

Antecipou, através do exame dos fatos e das informações, incontáveis labores da ciência, que os vem confirmando no suceder das décadas, havendo oferecido à Doutrina Espírita uma estrutura firme, científica, no contexto das suas afirmações. 

Quando a fenomenologia medianímica, exuberante e farta, atraiu a atenção de sábios outros de várias especialidades científicas, estes, após demorados e respeitáveis trabalhos, apresentaram os seus relatórios, sem nada acrescentarem aos resultados publicados pelo gênio de Lyon, cuja probidade intelectual e científica o guindou à condição de verdadeiro criador da técnica metapsíquica de investigação, a princípio, e parapsicológica, depois. 

Por essas e outras considerações, o Espiritismo veio e ficou, dirimindo dúvidas e tornandose guia seguro no báratro da vida hodierna, em favor de uma existência sadia e útil entre os homens, livre e ditosa no além-túmulo. Ainda permanece incompreendido e sofre combate o insigne Codificador. Isto, porém, em nada o diminui ou desmerece, pelo contrário, mais o agiganta... 

No momento em que variam as técnicas das "ciências da alma", no estudo da personalidade humana e dos droblemas que lhe são correlatos, o Espiritismo, conforme a Codificação Kardequiana, é a resposta clara e insofismável para as aflições que se abatem sobre o homem, dapdo cumprimento à promessa de Jesus, quanto ao Consolador, de que este, em vindo à Terra, não somente Lhe recordaria as lições, como também esclarecería, confortaria e conduziría o ser através dos tempos....

Fonte - Enfoques Espíritas (Divaldo Pereira Franco)

NO CAMINHO DO AMOR

Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólico sorriso, e fixou-o estranhamente.
Arrebatada na onda de simpatia a irradiar-se dele, corrigiu as dobras da túnica muito alva, colocou no olhar indizível expressão de doçura e, deixando perceber, nos meneios do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, ciciante:
– Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao teu dispor, em minha loja de essências finas…

 
Indicou extensa vila, cercada de rosas, à sombra de arvoredo acolhedor, e ajuntou:
– Inúmeros peregrinos cansados me buscam à procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, encontram o prazer que representa a coroa da vida. É que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel de meus lábios. Vem e vê! Dar-te-ei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso… Acariciar-te-ei a fronte abatida e curar-te-ei o cansaço da viagem longa! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, exercitados em palácios ilustres!…
Ante a incompreensível mudez do viajor, tornou, súplice, depois de leve pausa:
– Jovem, por que não respondes? Descobri em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! atende!…
Ele parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou um tanto agastada:
– Não virás?
Constrangido por aquele olhar esfogueado, o forasteiro apenas murmurou:
– Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!…
A mulher, ajaezada de enfeites, sentindo-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu.
Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralíticos, ao pé do Tanque de Betesda, venerável anciã pediu-lhe socorro para infeliz criatura, atenazada de sofrimento.
O Mestre seguiu-a, sem hesitar.
Num pardieiro denegrido, um corpo chagado exalava gemidos angustiosos.
A disputada mercadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto disforme. Feridas sanguinolentas pontilhavam-lhe a carne, agora semelhante ao esterco da terra. Exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da feminilidade antiga. Era uma sombra leprosa, de que ninguém ousava aproximar.
Fitou o Mestre e reconheceu-o.
Era o mesmo mancebo nazareno, de porte sublime e atraente expressão.
O Cristo estendeu-lhe os braços, tocado de intraduzível ternura e convidou:
– Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança.
A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor.
O Mestre, porém, transbordando compaixão, prosternou-se fraternal, e aconchegou-a, de manso…
A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou, em voz reticenciosa e dorida:
– Tu?… O Messias Nazareno?… O Profeta que cura, reanima e alivia?!… Que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu?
Ele, contudo, sorriu benevolente, retrucando apenas:
– Agora, venho satisfazer-te os apelos.
E, recordando-lhe as palavras do primeiro encontro, acentuou, compassivo:
– Descubro em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te.

Médium: Chico Xavier Espírito: Irmão X

E eu com isto? Será mesmo?

O relato que trazemos esta semana é bem conhecido. Já foi divulgado por meios diversos em diferentes épocas, mas continua atual e merece ser novamente veiculado. Ele é daquele tempo em que a imaginação humana, para educar e entreter coloca os animais a conversarem, a dialogarem como se humanos fossem. Ao lado desse recurso, porém, o relato traduz bem a situação atual do mundo e a extrema necessidade de nos voltarmos atenção mútua uns aos outros, sem desprezo para com ninguém, assumindo atitudes solidárias.

 
“Numa bela casa, localizada na zona rural, a proprietária comprou uma ratoeira para capturar o rato que passeava à noite pelos cômodos e importunando os moradores. O rato ficou preocupado e procurou a galinha relatando suas angústias com a presença da ratoeira. A galinha afirmou que nada podia fazer porque era uma galinha, informando “E eu com isto? “.
O rato resolveu então procurar o porco com a mesma angústia. Recebeu a mesma resposta: “E eu com isto”? Mas não desistiu. Resolveu procurar o boi. O boi, embora mais amigo, disse-lhe que não tinha como ajudá-lo, mas também afirmou: “Não posso fazer nada. O que tenho eu a ver com isso?”
Naquela noite o rato acordou sobressaltado, afinal a ratoeira funcionou com estrondo. Saiu para ver e verificou que uma cobra havia entrado na casa e sido presa pela ratoeira. A dona da casa levantou-se com o barulho, no escuro, aproximou-se da ratoeira e foi picada pela cobra.
Febre alta, dores, o médico compareceu e verificou a gravidade da situação. Receitou uma canja de galinha. E a galinha perdeu a vida… Mas não adiantou, a mulher morreu.
Para atender a refeição dos parentes que vieram ao velório, o dono do sítio matou o porco. E como a notícia se espalhou e nos dias seguintes muitos outros parentes vieram, ele precisou também matar o boi para a refeição de tanta gente…
Conclusão: todos aqueles que disseram “e eu com isto?” ficaram envolvidos com a questão do rato e morreram.”
Não é o mesmo que está acontecendo com a sociedade brasileira?
O atual quadro, possivelmente manipulado por interesses outros, arquitetado com perversidade – não o quadro em si, mas especialmente seus desdobramentos e infiltrações – enquadra-se perfeitamente no questionamento.
Por isso, para mudar o mundo, não há outra saída senão a solidariedade.
Todos: pessoas físicas, autoridades e instituições, precisamos estar permanentemente preocupados em resgatar os princípios de dignidade, honradez e educação das novas gerações. E isso significa também sacrifício, renúncia, empatia.
Ora, eis a solução das dificuldades atualmente existentes. E considere-se que o resgate dos princípios de dignidade e honradez comportam outras tantas abordagens.
Mas fiquemos com uma única: qualquer criatura merece respeito. Seja quem for… É o princípio básico do “amai-vos uns aos outros”. É preciso acrescentar algo mais?

Orson Peter Carrara

Momento Brasileiro – Orson Peter Carrara

Diante de crimes hediondos, suicídios, tragédias provocadas (como atentados e sequestros dramáticos), e mesmo a insensibilidade reinante no governo diante da realidade brasileira, a perplexidade domina os círculos da sociedade humana.
É importante, de início, já informar: ninguém nasceu predestinado a matar (não se mata apenas com armas) ou a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da liberdade de agir. Estamos todos destinados ao progresso e o desajuste das emoções, do equilíbrio, é o grande responsável por tais tragédias. Estamos absolutamente convidados à harmonia na convivência, à solidariedade nas iniciativas. Da mesma forma, o dever dos que estão investidos de poder é usar a política em sua devida finalidade: gerir o tesouro nacional em favor da coletividade do país. A corrupção, em todos os níveis igualmente é um atentado à vida.

 
Referida liberdade de decisão – seja no caso dos crimes em geral ou mesmo numa gestão de poder –, no entanto, nos sujeita a reparações que virão a seu tempo. Isso por uma razão muito simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e suas leis determinam essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro que toda lesão que causamos a nós mesmos ou a terceiros teremos que reparar. Não é castigo, mas apenas conseqüência. Isso vale nesses dramas que envolvem famílias ou na administração de valores que envolvem toda a sociedade.
E as vítimas? Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais, etc? E mesmo uma nação enfrentando mal uso do poder com a corrupção reinante? Podemos acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram inesperadamente de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas situações? E também, claro, por que os abusos do poder ou a insensibilidade gerada pelo egoísmo e pelo império do materialismo?
Apesar da dor e sofrimentos decorrentes, e da não justificativa – sob qualquer pretexto – de gestos que violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em quadros de aprendizados necessários ou de reparações conscienciais perante si mesmos, envolvendo, é claro, os próprios familiares. Racioncínio também cabível nos aprendizados de uma nação, como é o nosso caso, onde ainda negociamos os votos ou somos seduzidos por interesses que violentam os reais objetivos da pátria.
Por outro lado, os autores – apesar de equivocados e cruéis – são dignos de piedade, uma vez que enfermos. Quem agride está doente, desequilibrado na emoção e necessitado de auxílio, compreensão, tolerância e, mais ainda, de perdão. Inclusive na indiferença ou omissão do cargo investido, acrescente-se.
Cristãos que nos consideramos, sem importar a denominação religiosa que adotamos, a postura solicitada em momentos difíceis como o agora enfrentando pela mentalidade brasileira, é de compaixão com agressores e vítimas. Todos são dignos da misericórdia que norteia o amor ao próximo. A situação de quem agride é muito pior do que quem é agredido. O agredido (não se restrinja aqui a nomenclatura à agressão física) já se liberta de pendências que aguardavam o momento difícil ou faz importantes aprendizados; o agressor, por sua vez, abre períodos longos, no futuro, de arrependimentos e reparações que lhe custarão dores e sofrimentos.
Nada justifica a crueldade, mesmo que seja por indiferença ou omissão. Sua ocorrência coloca à mostra nossas carências e enfermidades morais expostas, demonstrando a necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns pelos outros.Não podemos julgar. Não temos competência para isso. O histórico divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas, entre tantos outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos…O momento é de vibrações e preces para que todos tenhamos equilíbrio. Todos somos filhos de Deus…

 Orson Peter Carrara

NÃO BASTA O ARREPENDIMENTO

Mais uma importante história

O Chico tinha por hábito participar do Culto do Evangelho no Lar de algumas pessoas, principalmente as da periferia da cidade. E foi num desses cultos que se passou o que relato:
Chico, acompanhando duas senhoras, dirigiu-se a uma pequena casa nos arredores da cidade. Era dia de Culto do Evangelho no Lar, e a proprietária daquela casa teve o filho assassinado havia dez dias. O assassino não havia sido encontrado ainda. O assassinato se deu por discussão inconsequente em um bar.

 

A sopa estava pronta, os participantes resolveram realizar o culto, e depois jantarem. Começaram a fazer as preces e vibrações, quando ouviram barulho nas proximidades da casa. Era um jovem, cabelos em desalinho, roupas sujas e muita, muita fome. Convidado para entrar, aceitou. Recebeu explicações a respeito do que estavam fazendo, e ele pediu para acompanhar o culto, que esperaria acabar para tomar a sopa. Foram lidos trechos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, algumas perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos. Feito os comentários, em clima fraterno e responsável, começaram a servir-se da sopa. Em determinado momento, o jovem, agradecido pelo acolhimento e um tanto envergonhado, pôs-se a falar:
- “Senhora, dirigindo-se à dona da casa, fui eu que matei o seu filho, foi um ato impensado nascido de uma briga, ouvindo as lições do Evangelho eu quero me redimir”.
A senhora disse-lhe: - “Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo eu te perdoo”.
Uma outra senhora perguntou para o jovem: - “E você não irá fazer a sua parte?”.
- “Estou arrependido, respondeu ele, bem que eu gostaria de me entregar e confessar o crime, mas tenho medo da polícia”.
Chico, convidando todos a acompanha-lo, dirigiu-se a delegacia, permitindo, assim, que o rapaz se entregasse em segurança.
Então perguntei ao Chico, não por desconfiança ou descredito, mas por surpresa: - “Você fez isso Chico?!”.
-“Sim, fiz. Acredito que nós não podemos ficar arrumando desculpas para os nossos atos, precisamos mesmo é, ao assumi-los, realizar a parte que nos compete para o início de nosso refazimento perante a Lei de Deus”.

Livro: conversas na varanda
Autor : Carlinhos Madi

UM POUCO DE EMPATIA

Ninguém vive só.

Nossa alma é sempre centro de influência para os demais.

Nossos atos possuem linguagem positiva.
Nossas palavras atuam a distância.
Estamos magneticamente ligados uns aos outros.
Ações e reações caracterizam nossa caminhada.


 

É preciso saber, portanto, que espécie de forças projetamos naqueles que nos acompanham.
Nossa conduta é um livro aberto.
Muitos de nossos gestos insignificantes atingem o próximo, gerando inesperadas resoluções.
Quantas frases, aparentemente inexpressivas, lançadas de nossa boca, estabelecem graves acontecimentos!
Cada dia... cada minuto, emitimos sugestões para o bem ou para o mal...
Dirigentes arrastam dirigidos.
Dirigidos inspiram administradores.
Qual o caminho que a nossa atitude está indicando?
Ainda não dispomos de recursos para analisar a extensão de nossa influência, mas podemos examinar-lhe a qualidade essencial.
Acautela-te, pois, com o alimento invisível que forneces às vidas que te rodeiam.
Desdobra-se o destino em correntes de fluxo e refluxo. As forças que hoje se exteriorizam de nossa atividade voltarão ao centro de nossa atividade ainda hoje ou... amanhã.

“Máscara da felicidade”

Ao observarmos as pessoas a nossa volta, muitas delas estampam em sua face um belo sorriso. Aquele conhecido sorriso “colgate”.
Nas muitas das vezes acreditamos que esta pessoa tem uma vida repleta de alegrias, saúde e paz.
Mas quando analisamos de forma mais profunda verificamos que muitos utilizam um artifício, denominado “máscara da felicidade”. Muitos querem mostrar que são fortes, outros preferem não causar preocupações as pessoas, pelo menos no que diz respeito a seus familiares e outros ainda procuram manter a aparência de uma vida repleta de sucesso e equilíbrio.




Fiquemos atentos a este tipo de perfil.
Por trás de tanta alegria encontramos uma vida repleta de tristezas, de dores, de sofrimentos, de decepções.
Na maioria dos casos o orgulho e a vaidade acabam vencendo esta batalha e a fraqueza verdadeira se torna em falso equilíbrio.
Esse estado quando prolongado só traz prejuízos ao homem, podendo ocasionar nas mais diversas patologias e desequilíbrios mentais.
Se você está passando por dificuldades, divida suas dores com as pessoas, não deixe sua vida encurtar-se, procure ajuda!
Todos nós somos seres imperfeitos e erramos todos os dias.
Afinal, estamos aqui na Terra para nos aprimorarmos.
Assuma seus erros, perdoe-se e siga a vida com paz.


André Luiz Zanoli

ECTOPLASMA E ESPIRITISMO — O QUE É E PARA QUE SERVE?

A Doutrina Espírita possui referências em abundância sobre a relação entre o ectoplasma e o Espiritismo. A mecânica de liberação e sua serventia por ora pode soar muito complexa, mas alguns autores se esforçam para simplificar esse conhecimento ao máximo.



 
Para explicar o ectoplasma segundo o Espiritismo, iremos resgatar um breve trecho da leitura do livro Consciência e Evolução, da autora Lívia Pereira Santos:
O ectoplasma é uma substância espiritual, porém tem peso e cheiro e é utilizado no mecanismo da mediunidade para desenvolver as formas criadas pelo Espírito.
Essa substância facilita a configuração espiritual, como também ajuda nos trabalhos de cura. A depender do médium, impregna o ambiente de maneira agradável ou desagradável conforme a natureza dos espíritos em contato com o médium.
O ectoplasma é material que precisa ser observado e pesquisado porque é de muitíssima utilidade nos trabalhos de cura e obsessão.
Os médiuns que predispõem a doar as suas energias e que tenha a capacidade de gerar essa substância, o fazem de forma espontânea e intrínsecas a própria mediunidade. Devem estar atentos para que esse material seja utilizado pelos espíritos benfeitores, e não pelos espíritos enfermos de obsessores.

Sendo ectoplasma gerado pelo mecanismo físico-espiritual, ainda não sabemos decodificar todos os componentes ectoplasmáticos. Temos a certeza de que com os estudos do perispírito e sua ação na vida chegaremos a algumas conclusões em torno da ectoplasmia.
No desempenho da mediunidade, o ectoplasma é de muita necessidade porque canalizamos essa substância para os trabalhos realizados para o benefício dos espíritos enfermos.
Quando o ectoplasma é sutil, ele estrutura formas espirituais visíveis para os médiuns videntes e perceptíveis aos sensitivos.

Ele é tão quintessenciado, que se permite sair por todos os orifícios da organização física principalmente boca, ouvidos e narinas.
No momento de eliminação, o mesmo sai da boca do médium em forma quase compacta e quase materializada, como uma gaze bem fina e, também, dos ouvidos e narinas. É nesse momento que a espiritualidade superior, examinando ectoplasmia, a retira para os trabalhos espirituais.
Ectoplasma e Espiritismo — Para que serve o ectoplasma?

As substâncias que compõem o ectoplasma são de grande importância, pois auxiliam na rápida cicatrização e e nos problemas mais difíceis que a medicina terrena ainda encontra muita dificuldade.
Exitem certos médiuns que tem a capacidade de expelir muito ectoplasma, expelindo-o por todos os orifícios do corpo. O material ectoplasmático, para que seja de boa qualidade, dependerá da saúde física do médium. Este, portanto, precisa estar saudável para que seu ectoplasma possa ser usado nos trabalhos espirituais.
O termo ectoplasma foi introduzido na Parapsicologia por um fisiologista, então é uma coisa que não está só vinculada ao Espiritismo. E foi introduzido para designar uma espécie de substância esbranquiçada, o que pode exteriorizar para fora do corpo de determinados médiuns.
E também supostamente sensível a determinados impulsos exteriores. É visível a parte do corpo de determinados indivíduos, com características especiais. Permite a materialização de formas de corpos humanos distintos daquele de onde sai, ou de forma de membros.

Ectoplasma, Espiritismo e os cuidados na manipulação desse elemento Materialização por ectoplasmia através do médium José Medrado
No livro “Nos Domínios da Mediunidade”, psicografia de Chico Xavier, no capítulo 28, André Luiz relata em alguns trechos o tamanho cuidado no preparo das sessões de ectoplasmia e os possíveis contratempos que podem ocorrer:
“O ectoplasma está em si tão associado ao pensamento do médium, quanto as forças do filho em formação se encontram ligadas à mente maternal. Em razão disso, toda a cautela é indispensável na assistência ao medianeiro”.
“Se pudéssemos contar com mais ampla educação do instrumento, decerto menos teríamos a temer, de vez que a própria individualidade do servidor colaboraria junto de nós, evitando-nos preocupações e contratempos prováveis.
A materialização de criaturas e objetos de nosso plano, para ser mais perfeita, exige mais segura desmaterialização do médium e dos companheiros encarnados que o assistem, porque, por mais nos consagremos aos trabalhos dessa ordem, estamos subordinados à cooperação dos amigos terrestres, assim como a água, por mais pura, permanece submetida às qualidades felizes ou infelizes do canal por onde se escoa”.

“(…) o pensamento mediúnico pode influir nas formas materializadas, mesmo quando essas formas se encontrem sob rigoroso controle de amigos da nossa esfera… ainda quando o médium não consiga senhoreá-las de todo, pode perturbar-lhes a formação e a projeção, prejudicando-nos consequentemente o serviço”
“Em alguns raros indivíduos, encontramos semelhante energia com mais alta percentagem de exteriorização, contudo, sabemos que ela será de futuro mais abundante e mais facilmente abordável, quando a coletividade humana atingir mais elevado grau de maturação.
Até lá, utilizar-nos-emos dessas possibilidades como quem aproveita um fruto ainda verde, em circunstâncias especiais da vida, suportando, porém, o assédio de mil surpresas desagradáveis ao recolhê-lo, de vez que, em experiências como esta, submetemo-nos a certas interferências mediúnicas indesejáveis, tanto quanto a influências menos edificantes de companheiros encarnados, francamente inaptos para os serviços dessa espécie”.

“Imaginemos que o médium esteja possuído de interesses inferiores, seja em matéria de afetividade mal conduzida, de ambição desregrada ou de pontos de vista pessoais, nos diversos departamentos das paixões comuns”
Deixando claro, que os fatores perturbadores das sessões de ectoplasmia não dependem somente da qualidade dos pensamentos e sentimentos do médium doador do fluido, mas também de toda a equipe que ajuda na realização do trabalho.

Na mesma obra de Chico Xavier o leitor pode ficar informado sobre o que é o ectoplasma e para que serve o ectoplasma; porém é preciso estar preparado para uma leitura mais técnica. Para efeito, sugiro que no mínimo o interessado no assunto já tenha lido O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) para que consiga absorver o conteúdo de Nos Domínios da Mediunidade.

Fonte:

Nos Domínios da Mediunidade (Francisco Cândido Xavier);
Consciência em Evolução (Lívia Pereira Santos).

domingo, 29 de abril de 2018

Selfies associadas às carências afetivas


Três jovens da cidade de Xinguara, no norte do Piauí, caíram de uma ponte ao tentarem tirar uma foto no dia 22 de abril de 2018. De acordo com a polícia local, as garotas tentavam fazer uma selfie quando a lateral da ponte desabou, fazendo com que elas despencassem de uma altura de 10 metros , fraturando as suas pernas e pés. A ponte passa sobre o rio Cais e é utilizada como linha férrea, apesar de degastada com o tempo. As adolescentes estavam tirando selfie no local, quando a plataforma da lateral desabou com elas. [1]





Essa não é a primeira vez que uma tentativa de selfie termina mal. Na Rússia, o governo chegou a criar um manual para evitar novas mortes por esse motivo. Entre as indicações há a exibição de riscos ao subir em pontes, parar no meio da rua ou mesmo se esticar em uma plataforma de trem.
Uma pessoa de bem consigo mesma, na maioria das vezes, posta selfies com imagens mais espontâneas, ao invés daquelas estrategicamente montadas e editadas. Pessoas mais desatentas tendem a postar selfies às vezes mais erotizadas e exibicionistas, com o intuito de receber o maior número de “curtidas”, e com isso obterem uma falsa percepção de que são “amadas”.
Há aqueles que fazem selfies nas academias retratando os corpos “sarados”, e se não tiverem “curtidas” e “comentários” ficam frustrados, deprimidos e aumentam os exercícios para esculturar o visual. Há, sem dúvida, alguns transtornos que podem estar associados ao comportamento descontrolado da produção de selfies, como depressão, fobia social, transtorno afetivo bipolar e transtorno dismórfico corporal[2]. Tais transtornos trazem prejuízos concretos à vida do indivíduo, como isolamento social, anorexia, bulimia, automutilação e, no extremo, até suicídio.
Neste sentido, o vício de tirar centenas de selfies não é uma prática recomendável, até porque a “auto representação seletiva” não aumenta a autoestima e nem a autoconfiança. Normalmente, carências afetivas são as principais causas da necessidade de se expor, de chamar a atenção. Quando não preenchidas, comumente provocam situações psicopatológicas extremas.
Há pessoas (alucinadas) que vão tirar selfie próximas a animais ferozes, subindo no trilho de um trem, equilibrando-se no parapeito de uma ponte, nas culminâncias das torres ou ainda nos pontos mais altos de edifícios gigantes, que aliás têm sido uma das "modas" mais perigosas dos últimos tempos, e isso tem trazido consequências graves.

A tecnologia de registro de imagens precisa estar a nosso favor e a benefício da sociedade. Que tal se, em vez de postar constantemente o próprio retrato, postássemos imagens com informações culturais ou compartilhássemos projetos sociais importantes? Isso sim seria muito útil à sociedade. Obviamente não será através da postagem de milhares de fotos de si mesmo que se estará colaborando com a melhoria da vida no planeta.
O sentimento de inferioridade ou de baixa autoestima associa os viciados nas selfies a uma auto-exposição exagerada, a uma autonegligência ou desmazelo das coisas pessoais. O nosso avanço espiritual consiste, exclusivamente, na forma de vermos a vida, e isso nada mais é do que a demonstração de uma nova visão otimista de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
Pensemos nisso!

(Jorge Hesssen)

Referências:
[1] Disponível em g1.globo.com
[2] Termo usado para designar a discrepância ou diferença entre aquilo que a pessoa acredita ser, em termos de imagem corporal, e aquilo que realmente é.

Obsessão Entre Entes Queridos

(O excesso de apego dos que ficam pode atrapalhar nosso entes queridos no plano espiritual)

 

 Alonso, um colaborador, de maneiras simpáticas, dirigiu a palavra ao nosso orientador, com grande interesse; tratava-se de um velhinho de humilde expressão, que lhe falava com mostras de justo respeito.

— E o senhor recebeu as notícias?
— Sim, nossos mensageiros certificaram-me dos detalhes mínimos. Sua viúva continua muitíssimo acabrunhada, os filhinhos gozam saúde, mas permanecem na mesma ansiedade por motivo de sua ausência.
O velho, que parecia muito bondoso, esboçou um gesto de confirmação e acrescentou:
— Tenho sentido tanta falta deles! Nos olhos transparecia a tristeza resignada, de quem deseja alguma coisa, medindo a extensão dos obstáculos.
— Você, porém, Alonso, não deve angustiar-se. Sei que está trabalhando agora pelo futuro da família.
NA TERRA, NA QUALIDADE DE PAIS, CONSEGUIMOS MOVIMENTAR MUITAS PROVIDÊNCIAS A FAVOR DOS FILHOS;
ENTRETANTO, AQUI, NO PLANO ESPIRITUAL, PODEMOS REALIZAR CERTAS MEDIDAS EM BENEFÍCIO DELES, COM MAIOR SEGURANÇA. NEM SEMPRE AGIMOS NO MUNDO COM A NECESSÁRIA VISÃO; MAS AQUI É POSSÍVEL SENTIR, DE MAIS PERTO, OS INTERESSES IMPERECÍVEIS DAQUELES QUE AMAMOS.

O sentimento elevado é sempre um caminho reto para nossa alma; todavia, não podemos dizer o mesmo, a respeito do sentimentalismo cultivado no círculo da Crosta.
É preciso que você tenha muito cuidado em não desorganizar a mente. A saudade que fere, impedindo-nos atender à Vontade Divina, não é louvável nem útil. É enfermidade do coração, precipitando-nos em abismos insondáveis do pensamento.
Alonso deixou de sorrir, mostrou os olhos rasos dágua e falou em voz súplice.
— Reconheço, senhor Alfredo, a oportunidade de suas observações. Graças a Jesus, venho melhorando minha vida mental, nos deveres novos que me concedeu e, de fato, sinto-me renovado espiritualmente. Sei que sua palavra não me advertiria sem razão, mas, ousaria pedir licença para visitar a esposa e os filhos à noite, quando me concentro nas preces habituais, sinto, em torno de mim, os seus pensamentos.

Esses pensamentos me penetram fundo, atraindo-me toda a atenção para a Terra.
Às vezes, consigo repousar um pouco, mas com muita dificuldade. Sei que a esposa e os filhos estão chamando, dolorosamente, por mim. Esta certeza me perturba de algum modo.
Não tenho sentido a mesma firmeza para o trabalho diário e desejaria remediar a situação.
Reconheço que minhas obrigações, presentemente, são outras e que devo estar conformado; no entanto, confesso que minha luta espiritual tem sido bem grande. Estou certo de que me perdoará a fraqueza. Que chefe de família não se sentiria atormentado, ouvindo angustiosos apelos do lar, sem meios de atender, como se faz indispensável?
E, revelando o enorme anseio da alma, enxugou os olhos e prosseguiu:
— Quisera rogar aos meus, calma e coragem, esclarecendo que meu coração inda é frágil e necessita do amparo deles; estimaria pedir-lhes esse auxílio para que eu possa atender as atuais obrigações, sem desfalecimentos. Quem sabe me concederá, agora, a permissão precisa? Temos bem perto de nossa casa um grupo de amigos espiritistas; talvez não me fosse difícil transmitir algumas palavras, breves que fossem, tentando tranqüilizar a esposa e os filhos!...

Alfredo, imperturbável, não respondeu negativamente. Parecia compreender toda a inquietação do servidor simpático e humilde. Observei-lhe no olhar, muito lúcido, o desejo sincero de atender, e, com extrema simpatia por sua conduta generosa, ouvi-o ponderar:
— Não será impossível satisfazê-lo, meu caro. Nossos emissários poderão conduzi-lo, nas viagens comuns; entretanto, creia que, como amigo, ficaria preocupado com você, pela manutenção de sua paz. Não posso abusar da autoridade e sei que cada um tem a experiência que lhe cabe, mas creio seja de seu vital interesse o fortalecimento do coração. É imprescindível conformarmo-nos com os desígnios do Eterno. Você e sua mulher não ficariam separados se não necessitassem de experiências novas. As dificuldades que ela vem amargando com a sua ausência, sofre-as também você com a separação dela. Tenho a impressão, Alonso, de que Deus nos deixa sozinhos, por vezes, a fim de refazermos o aprendizado, melhorando o coração. A soledade, porém, quando aproveitada pela alma, precede o sublime reencontro. Além disso, você não deve ignorar que os filhos pertencem a Deus, que cada um deles precisa definir responsabilidades e cogitar da própria realização. Por enquanto, vivem chorosos, desalentados. A revolta lhes visita a alma invigilante.
Estabeleceu-se a desordem doméstica, depois da sua vinda. Entretanto, que fazer senão pedir para eles e para nós a bênção do Eterno? Precisam eles da conformação com a realidade justa, e você, que já lhes deu o que era razoável, necessita, igualmente, evolver e aperfeiçoar-se na senda nova a que fomos chamados. Em que ficaria, meu caro, se permitisse a invasão total do sentimentalismo doentio em seus pensamentos? Tão dedicado é você à família do sangue, que, por agora, não o sinto com bastante preparo a tudo ver no antigo lar, sem sofrer desastrosamente.

HÁ TEMPOS, AUTORIZEI A VISITA DE DOIS COLEGAS NOSSOS À ESFERA DA CROSTA, A FIM DE REVEREM AS VIÚVAS E ABRAÇAREM DE NOVO OS FILHINHOS; MAS FORAM TÃO VIOLENTAMENTE SURPREENDIDOS PELA SITUAÇÃO, QUE NÃO PUDERAM VOLTAR AOS SEUS DEVERES AQUI, LÁ FICANDO AGARRADOS AO NINHO QUE HAVIAM ABANDONADO. NÃO VIGIARAM O CORAÇÃO, CONVENIENTEMENTE. OUVIRAM, EM DEMASIA, OS PRANTOS FAMILIARES TERRESTRES, ENVOLVERAM-SE NOS PESADOS FLUIDOS DO CLIMA DOMÉSTICO E, PASSADA A SEMANA DE LICENÇA, NÃO CONSEGUIRAM ERGUER-SE PARA O REGRESSO. ESTAVAM COMO PÁSSAROS APRISIONADOS PELA VISÃO DAS TENTAÇÕES. OS ENCARREGADOS DO NOTICIÁRIO PARTICULAR VOLTARAM AO POSTO SEM ELES, COM GRANDE SURPRESA PARA MIM. E, FRANCAMENTE, NÃO SEI QUANDO PODERÃO REASSUMIR AS FUNÇÕES QUE LHES CABEM, O PREJUÍZO DE AMBOS É MUITO GRANDE.
Depois de pequena pausa, Alfredo rematou:

— Os vôos de grande altura pedem asas fortes. Alonso, que ouvia de olhos arregalados, considerou resignado:
— Desisto do pedido. O senhor tem razão.
O administrador abraçou-o e murmurou:
— Deus ilumine o seu entendimento.

OS MENSAGEIROS - Francisco Cândido Xavier – André Luiz

Autor
André Luiz

Médium
Chico Xavier

Divergências (André Luiz)

Divergências (André Luiz)

 Lembre-se de que as outras pessoas são diferentes e, por isso mesmo, guardam maneiras próprias de agir. 

Esclarecer à base de entendimento fraterno, sim, polemizar, não. 

Antagonizar sistematicamente é um processo exato de angariar aversões. 

Você pode claramente discordar sem ofender, desde que fale apreciando os direitos do opositor. 

Afaste as palavras agressivas do seu vocabulário. 

Tanto quanto nos acontece, os outros querem ser eles mesmos na desincumbência dos compromissos que assumem. 

Existem inúmeros meios de auxiliar sem ferir. 

Geralmente, nunca se discute com estranhos e sim com as pessoas queridas; visto isso, valeria a pena atormentar aqueles com quem nos cabe viver em paz? 

Aprendamos a ceder em qualquer problema secundário, para sermos fiéis às realidades essenciais. 

Se alguém diz que a pedra é madeira, é justo se lhe acate o modo de crer, mas se alguém toma a pedra ou a madeira para ferir a outrem, é importante argumentar quanto à impropriedade do gesto insano. 

Do livro: Sinal verde

 

 

 

 

A influência dos espíritos em nossas vidas

É inata nos seres humanos a ideia da existência de seres inteligentes extracorpóreos na natureza. Apenas os ateus não a comungam, e bastaria observarmos que até mesmo os silvícolas, em todo o globo terrestre, creem na existência dos Espíritos e acreditam na participação deles na vida dos encarnados, sem que tenham recebido alguma doutrinação para isso.
A Bíblia atesta a influência e participação dos Espíritos na vida dos encarnados, com várias descrições de ações do Senhor Jesus interrompendo litígios de variados tipos entre desencarnados e encarnados.





Em meio ao século dezenove o eminente educador francês Hipólito Leon Denizard Rivail tomou contato com fenômenos extraordinários que se davam em salões da sociedade parisiense e tomando a decisão de estudá-los chegou, pelas vias da experiência e racionalidade, à conclusão que os fenômenos eram provocados pelos Espíritos, e com eles iniciaram-se os diálogos que resultaram no corpo da Doutrina Espírita.

Declara o educador, agora com o pseudônimo de Allan Kardec:
“Os seres que se comunicam designam-se, a si mesmos, como o dissemos, sob o nome de Espíritos ou de Gênios, tendo pertencido, pelo menos alguns, a homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal”.

Continua Kardec:

“O Espírito não é, portanto, um ser abstrato, indefinido, que somente o pensamento pode conceber; é um ser real, definido, que, em alguns casos, pode ser reconhecido, avaliado pelos sentidos da visão, da audição e do tato.”
Sendo as almas daqueles que aqui viveram, carregam consigo as características que desenvolveram, por isso naturalmente diferentes entre si, como são os encarnados, mas também como entre nós, vinculados à Lei do Progresso. Daí a necessidade da reencarnação.

Esclarece Kardec:
 “Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos melhoram ao passar pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esse progresso ocorre pela encarnação, que é imposta a alguns como expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova que devem suportar várias vezes, até que tenham atingido a perfeição absoluta.
É uma espécie de exame severo ou de depuração, de onde saem mais ou menos purificados.”
Os Bons Espíritos representam a Providência Divina junto aos encarnados, protegendo-os e instruindo-os, para que aproveitem o máximo das possibilidades de progresso moral, e os Maus Espíritos, que o são por opção pessoal, ao contrário, procuram induzir os encarnados ao erro, pelos mais diversos motivos, tanto quanto buscam arrastá-los e mantê-los na viciação, qualquer que seja ela.
Em O Livro dos Espíritos os Espíritos Superiores nos esclarecem dizendo que “os Espíritos veem tudo o que fazemos, porque nos rodeiam incessantemente, mas cada um vê apenas as coisas sobre as quais dirige sua atenção”, e que podem “conhecer nossos mais secretos pensamentos e, frequentemente, conhecem o que gostaríeis de esconder de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos lhes podem ser ocultados”, e por isso “os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações e sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem”.
Entretanto, “pode o homem se libertar da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal porque apenas se ligam àqueles que os solicitam por seus desejos ou os atraem pelos seus pensamentos”, e se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos fazendo o bem e colocando toda a confiança em Deus”. Com isso se “repele a influência dos Espíritos inferiores e anulais o domínio que querem ter sobre vós”.

Aconselham ainda não escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más paixões. Desconfiai, especialmente, daqueles que exaltam o vosso orgulho, porque vos conquistam pela fraqueza. Eis por que Jesus nos ensinou a dizer na oração dominical: Senhor, não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal”!
É nesse sentido que se deve entender a orientação “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” dada por Jesus, que o evangelista Mateus anotou no versículo quarenta e um do capítulo vinte e seis de seu Evangelho.
Há muito mais a ser estudado na Doutrina Espírita sobre esse tema, incluindo os casos de influência e perseguição motivadas por vingança por parte de Espíritos desencarnados, que não conseguindo perdoar perseguem o encarnado que o vitimou no passado, mas para este pequeno ensaio é o suficiente para entendermos que são nossos valores morais que dão sustentação aos nossos pensamentos, vontades e ações, que atraem os Espíritos para junto de nós, sejam eles bons ou maus.
Convidamos os caros leitores a esse estudo através da literatura espírita, como também das palestras públicas e reuniões de estudos que os Centros Espíritas realizam no dia a dia.
Reafirmamos, por último, que é pela superioridade moral, pela prece, prática do bem e eliminação dos vícios, que se consegue se defender dos Espíritos inferiores, educando-os, ou afastando-os, ensinam os Superiores, porque o resto é medida paliativa que tende a piorar a situação em maior ou menor tempo.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Adolescente Diante da Família

Incontestavelmente, o lar é o melhor educandário, o mais eficiente, porque as lições aí ministradas são vivas e impressionáveis, carregadas de emoção e força. A família, por isso mesmo, é o conjunto de seres que se unem pela consangüinidade para um empreendimento superior, no qual são investidos valores inestimáveis que se conjugam em prol dos resultados felizes que devem ser conseguidos ao largo dos anos, graças ao relacionamento entre pais e filhos, irmãos e parentes.



Nem sempre, porém, a família é constituída por Espíritos afins, afetivos, compreensivos e fraternos.
Na maioria das vezes a família é formada para auxiliar os equivocados a se recuperarem dos erros morais, a repararem danos que forem causados em outras tentativas nas quais malograram.
Assim, pois, há famílias-bênção e famílias-provação. As primeiras são aquelas que reúnem os Espíritos que se identificam nos ideais do lar, na compreensão dos deveres, na busca do crescimento moral, beneficiando-se pela harmonia freqüente e pela fraternidade habitual. As outras são caracterizadas pelos conflitos que se apresentam desde cedo, nas animosidades entre os seus membros, nas disputas alucinadas, nos conflitos contínuos, nas revoltas sem descanso.
Amantes que se corromperam, e se abandonaram, renascem na condição de pais e filhos, a fim de alterarem um comportamento afetivo e sublimarem as aspirações; inimigos que se atiraram em duelos políticos, religiosos, afetivos, esgrimindo armas e ferindo-se, matando-se, retornam quase sempre na mesma consangüinidade, a fim de superarem as antipatias remanescentes; traidores de ontem agora se refugiam ao lado das vítimas para conseguirem o seu perdão, vestindo a indumentária do parentesco próximo, porque ninguém foge dos seus atos. Onde vai o ser, defronta-se com a sua realidade que se pode apresentar alterada, porém, no âmago, é ele próprio.
A família, desse modo, é o laboratório moral para as experiências da evolução, que caldeia os sentimentos e trabalha as emoções, proporcionando oportunidade de equilíbrio, desde que o amor seja aceito como o grande equacionador dos desafios e das dificuldades.
Invariavelmente, por falta de estrutura espiritual e desconhecimento da Lei das reencarnações, as pessoas que se reencontram na família, quase sempre, dão vazão aos seus sentimentos e, ao invés de retificar os negativos, mais os fixam nos painéis do inconsciente, gerando novas aversões que complicam o quadro do relacionamento fraternal.
Às vezes, a afetividade como a animosidade são detectadas desde o período da gestação, predispondo os pais à aceitação ou à rejeição do ser em formação, que lhes ouve as expressões de carinho ou lhes sente as vibrações inamistosas, que se irão converter em conflitos psicológicos na infância e na adolescência, gerando distúrbios para toda a existência porvindoura.
Renasce-se, portanto, no lar, na família de que se tem necessidade, e nem sempre naquela que se gostaria ou que se merece, a fim de progredir e limar as imperfeições com o buril da fraternidade que a convivência propicia e dignifica.
Em razão disso, o adolescente experimenta na família esses choques emocionais ou se sente atraído pelas vibrações positivas, de acordo com os vínculos anteriores que mantém com o grupo no qual se encontra comprometido. Essa aceitação ou repulsão irá afetar de maneira muito significativa o seu comportamento atual, exigindo, quando negativa, terapia especializada e grande esforço do paciente, a fim de ajustar-se à sociedade, que lhe parecerá sempre um reflexo do que viveu no ninho doméstico,
A família equilibrada, isto é, estruturada com respeito e amor, é fundamental para uma sociedade justa e feliz. No entanto, a família começa quando os parceiros se resolvem unir sexualmente, amparados ou não pelo beneplácito das Leis que regem as Nações, respeitando-se mutuamente e compreendendo que, a partir do momento em que nascem os filhos, uma grande, profunda e significativa modificação se deverá dar na estrutura do relacionamento, que agora terá como meta a harmonia e a felicidade do grupo, longe do egoísmo e do interesse imediatista de cada qual.
Infelizmente, não é o que ocorre, e disso resulta uma sociedade juvenil desorganizada, revoltada, agressiva, desinteressada, cínica ou depressiva, deambulando pelos rumos torpes das drogas, da violência, do crime, do desvario sexual...
Os pais devem unir-se, mesmo quando em dificuldade no relacionamento pessoal, a fim de oferecerem segurança psicológica e física à progênie.
Essa tarefa desafiadora é de grande valia para o conjunto social, mas não tem sido exercida com a elevação que exige, em razão da imaturidade dos indivíduos que se buscam para os prazeres, nos quais há uma predominância marcante de egoísmo, com altas doses de insensatez, desamor e apatia de um pelo outro ser com quem se vive, quando as ocorrências não lhes parecem agradáveis ou interessantes.
Os divórcios e as separações, legais ou não, enxameiam, multiplicam-se em altas estatísticas de indiferença pela família, produzindo as tristes gerações dos órfãos de pais vivos e desinteressados, agravando a economia moral da sociedade, que lhes sofre o dano do desequilíbrio crescente.
O adolescente, em um lar desajustado, naturalmente experimenta as conseqüências nefastas dos fenômenos de agressividade e luta que ali têm lugar, escondendo as próprias emoções ou dando-lhes largas nos vícios, a fim de sobreviver, carregado de amargura e asfixiado pelo desamor.
Apesar dessa situação, cabe ao adolescente em formação de personalidade, compreender a conjuntura na qual se encontra localizado, aceitando o desafio e compadecendo-se dos genitores e demais familiares envolvidos na luta infeliz, como sendo seres enfermos, que estão longe da cura ou se negam a terapia da transformação moral.
É, sem dúvida, o mais pesado desafio que enfrenta o jovem, pagar esse elevado ônus, que é entender aqueles que deveriam fazê-lo, ajudar aqueles que, mais velhos e, portanto, mais experientes, tinham por tarefa compreendê-lo e orientá-lo.
O lar é o grande formador do caráter do educando. Muitas vezes, no entanto, lares infelizes, nos quais as pugnas por nonadas se fazem cruentas e constantes, não chegam a perturbar adolescentes equilibrados, porque são Espíritos saudáveis e ali se encontram para resgatar, mas também para educar os pais, servir de exemplo para os irmãos e demais familiares. Não seja, pois, de estranhar, os exemplos históricos de homens e mulheres notáveis que nasceram em lares modestos, em meios agressivos, em famílias degeneradas, e superaram os limites, as dificuldades impostas, conseguindo atingir as metas para as quais reencarnaram.
Quando o espírito da dignidade humana viger nos adultos, que se facultarão amadurecer os compromissos da progenitura, haverá uma mudança radical nas paisagens da família, iniciando-se a época da verdadeira fraternidade.
Quando o sexo for exercido com responsabilidade e não agressivamente, quando os indivíduos compreenderem que o prazer cobra um preço, e este, na união sexual, mesmo com os cuidados dos preservativos, é a fecundação, haverá uma mudança real no comportamento geral, abrindo espaço para a adolescência bem orientada na família em equilíbrio.
Seja, porém, qual for o lar no qual se encontre o adolescente, terá ele campo para a compreensão da fragilidade dos pais e dos irmãos, para avaliação dos seus méritos. Se não for compreendido ou amado, esforce-se para amar e compreender, tendo em vista que é devedor dos genitores, que poderiam haver interrompido a gravidez, e, no entanto, não o fizeram.
Assim, o adolescente tem, para com a família, uma dívida de carinho, mesmo quando essa não se dê conta do imenso débito que tem para com o jovem em formação. Nesse tentame, o de compreender e desculpar, orando, o adolescente contará com o auxílio divino que nunca falta e a proteção dos seus Guias Espirituais, que são responsáveis pela sua nova experiência reencarnatória.

Divaldo Pereira. Adolescência e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL

Adolescentes que “casam” e ou engravidam precocemente (Jorge Hessen)

Adolescentes que “casam” e ou engravidam precocemente (Jorge Hessen)

Estreando mais cedo na prática sexual e estando mais suscetíveis às influências dos adultos, as adolescentes são vítimas das induções psicológicas da sociedade. Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os últimos disponíveis, indicam que 877 mil mulheres que têm hoje entre 20 e 24 anos se “casaram” quando tinham até 15.
Segundo estudo realizado pelo Instituto Promundo entre 2013 e 2015, Maranhão e Pará são os Estados com maior prevalência de “uniões” precoces. O levantamento mostra que as meninas se “casam” e têm o primeiro filho, em média, aos 15 anos. A pesquisa atribui o “casamento” infantil a três principais causas.





A primeira é vulnerabilidade das comunidades, caracterizada por baixos níveis de escolaridade e infraestrutura, e fraca presença do Estado. Em segundo lugar, as adolescentes querem sair da casa dos pais porque desejam começar a namorar e, por isso, veem no “casamento” uma forma de fuga das proibições dos pais. A terceira causa é a fragilidade das estruturas familiares, que leva as meninas a buscar estabilidade e segurança fora de casa.
A ânsia por liberdade, a desestrutura familiar e a vulnerabilidade das comunidades atingem também os grandes centros urbanos, especialmente a periferia das cidades. É o retrato de um Brasil sacudido por uma violenta crise ética, alimentada pela petulância e cinismo presentes nalguns juízes do ineficaz STF (nossa suprema corte de justiça)e da desonestidade de políticos que deveriam dar exemplo de integridade moral e honradez.
A responsabilidade também pode ser compartilhada com o povo, com os governantes, com os formadores de opinião e pais de família, que, num exercício de anticidadania, aceitam que uma nação além de corrupta ainda seja definida no exterior como o poleiro do sexo fácil, barato, descartável. É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um paraíso cultural de promiscuidade, corrupção , um oásis excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes conterrâneos.
A juventude está atônita, sem alicerces morais intensos, ofuscada, com influências extremamente sensualistas. Nas crônicas históricas, jamais um jovem teve contato tão aberto com mensagens erotizantes, como nos dias atuais, graças à Internet. Esse trágico quadro moral nos remete à filosofia do prazer que impulsiona a recondução do adolescente à era das cavernas, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das orgias e, aí, entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio, pela busca do deleite alucinado pelo prazer imediato do sexo.
No Sudeste brasileiro há casos em que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos típicos bailes (funk e análogos) engravidam. No Nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que relaxam em demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.
Uma adolescente que “casa” e ou engravida precocemente é, sem dúvida, uma pessoa cujos direitos foram violados e cujo futuro fica comprometido. O “casamento” e ou gravidez precoce ecoa a indigência e a repressão de cúmplices (família e comunidade). Não obstante esse caótico cenário há muitas adolescentes que têm atividade religiosa oferecendo um conjunto de valores morais que as encoraja a desenvolver comportamento sexual equilibrado.
De ordinário, uma adolescente evangelizada, fiel ao recado de Jesus (independente do rótulo religioso que abrace), é, quase sempre, bastante rígida no que diz respeito à constituição familiar e abstenção da prática sexual pré-marital.
Lembremos que pais equilibrados produzem lares equilibrados; lares equilibrados resultam em filhos equilibrados, mesmo que resvalem em algumas compreensíveis e pequenas falhas humanas.

OBSESSÃO DE ENCARNADO PARA DESENCARNADO

Este tipo de obsessão muitas das vezes está ligada às expressões de amor egoísta e possessivo daqueles que ainda estão encarnados e que se ficam mentalmente naqueles que desencarnaram. E esses pensamentos de dor, revolta, desequilíbrio acabam não permitindo que o desencarnado alcance o equilíbrio para enfrentar a nova situação.
Por exemplo, a perda de um ente querido (um filho) pode desencadear a inconformação e o desespero e isso pode se transformar em obsessão que pode atormentá-lo.





Outro exemplo é a questão da briga de herdeiros pela herança. Muitos inconformados com as determinações do desencarnado se fixam mentalmente neles e passam os pensamentos de ódio e rancor.
E ainda, a inconformação pelo retorno ao plano espiritual, a saudade ou a tristeza são fatores capazes de manter prisioneiro o desencarnado.

*Site Boa Nova

COMO O ESPIRITISMO ENCARA OS TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS?

O assunto não foi, evidentemente, tratado por Kardec, mas o Dr. Jorge Andréa, no seu livro Psicologia Espírita, págs. 42 e 43, examinando o tema, assevera que não há nenhuma dúvida de que, nas condições atuais da vida em que nos encontramos, os transplantes devem ser utilizados.
“A conquista da ciência é força cósmica positiva que não deve ser relegada a posição secundária por pieguismos religiosos. Por isso, chegará o dia em que poderemos avaliar até que ponto as influências espirituais se encontram nesses mecanismos, a fim de que as intervenções sejam coroadas de êxito e pleno entendimento”.



Perguntaram a Chico Xavier se os Espíritos consideram os transplantes de órgãos prática contrária às leis naturais.

Chico respondeu: “Não. Eles dizem que assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, aos nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com segurança e proveito”.
Todos podemos doar nossos órgãos ou há casos em que isso não se recomenda?
É claro que todos podemos.
A extração de um órgão não produz reflexos traumatizantes no perispírito do doador.
O que lesa o perispírito, que é nosso corpo espiritual, são as atitudes incorretas perpetradas pelo indivíduo, e não o que é feito a ele ou ao seu corpo por outras pessoas.
Além disso, o doador desencarnado é, muitas vezes, beneficiado pelas preces e pelas vibrações de gratidão e carinho por parte do receptor e de sua família.
A integridade, pois, do perispírito está intimamente relacionada com a vida que levamos e não com o tipo de morte que sofremos ou com a destinação de nossos despojos.
Há casos, no entanto, que a doação ou a extração de órgãos não se recomenda.
No dia 6 de fevereiro de 1996, atendemos um Espírito em sofrimento, que recebera o coração de um jovem morto num acidente, o qual, sem haver compreendido que desencarnara, o atormentava no plano espiritual, reclamando o coração de volta.
Curiosamente, o Espírito que recebera o órgão sabia estar desencarnado e lembrava até haver doado as córneas a outra pessoa.

Indagaram a Chico Xavier: “Chico, você acha que o espírita deve doar as suas córneas? Não haveria nesse caso repercussões para o lado do perispírito, uma vez que elas devem ser retiradas momentos após a desencarnação do indivíduo?”.
Respondeu o bondoso médium mineiro (“Folha Espírita”, nov/82, apud “Chico, de Francisco”, pág. 84):
“Sempre que a pessoa cultive desinteresse absoluto em tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção de posse não mais a preocupa, esta criatura está em condições de dar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma.
No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por isso ou por aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder utilidades que julga pertencer-lhe, esta criatura traz a mente vinculada ao apego a determinadas vantagens da existência e com certeza, após a morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas, gerando perturbação em seu próprio campo íntimo. Se a pessoa tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos, das propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se perturbará”.
Anos depois dessa resposta, registrou-se o caso Wladimir, o jovem suicida que foi aliviado em seus sofrimentos post-mortem graças às preces decorrentes da doação de córneas por ele feita, mostrando que, mesmo em mortes traumáticas como essa, a caridade da doação, quando praticada pelo próprio desencarnante, é largamente compensada pelas leis de Deus.

(O caso Wladimir é narrado no livro “Quem tem medo da morte?”, de Richard Simonetti.)
Do site “O Consolador” - Estudos Espíritas

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Oração do Dia - O VALOR DO SORRISO

Senhor, não permita jamais que eu me esqueça de sorrir com o coração - e sorrir muito, todos os dias!
Quando raiar o sol e meus olhos se abrirem para a vida, que o sorríso seja a meu primeiro louvor, agradecendo o novo dia que amanhece!...
Em meu lar, que seja ele o precursor da palavra serena e do diálogo amistoso, para que meus familiares, assim como eu, possam iniciar o seu dia entre as melhores vibrações de paz e bom ânimo!
Sem a claridade do riso, tudo é mais triste, sombrio!...
Sem a bênção da alegria, os semblantes são frios e as palavras rudes, qual que imensa desolação envolvesse a todos, negando-lhes desenvoltura e euforia - acompanhantes obrigatórios das determinações felizes!...
Sorrir alivia o coração e desafoga a alma, recolocando harmonia e pacificação no lugar da irritação e do mau humor. Trazer a luz do sorriso no rosto é iluminar estradas e transeuntes, fazendo de seu portador um pequenino imã a atrair simpatia e cooperação...
Aquele que sorri sinaliza o Bem, aonde quer que esteja.
Abençoa-me hoje, Senhor, e faz de mim um foco de alegria a espargir o melhor aos meus companheiros de estrada, para que amanhã, quando eu estiver triste e desanimado, o sorriso que eu despertei nos outros possa ser o remédio salutar que me trará de volta a vontade viver e lutar, porque o sorriso é assim como um raio de luz: embora pequeno transpassa todas as sombras, e onde toca sempre produz calor, alegria e refazimento...

Assim seja!

André Luiz, IDEAL André, 12.03.2003*
André Luiz

Não Julgueis...

“Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”.

Jesus

Mateus, 7:1 a 5





Esclarecimentos iniciais:

Julgar (do Latim Judicare) significa:
verbo transitivo: decidir como juiz ou árbitro; sentenciar; entender; avaliar; formar juízo; lavrar ou pronunciar sentenças; apreciar;
verbo intransitivo: formar opinião, conceito a respeito de pessoa ou coisa; ajuizar.
Existe aí uma pequena confusão. A palavra crítico (do Latim. criticu , do Grego. Kritikós) tem como significado “capaz de julgar”, mas no sentido de avaliar.
Daí decorre que geralmente pensamos na palavra “criticar” num sentido negativo - destacar falhas nos outros. Mas a palavra “criticar” significa simplesmente “avaliar”.
Entendendo as palavras do Mestre
Neste passo, as palavras de Jesus não significam estar contra o julgamento civil.
O próprio Mestre, apesar da grandiosidade de seu espírito, a despeito de ser o maior que veio a Terra (questão 625 de “O Livro dos Espíritos”), que estava em condições de exercer qualquer espécie de julgamento, não concordou em desempenhar o papel de juiz:
"Disse-Lhe então alguém do meio do povo: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a
herança”. Jesus respondeu-lhe: “Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?”
Lucas, 12:13 e 14

Pedro, discípulo ocular de Jesus, em sua Primeira Epístola, no capítulo II, versículos 13 e 14, relembra o ensino do Mestre:
“Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como soberano, quer aos
governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas”.

Como a Bíblia não se contradiz, Paulo, Apóstolo dos Gentios, reafirma:
“Admoesta-os a que sejam submissos aos magistrados e às autoridades,
sejam obedientes, estejam prontos para qualquer obra boa”.
Epístola a Tito, 3:1
e
“Cada qual seja submisso às autoridades constituídas. Porque não há autoridade
que não venha de Deus, e as que existem foram instituídas por Deus”.
Epístola aos Romanos, 13:1
Então qual o propósito de Jesus ao “ordenar”: precisamos parar de julgar?
Em Mateus, 5:17, Ele deixa claro que não queria modificar a lei ou os profetas, mas dar-lhes novo entendimento. Dessa forma Ele falava aos judeus:

1) Os judeus já estavam seguindo Jesus por onde quer que Ele fosse, na tentativa de achar alguma falha para acusá-Lo (Lucas, 6:1 a 7);

2) Os escribas e fariseus eram culpados do tipo de julgamento que Jesus estava denunciando (Lucas, 18:9 a 14);

3) Em Mateus, 5:20, Ele disse: “(…) Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”

Quando Jesus nos disse: não julgueis para não serdes julgados, Ele quis nos dizer para não condenarmos a criatura, e não a sua atitude. Ele quis nos dizer para não denegrir a criatura, não condenar a criatura e sim o mal que ela possa ter feito.
Então, reprimir o mal é nosso dever. Censurar o mal, também, mas não as criaturas. É através do exemplo que devemos educar. As palavras, até convencem, mas os exemplos arrastam.
De um modo geral, somos benevolentes para com os nossos erros e muito severos para com os erros dos outros.
A nossa tendência é nos acharmos as criaturas mais perfeitas da face da Terra. Sempre estamos certos e os outros sempre errados.
As palavras de Jesus ensinam que existe um determinado tipo de julgamento que devemos evitar:
Tendencioso: Uma deficiência comum é permitir que nossa formação, nossos preconceitos e preferências influenciem nosso julgamento. É difícil evitar isto. Dizem que os gregos antigos às vezes realizavam julgamentos no escuro para serem influenciados somente pelos fatos.
Precipitado: Acontece com freqüência de julgarmos os outros precipitadamente, sem ter todos os fatos ou conhecer todas as circunstâncias. Muitas vezes, não temos as informações completas sobre o que realmente aconteceu. Pode ser que não entendamos o histórico ou a motivação do indivíduo acusado. Talvez não saibamos se aquele ato foi a regra ou uma exceção na vida dele. Antes de instruir a multidão a “julgar com reta justiça”, Jesus disse: “Não julgueis segundo a aparência” (João, 7:24).
Severo: Como resultado das perspectivas negativas acima citadas, ao se formular um julgamento, não raro somos severos e hipercríticos em nosso parecer, quando deveríamos temperar nossa análise com misericórdia e amor. Pedro disse: “Antes de tudo, mantenham entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão de pecados” (1 Pedro, 4:8).
Dar-se bem com os outros é em grande parte uma questão de espírito. Por um lado, há um espírito amoroso e compassivo que acredita no melhor e tenta elevar e ajudar o outro. Por outro lado, há um espírito severo, insensível e julgador que se deleita em ver alguém “receber o que merece”. Este conflito está representado na espada a nós prometida pelo Mestre dos Mestres em Mateus 10:34.
Insensível: Jesus também estava condenando a atitude de pensar o pior sobre o que as pessoas fazem, em vez de pensar no melhor. Em 1 Coríntios 13:4 a 7, Paulo diz, em outras palavras, que o amor está “sempre ávido para crer no melhor”.
É verdade que podemos conhecer uma pessoa pelo que ela faz, mas geralmente seus atos estão sujeitos a pelo menos duas interpretações diferentes: uma boa e outra má. Nesse caso, qual interpretação geralmente consideramos para o que essa pessoa fez?
E Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Lucas, cap. 23:34
Com estas palavras Jesus nos ensina em primeiro lugar, que ao Pai compete o nosso julgamento;.em segundo, Ele se apresenta como defensor daqueles que O ofendem.
Isto implica dizer que, no âmbito da lei de causa e efeito, seremos bitolados pelo mesmo gabarito que usarmos contra o nosso irmão no desenrolar das nossas vidas terrenas.
Que Paz do Senhor seja com todos.

Fraternal abraço.

Marcos José Ferreira da Cruz Machado